sábado, 20 de março de 2010

AFECTOS

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Um aviso prévio: este texto não é razão, é coração. É que esta semana as emoções andaram à flor da pele. Por várias razões. De entre elas, partilho convosco as manifestações de afecto e carinho com que fui brindado, principalmente por uns pequenos seres de quem sou responsável vai para quatro anos. Tive direito a missivas tocantes, música (Diogo, trata bem esse violino!), chocolates, perfume, bolo, e até o "Jerusalém", do Mia Couto, me veio parar às mãos. Como se não fosse pouco (e foi tanto!) também chegou até mim uma árvore, acompanhada das seguintes palavras:
"A um poeta, homem, "pai", professor!

Dar é reconhecer que se gosta. ...depois de algum pensar, decidimos dar-lhe uma flor. Só que há um senão, as flores murcham. Se ao menos elas fossem eternas! Então damos-lhe flores eternas, canto de tanto poeta, amendoeiras em flor!
Quando estiver no seu terreno a olhar para o horizonte, pelo menos uma vez no ano há-de lembrar-se..."

Que dizer perante isto? Creio que, nestas alturas, nada mais há a dizer que obrigado. Apenas. Porque o resto são sentimentos que teimam em ficar à flor da pele. E eu engasgo-me. Mas sinto. Muito! E reconheço-me na função de ser professor.
Acabei há pouco de plantar a amendoeira, e baptizei-a de Árvore dos Afectos. Com a esperança de que seja minha cúmplice para o resto da vida.
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12 comentários:

  1. São estas pequenas coisas a verdadeira recompensa de um professor. Quando essa amendoeira der frutos, ficarei muito honrado se me calhar alguma amêndoa.
    Um abraço

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  2. Também eu fui aluna. Ainda o sou, de certa maneira. Muito para lá dos ensinamentos dos manuais, estão pessoas que nos marcam o ser. São laços que ficam para a vida, ainda que os rostos se percam e fiquem só as memórias de sol.
    Ser aluno é um privilégio.
    Quando aos afectos... não são eles feitos de pormenores?

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  3. Os tempos, como todos sabemos, vão conturbados em todo o lado, e a tendência das pessoas é apontar para o lado negro das coisas. Mas há pequenos gestos que nos tocam, e este relato é um pequeno sinal - como tantos outros por aí - de que se continua a acreditar. Estive para não publicar isto, pois é uma questão pessoal, mas sou muito sensível aos pequenos gestos, que são a base dum sentir colectivo, e a partilha só nos enriquece. Como diz E.A., os afectos são feitos de pormenores. Nada mais certo. E espero partilhar as amêndoas com muita gente.

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  4. Perdoe-se-me a imodéstia mas já aqui comentei, muitas vezes, que a Fé, a Esperança; o Acreditar na Humanidade, são valores inestimáveis que nós, os mais velhos, temos de, preseverantemente, continuar a deixar para as gerações que nos seguem, pela palavra e, fundamentalmente pelo exemplo.
    Aqui tens Agostinho a prova daquilo que tenho vindo a afirmar. Não é que eu queira ter razão, isso pouco importa. Apenas me sinto recompensado por acreditar num futuro melhor. As nossas crianças e nossos jovens não são nem melhores nem piores do que as crianças e os jovens de gerações anteriores, são feitos da mesma massa. Porventura alguns do crápulas, dos invejosos e dos medíocres que pululam por aí, não tiveram nem um pai e/ou um professor como tu, Agostinho.
    Tenho a certeza de que os afectos que te demonstram os teus alunos são retribuições daqueles que lhes dás em abundância e diariamente.
    Por tudo isto, cada vez acredito mais que quem muda as Sociedades não são os Políticos ou o Super-Heróis mediáticos, mas sim somos cada um de nós. De forma diferente, é certo. Mas o Sebastianismo já nos demonstrou, durante muitos séculos,que não Homens Providenciais. Há seres humanos com craveira e com valor ou há uma espécie de rebanho acrítico que vai para onde o tocam.
    Obrigado por te emocionares com este pequeno(grande) gesto. Obrigado por me teres lavado a minha alma com a tua descrição.
    Abraço
    Caldeira

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  5. Caldeira,
    As tuas palavras são sempre pertinentes.
    Também penso como tu, não acredito em salvadores providenciais. Se cada um de nós fizer o que lhe compete, as coisas acontecem...

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  6. Em cada ano, sentirás no seu perfume, na sua cor e na sua existência, a verdadeira essência do SER (como pessoa, como professor...).
    Sempre que essa amendoeira se vestir...
    ... em cada flor brotará uma saudade, um afecto, uma palavra...
    ... em cada fruto um sabor, um sorriso, uma esperança...
    ... em cada semente uma carícia, cuja intensidade sentirás na alma, tua "cúmplice para o resto da vida".
    A lenda ganhou uma nova dimensão no coração de quem semeia, de quem cuida, de quem colhe, de quem dá e recebe.
    É na flor, é nas emoções à flor da pele que os afectos são a essência de um sentido e eterno agradecimento.

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  7. JB,
    Sem palavras. Obrigado por, recorrendo à tua sensibilidade, expressares tão bem um certo sentir. Na "mouche".

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  8. Por tudo ---- muito obrigada ----.

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  9. Ana Paula,
    Não tem que agradecer porque, se eu dou alguma coisa, também recebo. E é muito, pode crer!

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  10. Nunca será o suficiente, perante o que tem feito pelo bando que adoptou há quatro anos e que agora, MEU DEUS, vai procurar novas paragens. Espero que esteja sempre receptivo a ser "chateado" se de algo eles necessitarem. Eu sei que sim! :)Que essa arvore cresça, forte e sadia e que dê a qualidade de frutos que o MESTRE cuidou e adubou...

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  11. Agostinho,eu sabia que você era grande e especial e ainda bem que há quem tenha olhos para ver essa grandeza.A ternura é assim.Como as amendoeiras.E que belas são de botão em flor!

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  12. so hoje passado tanto tempo vi a nossa amendoeira, ja agarradinha á terra que a verá crescer, tornar-se linda pronta a ser perfume de lembrança ano após ano.
    Gostei de a ver, saber que vale sempre a pena reconhecer a sua incansável dedicação....e que as gémeas ficaram junto com a turma nas flores perfumadas dessa amendoeira...
    Bem -haja por estes 4 anos...
    sempre muito grata.!

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