sexta-feira, 3 de setembro de 2010

GRANDE IRMÃO

.Imagem tirada da Net
.

..

Olha para o mundo
Em filtro de números
Mapas
Grelhas
Planos
Instrumentos infalíveis
Na projecção de resultados
Fabricados
Em função dos objectivos
Delineados
Em gabinetes inspirados
Não gosta da cor
Mas é sonhador
Dum pesadelo geral
Imagina o mundo
Em plano de fundo
Uma enorme aldeia
Simulacro de colmeia
De robôs operários
Sem qualquer paragem
Na cadeia de montagem
Se saísse à rua
Como simples mortal
Talvez a verdade
Nua e crua
Tomasse de assalto
O que restasse
Do seu coração
E fizesse tremer
(Ainda que de leve)
O alicerce
Da sua convicção
Mas está protegido
Na torre envidraçada
Encoberto
Em cortina fumada
E a sua alma
Há muito sem perdão
Ficou abandonada
Perdida e rejeitada
No cesto de papéis
Dum qualquer saguão.
.
.
O poema já foi reformulado desde que foi publicado. E pode não ficar por aqui.
.
.

60 comentários:

  1. formigas operarias, um belo retrato da multidao a trabalhar e um que se esquiva/que se deprime- refletindo nos outros sua fraqueza - eu sempre viajo nas tuas poesias rsrs

    beijo

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  2. Belo post para época de eleição no Brasil!

    Que tudo não acabe numa cesta de velhos papéis.

    Beijos!

    Suzana/LILY

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Esta protegido na torre envidraçada, encoberto
    em cortina fumada. E olha para o mundo e sendo sonhador vê um plano de fundo de comeia de abelhas operárias... Como é bonita a imaginação de um sonhador!

    BeijooO*

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  5. Conheço-as
    as abelhas
    não mudam assim
    já as vespas
    não sei

    Abraço

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  6. Não sei você, mas eu fiquei com uma raiva danada de um senhor chamado deus.

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  7. E é magnífico! Assim mesmo é o 'grande irmão': um 'voiyeur', sem alma, das pequenas-grandes tragédias alheias, inerte e indiferente.
    Se não ficar por aqui, votos de uma boa continuação :)

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  8. AC gosto de vir aqui e ler os seus posts, sempre excelentes...perfeitos...

    Beijo

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  9. Pois é! O Big Brother, que é como quem diz, o(s) tipo(s), que ninguém sabe quem é, mas sabemos todos, que nos está a ver para nos entorpecer.

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  10. Quase...quase...lamela em microscópio...celulazinha em banho maria, atordoada peça íris que a lente amplia...

    Um beijo

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  11. Ressalva: não "peça íris" mas "pela íris"
    :)

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  12. cada vez mais parecemos autómatos controlados mas sem percebermos o quanto.
    BJ

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  13. Olá, amigo!
    Passei para uma visitinha e conhecer seu espaço...
    Gostei de tudo que vi e li.
    Você é muito talentoso.
    Bom fim de semana!
    Beijinhos.
    Itabira
    Brasil

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  14. Fez-me lembrar os "tempos modernos" de Charlot! e acredito que o poema vai continuar a ser reformulado.
    Beijos

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  15. Descreveste um sensível retrato da sociedade contemporânea, e como ela está sempre mudando, acho que teu poema ainda será reformulado.
    Beijos

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  16. Magnífico!

    Robôs electrónicos ou comandados por um fio.
    Atrás da cortina o fazedor de marionetas
    ri-se do golpe
    que transforma a qualidade num número...
    manobra a seu favor um mundo vazio
    onde a mentira impera!

    Parabéns pela "verdade nua e crua".
    Um grande bem-haja e muitos vivas! :)

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  17. O seu poema foi me levando a uma reflexão, a um olhar crítico, do outro, dos políticos principalmente, e foi se voltando para mim....quantas vezes a nós é dada o poder de olhar para fora, para o mundo, podendo colaborar mais, até mesmo de mudar realidades e não o fazemos.

    abraço!

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  18. Ultimamente tem me chamado a atenção seus comentários em alguns blogs que visito. Pode ser que já tenha vindo por aqui a algum tempo atrás. Li outros textos, outros poemas, me impressionou a qualidade da sua escrita.

    Você tem livro publicado? Ao ler os textos me deu vontade de ler em um livro.

    abraço

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  19. Olá meu caro,

    texto expressivo que reflete aspectos sociais amplos e conduz á reflexão. Ótima postagem...
    Também gosto de burilar meus textos... Um abraço amigo.

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  20. Miragens escondendo a lida
    traços de almas, encadeadas vencidas.
    medo, conceitos, mundo cão,
    máquinas bolinadas, vidas arrisca.
    Serões, questões, duvidas se debatendo
    e a gente se buscando entre encontrões..
    Mas não foi assim a história vivida
    por esse grande irmão, poucos entenderam,
    outros nada não...

