quinta-feira, 22 de outubro de 2009

NUDEZ

..
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Procurei-te
No mais fundo de mim
Desenhei-te
Nos contornos do viajar intranquilo
Adivinhei-te
No vulto que dobrava a esquina
Ah, quanta cegueira
Quanta insistência na receita errada
Por uma quimera mil vezes desejada
Ah, quanta solidão
Quanto rebuscar no vazio
Em constantes vagas de frio...
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Então chegaste
Vinda do nada
E desmontaste
Com risos despreocupados
A construção do labirinto
Mil vezes tecido
Em adornos florais
Só então
No desespero da nudez
Vislumbrei
A génese da promessa
E percebi
Como tudo começou.
.
.

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11 comentários:

  1. O poema é tão rico e tão bonito que já o decorei.Acho que vou deixar de escrever...
    Que procura tão intensamente desenhada, numa linguagem polissémica, cheiae ambivalência semãntica.
    Grande poeta, Agostinho!

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  2. O anónimo é a Ibel.Já não consego submeter, de novo, osomentários com o meu nome.
    Ibel

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  3. Que bela escrita, Agostinho!
    Irresistível de ler , ler e reler...
    Pura poesia vestida de tão profunda simbologia!Quem quer que a desmonte, mergulhará, certamente, no mais fundo de si mesmo.
    Não pares de escrever!
    Está sensacional!

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  4. Nem sei que diga a palavras tão encorajadoras. Tenho a noção que os comentários dos leitores, bons ou maus, são o alimento de quem escreve, por isso todos eles são bem-vindos. Claro que, articulados desta forma, tocam no mais fundo de mim, e o meu ego agradece.
    Obrigado, Ibel! Obrigado, JB!

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  5. Agostinho,

    É tão bonito o seu poema, que me inspirou a mão
    para mais uma digressão até à musa da minha poesia.


    Então chegaste
    Vinda do tudo
    E montaste cautelosa
    Com sorrisos cor de rosa
    O sino da catedral
    Com pétalas de cristal
    Só então
    Na alegria da limpidez
    Vislumbrei nessa música
    A génese da promessa
    Do teu regresso inteiro.

    IBEL

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  6. A que fonte vão vocês beber, para saciarem o prazer de quem lê poesia tão refrescante?

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  7. JB,
    Bebo na fonte dos afectos e dos grandes poetas que viveram pela alma, porque"QUEM TEM ALMA NÃO TEM CALMA",como dizia Pessoa.
    Muito obrigada.

    IBEL

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  8. IBEL,
    Não era para agradecer... Mas tenho a certeza que dessa fonte só bebem os que conseguem, através das palavras, oferecer aos outros momentos mágicos de reflexão e beleza interior. Eu é que agradeço e continuem a partilhar essa alma de grandes poetas.

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  9. Nudez??
    Está vestido e muito fino;num fato de lucidez, numa camisa de calma e numa capa que alberga tanto de belo que nem tapa, transparece tanta poesia boa....
    Parabéns!

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  10. Tenho acompanhado o teu blogue em silêncio, mas não me contenho mais. Continua, amigo, está espectacular!

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