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Pintura de David Galchutt
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Os sábados, por aqui, são sempre dias especiais, envolvidos em naturais condimentos.
Para hoje estava programada a plantação de duas laranjeiras e um damasqueiro, e assim se fez. O tempo, quando em plena comunhão com a vida, ganha outra dimensão. Se tivesse que dar explicações, como justificar as quatro horas que demorei a plantar as três árvores? Como explicar, a quem quer que fosse, que cada momento - cavar, separar as ervas daninhas, estrumar, tapar, regar, atar... - requer atenção, carinho, sensibilidade?
Para hoje estava programada a plantação de duas laranjeiras e um damasqueiro, e assim se fez. O tempo, quando em plena comunhão com a vida, ganha outra dimensão. Se tivesse que dar explicações, como justificar as quatro horas que demorei a plantar as três árvores? Como explicar, a quem quer que fosse, que cada momento - cavar, separar as ervas daninhas, estrumar, tapar, regar, atar... - requer atenção, carinho, sensibilidade?
O almoço, sem tempo, é sempre experiência gastronómica à mercê dos ingredientes disponíveis. Acautelados, é claro.
A seguir, como em quase todos os sábados, é tempo de escrita. Normalmente a coisa flui, espontânea, qual jorro em permanente ebulição. Mas hoje, quase sem me dar conta, o olhar começa a prender-se nos livros que me envolvem. São muitos, sem dúvida - cada um veio aqui parar num contexto muito próprio - mas há muito que não lhes pego. Não é por falta de carinho, garanto, continuo a sentir o seu envolvimento, mas, após um passado de múltiplas leituras, o apelo da natureza, lá fora, continua a ser mais forte.
O tempo, em comunhão com as coisas, é alheio a gráficos e balancetes. Frui-se, naturalmente, e, no final do dia, quando os pássaros regressam aos ninhos, sente-se, de forma muito peculiar, a poesia a piscar o olho à filosofia. É nessa altura, mais que em qualquer outra, que as linhas do horizonte encontram o seu exacto lugar.
Percebem, agora, porque é que os meus livros sentem a minha ausência? Contudo, qual almofada em permanente aconchego, eu continuo a sorrir-lhes.
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Porque hoje é sábado...
ResponderEliminarPor aqui os versos cantam lindamente, que bom!
ResponderEliminarE essa sua leitura, do lado de fora, tão importante e enriquecedora quanto a outra.
Abraços, AC
Tantos são os livros
ResponderEliminarfora das bibliotecas
Abraço
Participar do processo da criação...amar a terra como ela merece,cuidar do broto ou da semente, viver em plenitude sem se fechar em conceitos, fluir junto com as horas que correm na felicidade do existir...muito bom sentir o sangue correr nas veias , não é tudo que se quer para um sábado de paz?
ResponderEliminarum abraço
Vemos que teus sábados assim são bem aproveitados! beijos,chica
ResponderEliminarNum piscar de olho do poeta,o sábado tem a força solar com aromas,
ResponderEliminarcores,poesia em natureza fértil e luminosa ao encontro do olhar (sentir)
de nós leitores atentos ao precioso "agora"...
Sempre encantador este "agora" lendo o teu texto.
Maravilhosos sábados,AC...
Beijo.
Olá, AC!
ResponderEliminarPlantar laranjeiras e damasqueiros, e´uma outra forma de cultura - que a seu tempo dará frutos. E depois, com este tempinho tão convidativo, os livros bem podem esperar para mais tarde, que nem por isso irão ficar zangados com o dono...
Um abraço e bom Domingo.
Vitor
Por vezes temos que fazer escolhas. Esventrar a terra, e plantar nela uma árvore, e olhar à volta e ver uma flor que desabrocha, um pássaro que transporta uma palha para um ninho, ou escutar o ladrar de um cão, é também uma forma de leitura, no livro da natureza.
ResponderEliminarUm abraço e um bom Domingo.
À margem
Saúde quase recuperada estou voltando.
~ Foi muito agradável comungar os sentimentos e a intimidade do teu Sábado, AC.
ResponderEliminar~ Depois de tanta clausura, provocada pelo mau tempo, é muito saudável sentir a Natureza e participar nela. Há tempo para tudo, tempo para plantar e tempo para cultivar o espírito.
~ Uma coisa é certa, ss tuas árvores vão recompensar-te pelo carinho que lhes dedicaste.
~ Agradece a Deus ter abençoado-te com o benefício de um lugar tão aprazível para viver. ~
~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~ ~
Ac: lindo de viver todo esse caminhar através das poéticas palavras...amei!!!
ResponderEliminarabraçossss
Poeta , sábados abençoados estes seus . Aos seguidores , sempre encantamento vir sorver destas belezas a nós oferecidas . Beijos
ResponderEliminarEntendo perfeitamente as saudades que os livros têm do poeta. Mas o resto do sábado também é necessário, não é verdade?
ResponderEliminarE hoje que já é domingo, que também seja bom!
Abraço
Histórias que partilham, segredos, usufruir do tempo e sentir como fala connosco...
ResponderEliminarLindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Num piscar de olhos as letras fluíram na leitura! Um primor de texto e conteúdo! A imagem... magnífica!!!
ResponderEliminarBeijo de domingo.
Como se não bastasse o excelente sábado no campo, ainda escreve um texto delicioso sobre a arte de plantar laranjeiras e um damasqueiro.
ResponderEliminarConfesso que senti um pouco de inveja boa, e os livros são entidades muito pacientes...:-)
Bom domingo!
xx
Num dia ensolarado como o de ontem, era difícil resistir ao apelo da natureza! Há algo que reclama a urgência de um sacho ou de uma tesoura, num dia ensolarado de Março. Acredito que o poema começou a nascer no aconchego da terra e cresceu a sorrir para os livros. Belíssimo! Sente-se!
ResponderEliminar
ResponderEliminarTudo em sintonia. Até o piscar de olho. O que o sol Faz! :)
Beijinho
Hum, AC me falta a terra.
ResponderEliminarBeijos
Excelente reflexão.O homem, a terra e a poesia.
ResponderEliminarOs seus textos estão grávidos de poesia.Que as árvores de fruto lhe tragam o retorno com abundância.
Abraço,
És um rio percorrendo as tuas águas, nutrindo tuas raízes. É o teu vento, o teu movimento, parte da tua vida, parte do teu ritmo, da tua seiva. Um belo texto, AC.
ResponderEliminarAbraço forte,
Lindo texto, encantador mesmo. Gostei demais.
ResponderEliminarUm grande abraço, caro amigo.
Uma pessoa chega a este seu espaço com a intenção, boa, muito boa mesmo, de tentar dizer coisas acertadas, entretanto começa a ler e só consegue resumir-se à minha insignificância. Acabei de me resumir à minha insignificância e gostei da sensação.
ResponderEliminarGostei muito, AC. Tenha uma óptima semana :)
PS: Também estive lá fora no sábado a plantar ervas aromáticas, plantas e a arrancar ervas que acabaram por crescer demasiado com tanta chuva. Falta cortar a relva e pintar umas coisas. Nada mais saudável...
Rectificação: resumir-se à sua insignificância e não 'minha'.
EliminarPeço desculpa, foi pior a emenda que o soneto. Quem lê a rectificação é capaz de pensar outras coisas. Isto hoje não está fácil :)
Eliminar:))
EliminarMaria, não se preocupe, eu percebi perfeitamente o que quis dizer.
Uma boa semana!
Também na semana que passou semeei violetas (do campo) e alfazema para conseguir uma Primavera cheia de fragrâncias.
ResponderEliminarNão são úteis mas são o bálsamo da alma.
Beijinho.:))
Olá AC!
ResponderEliminarOs livros contentam-se com a contemplação. Sabem que mais cedo ou mais tarde serão acarinhados como merecem, e aí regozijar-se-ão das mãos que os acarinham, dos olhos que os lêem , do coração que os sentem.
Esse privilégio que dá à natureza, tem tempo próprio, e de lá trás a inspiração, que o faz escrever textos que nos deliciam e fazem despoletar as mais belas emoções...
Rendo-me a este espaço de onde saio sempre mais preenchida.
Deixo abraços!
É-me cada vez mais difícil resistir ao apelo da natureza...Então, nestes últimos dias, depois de tantos dias nublados como não homenagear o sol?
ResponderEliminarLer-te foi como saborear vagarosamente os frutos das árvores que plantaste...
Bjo, AC :)
(Ah, os livros, esses esperam, em silêncio, a sua vez...)
Invejo-te, sabias?
ResponderEliminarBeijinhos Marianos, AC! :)
O melhor adubo para uma planta...são as nossas vibrações de amor.
ResponderEliminarAC, beijos e boa tarde!
Plantar árvores, ler livros... que bela maneira de ser sábado...
ResponderEliminarGostei muito do texto.
Abraço.
Quem me dera, Agostinho, quem me dera! Sinto tanta falta, tanta saudade da época em que podia fazer isso;;;!
ResponderEliminarBeijo : )
Belissimo meu amigo AC.
ResponderEliminarAs árvores, os livros tal como nós necessitam de carinho e amor.
beijinho e uma flor
Desde que me conheço que vivo rodeada dos amigos livros .
ResponderEliminarMas há dias , que trocaria alguns deles , por um quiintal . . .
Um beijo , AC ,
Maria
Como o entendo!...
ResponderEliminarFelizmente que eu em "estado de aposentação" consigo repartir o meu tempo de forma equilibrada. Do viver é que nasce a escrita, mas os livros são (também) uma forma, outra, de viver.
Um beijo
Que seria de mim sem a natureza? E dos livros? Como o compreendo!!
ResponderEliminarbjs
Ah, como os livros devem estar invejosos das árvores. Este tempo primaveril tem um apelo muito forte. Mas que não nos prive das suas palavras. Aliás, acho que em breve volta a chover.... sem querer ser mazinha, amigo AC.
ResponderEliminarUm abraço, um doce domingo
Ruthia d'O Berço do Mundo