    Profundo e forte meu amigo
    Reflexivo!

    Lindo fim de semana pra ti
    Bjs

    Livinha

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  21. Obrigada por teu carinho querido.
    Sabes bem como impressionar com as palavras...
    Virei em momento melhor, não estou muito bem.

    Beijos.

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  22. Um poema em constante mutação, que nao se revela completamente, como nossas almas voláteis de sentimentos transitórios, o moto-continuo da cidade, a falta de imaginação do cotidiano... mas restam sonhos...
    Forte e belo texto.
    Beijokas e um lindo fds.

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  23. ... e como é inquietante senti-lo em cada movimento que a gente faz...

    gosto da tua escrita inteligente AC!
    beijo.

    tem fim de semana descansado

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  24. .

    . a prova . que de mãos.dadas ruma [também] a poesia com a visão certa de fora para dentro .

    .

    . onde é então visionária de todos os acrescentos .

    .

    . um abraço .

    .

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  25. A.C.,
    tristemente belo .

    Quero acreditar que um dia , ao reformolares o poema , acrescentes ... alguém passou no saguão , pegou na alma " dizendo " _ não é aqui o teu lugar _


    Um beijo ,
    Maria

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  26. Tudo muda o tempo todo, paz.
    Beijo Lisette

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  27. Acredito, que tudo se transforma com o passar do tempo, belo texto.
    Bjs.

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  28. Agostinho,
    Ainda bem que centraste o teu grito na intervenção cívica, precisa e urgente. Fizeste-o da forma brilhante e poética, como só tu sabes fazer. A forma adocica o conteúdo mas este é, altamente corrosivo, para quem queira aprofundar o seu intrínseco objectivo e saiba entender o que lhe está subjacente.
    Parabéns
    Caldeira

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  29. AC
    Na triste previsão da morte das colmeias com vida, este poema, a arrepiar-me...

    Acredito que, por detrás dos gestos planeados e comandados, na linha de montagem que nos preparam, existirão sempre os olhares partilhados e com eles a força que impedirá que nos ceguem os voos.

    Um beijinho e obrigada, sempre!

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  30. O poema pulsa como a vida; por isso, não pode estagnar nunca. Está sempre em movimento, querendo mai e pedindo mais, sejam mudanças, evolução, versos, sentimentos...O TEMPO NÃO PARA E a VIDA também não.

    Tenha um lindo fim de semana!!!

    BEIJÃO!!!

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  31. Que a vida nos livre de "tipos" assim.

    beijo

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  32. Apaguei sem querer a frase anterior ap beijo, s+o que não sei como.
    dizia eu que;
    poema actualíssimo. gostei muito.

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  33. A mutabilidade do poema sintetiza bem o que é a vida, inconstante a espera de uma completude. Carinhosamente Óleo.

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  34. Esse poema olha fundo a "humanidade".

    Beijos, meu caro!

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  35. Ninguém lhes tomaria o coração,AC, porque robôs não os tem.

    E à alma sem perdão sobraria o cesto de lixo.

    Simplesmente aterrador, porque SOMOS NÓS.

    Bom domingo, meu querido! Que texto!!!!

    Beijos

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  36. Sómente o poeta tem "licença" para substantivar ou adjetivar coisas, objetos e até mesmo pessoas!Esse ente invisível e aparentemente abstrato vive
    conosco diuturnamente e nos corrói a passos largos sem que nos apercebamos, subliminarmente, de uma forma bem CONCRETA, sem dó nem piedade!

    Beijos e bom final de semana!!

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  37. Gosto de me confronatar com várias versões do mesmo texto. Acontece-me isso muitas vezes. Reformule as vezes necessárias, nas já está excelente. O resto já está tudo dito.
    E que tal um abraço de boa noite?

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  38. AC
    e a gente vai teimosamente reformulando conceitos e conflitos.
    Gostei da sua visita , obrigada
    Fique bem , deixo um abraço nesse domingo

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  39. AC

    basta um pequeno poder
    ou um poder pequeno, talvez

    para o grande irmão
    sentar-se exactamente à nossa frente
    ou quem sabe, dentro de nós?

    pois não é assim que os professores se sentem quando atolados de fichas e avaliações e outras reuniões, deixam de ter tempo para as crianças?

    e os médicos, com o computador enfiado no nariz

    e já nem levantam os olhos para a pessoa à sua frente, paciente, nome exacto para tanta paciência...

    as mudanças apenas escritas no papel,
    são armadilhas que espreitam
    quem as tem que aguentar, desfasadas da realidade e muitas vezes de humanidade!

    e se não percebi bem a questão, peço desculpa, meu irmão...

    um beijo

    manuela

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  40. há muitos mundos

    para lá desse

    saguão


    *abraço*

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  41. Este poema, profundíssimo, impressiona-me particularmente, não só pelo que a sociedade actual faz de alguns homens, ou pelo que eles fazem a si próprios, isolados nas suas torres de des(afectos).
    Muito bom.

