quarta-feira, 26 de maio de 2010

PASSAGEM

.Imagem tirada daqui.
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Às vezes via no teu olhar
A chegada iminente das nuvens.
Era quando tergiversavas
Em caldo-maria laboratorial
O trejeito sibilino
E tentavas numa só árvore
(A mais brilhante da floresta, dizias)
A fórmula milagreira
Do sorrir do teu destino.
Em vão te mostrava o canto
Para lá do diáfano manto
Do ouro do Tosão
Tentado em luta intensa
Esboço de recompensa
Quase nunca almejada
E sempre em construção.
Perdeste-te no aceno
Tecido de subterfúgio
No alucinado labirinto
E não viste que a noite
Precursora da grande viagem
Desceu ao teu encontro
Para cobrar o bilhete
Da tua efémera passagem.
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26 comentários:

  1. Triste! Uma luta que se perde com "a chegada das nuvens".



    L.B.

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  2. Ufa, voltaste com estes escritos que me fazem andar com a cabeça à roda.
    Creio que percebo, mas mergulhas muito fundo.
    Apesar da minha dificuldade em interpretar, gosto muito da forma como escreves a tua poesia.
    Abraço

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  3. Lídia,
    É apenas o sinal de um percurso, aparentemente desperdiçado, vítima dos labirintos da vida.
    O caminho nem sempre é fácil...

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  4. Jorge,
    Não te faças de mouco, que eu sei que a sensibilidade te calhou em sorte.
    Um abraço.

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  5. Em@,
    Às vezes certas realidades menos agradáveis também nos ajudam a crescer.
    Abraço.

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  6. PASSEI pelo teu poema, olhei a noite (já passa da 1h 30 da manhã, né? :), desci ao encontro das tuas palavras e no meu olhar vi que...

    Nem sempre o olhar deixa que se veja!
    Envolto num cinza véu de ouro, o olhar vê-se…
    … assombrado pelas teias que o serpenteiam;
    … atraiçoado pelos devaneios por onde gosta de passear;
    … embelezado pelos sonhos onde gosta de se deitar;
    … alimentado pelas ilusões que o fazem cegar;
    … incendiado pela sede que lhe acena (apenas) para o afogar;
    … ensurdecido pelo canto que o embala mas que o desafia a dançar…
    Nem sempre o olhar deixa que se veja!

    Mas ainda bem que, na maioria das vezes, esse olhar é efémero e, depois do véu se rasgar, que frescura é poder ver “A chegada iminente” do sol a brilhar!
    A recompensa dos que não conseguem ver mas sabem olhar está no sentir, no tocar, e, a esses, a noite nada tem para cobrar.

    É delicioso poder ver que a cada PASSAGEM pelo teu poema se vai descobrindo um pouquinho mais do "labirinto" da tua escrita. Lindíssimo!!!

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  7. Um poema muito belo, que eu li e reli na tentativa de lhe captar o sentido. Pesou-me de desalento.

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  8. Maravilhoso poema. Mensagem profunda. Dá que pensar. Ajuda-nos o poema da JB. O efémero é da condição humana. A factura terá de ser liquidada sob pena de se tornar insuportável.
    Mas a construção é possível. É preciso acreditar para não sossobrar.
    Abraço
    Caldeira

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  9. Achei o poema muito difícil, sobretudo a primeira parte. Depois reli e reli, tentando encontrar um sentido para alguns dos versos mais metafóricos.É um texto muito polissémico, mas cuja meada se vai deslindando ao sabor da subjectividade do leitor.
    Considero que a vida é feita de percursos difíceis porque às vezes nos esquecemos de ver que na árvore mais simples reside a felicidade.
    Esse deveria ser o nosso olhar porque a vida é célere e nós somos seres estruturalmente frágeis.

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  10. Gostei do poema, apesar de me ter obrigado a 2ª leitura! é fim do dia...tenho desculpa
    Bjs

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  11. JB,
    As palavras são passíveis de caminhos múltiplos. Gostei da dança que fizeste com elas, da construção passo a passo, do remate em dó maior...

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  12. E.A.,
    O desalento é apenas um estado de alma, que se pretende transitório. Ah, quantas vezes a forma de ler se vai alterando, ganhando, a pouco e pouco, asas insuspeitas...!

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  13. Zé Caldeira,
    Às vezes é necessário que a mensagem paire em sensíveis acordes,sujeita ao soprar ímpar de cada leitor. E como eu gosto de interpretações diversas!

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  14. Ibel,
    Digo-lhe o mesmo que disse ao Zé Caldeira. Gosto da subjectividade na poesia, que ela deixe pistas suficientemente sugestivas para que o leitor faça a sua própria construção.
    Já agora, para quando um poema seu?

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  15. Lilá(s)
    Todas as desculpas do mundo.
    É sempre um prazer vê-la por aqui.

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  16. UM POEMA NÃO É FEITO PARA SER DECIFRADO COMO A MATEMÁTICA...UM POEMA FICA NAS ENTRELINHAS...E NA SUBJECTIVIDADE...A VERDADEIRA BELEZA É SER ÁGUA,VIDA,MORTE,NOITE,VINHO,SERRA,SEDE...É SER TUDO...É SER NADA...

    DO QUE LI...E ASSIM VI...ADOREI

    ABRAÇO

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  17. Obrigada pela visita e pelas palavras deixadas no meu "Ortografia". Passarei aqui mais vezes.
    Um abraço.

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  18. A passagem pela tua poesia nunca é efémera ! Voltarei, sem dúvida!
    Beijo.

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  19. Pedrasnuas,
    Excelente comentário.

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  20. Graça Pires,
    Foi um prazer passar pelo "Ortografia". Sinto-me sempre bem onde se escreve bem.

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  21. Ana,
    Obrigado pelo incentivo.
    Beijo.

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  22. A vida é uma curta travessia...
    Distraídos ou não cumprimos todos o percurso que fomos construindo!

    Abraço

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  23. Rosa dos Ventos,
    A construção tem muito que se lhe diga. Ou não fôssemos nós todos diferentes uns dos outros.
    Abraço.

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  24. Descrição tão perfeita ( e porque não com a sua " beleza " ), que até doi .

    Um beijo ,
    Maria

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  25. Maria,
    O olhar não se pode alhear do que o rodeia, por mais que doa.

    Beijo.

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