terça-feira, 10 de novembro de 2009

MUSA

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Estavas tão concentrada
No papel de Margot
Que não vias
No canto da sala
Os olhos suspensos
No teu respirar
Eram mais uns
Na plateia domada
Enquanto dançavas
Como ninguém
E as pétalas das rosas
Rendidas
Vertiam perfume
No teu rodopiar
A carruagem partiu
Na meia-noite temida
Deixando no ar
Da sala hipnotizada
O aroma envolvente
A promessa de vida
Da Cinderela alada
Desci a avenida
Nureyev a dançar
Enquanto desenhava
Com a pétala que restava
A musa encantada
Saída do sonho
Do teu esvoaçar.
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5 comentários:

  1. Quem não se lembra da Margot Fonteyn e do Rudolf Nureyev? Vi-os em Coimbra no bailado"o Lago dos Cisnes" e fiquei rendida à graciosidade e genialidade deste par.Parecia que voavam...
    O seu poema traduz fielmente o que observei e o que senti.Eu não saberia dizer tão bem. O Agostinho superou-se.Até me estremeci ao ler e reler.FABULOSO!!!!
    Ibel

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  2. Eu faço uma leitura diferente da tua poesia. Vejo um homem numa sala, tímido, a admirar uma mulher que o fascina. No final, enquanto desce a avenida, extravasa o seu contentamento...
    Adorei!

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  3. Jorge,

    Eu faço a mesma leitura.O poema é a expressão do êxtase do espectador (poeta?), face ao fascínio suscitado pelo par de bailarinos, sobretudo do da bailarina que, concentrada na sua poesia de borboleta, nem dá conta do encantamento que desperta.É realmente um poema admirável

    LIA

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  4. A dança melodiosa do teu poema encanta realmente quem o lê, ao ponto de quase se sentir a intensidade desse olhar,desses movimentos.
    A entrega (de ambos os protagonistas) é de tal ordem, que torna difícil resistir, por um lado, à partida indefinida e perfumada, e por outro,ao prazer de assistir a espectáculos desta natureza poética.
    Bravo, Agostinho!

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  5. Palavras para quê? Simplesmente LINDO.
    A leitura, terá com certeza, na minha modesta opinião, a ver com a sensibilidade de cada um e do estado de espírito no momento em que a faça :)
    ..................
    não se esqueça, POR FAVOR, de ír fazendo a compilação de tudo e, um dia destes fazer a surpresa da publicação do livro...

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