    Um abraço.
    Branca

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  42. Intenso e lindo...fez-me ir longe! Bjos, carinho.

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  43. Obrigada pela visita. Fico muito contente por saber de um sentir assim como este que aqui encontro. Parabéns uma vez mais. Vai bem ao cerne das questões. Gosto.
    Abraço
    Rosário

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  44. Uma semana de paz, vim desejar. Obrigada por sua visita, lá estarei a espera-lo com o que tenho de melhor pra dar-te,o amor de Deus em Palavras. Beijos no coração.

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  45. Já havia lido, voltei para reler: li e suspirei.

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  46. Ac...
    Gosto muito de vir aqui ler tua poesia.
    É linda...
    Me ahabita...
    Amei...

    Beijo.
    Fernanda

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  47. "Talvez a verdade
    "Nua e crua
    Tomasse de assalto
    O que restasse
    Do seu coração"
    Muitooo lindo
    obrigado por visitar meu blog
    tem post novo lá!
    beijos

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  48. Parecemos uma fila de soldados sob as ordens do Grande Irmão...não como robôts...mas como aqueles que não conseguem tirar o espartilho da sociedade e inventam cada dia...o modo de largar a pele...como fazem as cobras, quando estão cansadas delas...
    Dispensamos seráficos cumpridores de normas, mais ainda os talentosos administradores.Gostei do texto e acredito que ainda vai levar novos acrescentos.
    Bj~Graça

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  49. Expressou com perfeição!

    Bom início de semana!
    =D

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  50. ac,
    belo poema..
    e bem atual...perfeito..
    um abraço..

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  51. Ah, sabia que ele está protegido em algum lugar. Porque se deixasse, se ele se permitisse viver, encontraria poesia nas ruas...


    beijos

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  52. Obrigada, AC, pela visita. Perdoe-me por visitá-lo tão pouco... é que ainda estou passando por ajustes, preciso separar um tempo somente para visitar todos vocês. Logo encontro o meu eixo, se Deus quiser...

    Bju!

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  53. Olá AC!

    Para esses "senhores"sem alma o mundo não é mesmo mais que um linha de produção, a ser regida por comprovadas técnicas de gestão,e que se quer tão robotizada quanto possível.
    Está muito bem escrito, conviadando-nos s pensar no que queremos ser como gente, enquanto andámos por cá.
    Um abraço.
    Vitor

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  54. "Mas está protegido
    Na torre envidraçada
    Encoberto
    Em cortina fumada
    E a sua alma
    Há muito sem perdão
    Ficou abandonada
    Perdida e rejeitada
    No cesto de papéis
    Dum qualquer saguão."

    ESTÁ TUDO AQUI...PELO MENOS MARA MIM...É PARA ISTO QUE CHEGAMOS AQUI?!

    BEIJO

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  55. AC o teu poema fez-me recordar um livro lido há uns anos... Sou forçada a concordar com Michel e Daniel (a personagem) que em toda a narrativa esperam uma existência fora da "ilha"... o problema talvez seja nosso, ao julgarmos que uma "ilha" nos será bastante quando, no fundo, alguns de nós, ambicionamos o Mundo...

    Tornamos o outro em Mundo e verificamos, depressa demais, que esse mundo é demasiado limitado. Nada contra a utopias, excepto quando elas se viram contra nós e nos limitam os movimentos...

    Ainda assim, faço minhas as palavras de Houellebecq que traduzem, um pouco, a forma tola como ainda vejo o mundo e sinto o amor.

    A Possibilidade de uma Ilha

    Minha vida, minha vida, minha muito ancestral
    Mal cumprido o meu primeiro voto
    Repudiado o meu primeiro amor,
    Precisei do teu retorno.

    Precisei de conhecer
    O que a vida tem de melhor,
    Quando dois corpos brincam com a felicidade
    E se unem e renascem sem fim.

    Dominado por uma dependência total,
    Sei o estremecimento do ser
    A hesitação em desaparecer,
    O sol que incide de través.

    E o amor, onde tudo é fácil,
    Onde tudo é dado no momento;
    Existe no meio do tempo
    A possibilidade de uma ilha.

    Michel Houellebecq, in "A Possibilidade de uma Ilha"

    Como a nós a possibilidade da clonagem (e ainda bem) não é uma realidade, resta-nos transformar o nosso mundo, tornando mais Mundo do que quando visto pela primeira vez...

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  56. AC...
    Obrigada pelo carinho amigo.

    Beijo.
    Fernanda.

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