.
.
.
AC, Gardunha
..
Subíamos a serra, confiantes, em busca de sinais, de pequenas telas metamorfoseadas de vida.
Para trás ficavam as amarras, a cada dia mais fortes, na sua, mais que estudada, subtil forma de se insinuarem. Via-te desperta, atenta a cada passo, mergulhando, cada vez mais, no irrecusável convite da paisagem. A amálgama de cores preenchia-te, sem dramas, dando forma à tua ânsia de respirar, à tua necessidade de construir. Mantinhas-te tranquila, transpirando serenidade, o sorriso que esboçavas dizia-me que a libertação, embora a prazo, ganhara asas.
Sentíamo-nos bem. Continuávamos a subir, destilando a harmonia da sã convivência entre cerejeiras, carvalhos e castanheiros. Parávamos, aqui e ali, dando corpo ao prazer das pausas, para acentuar impressões e visões de renovadas arquitecturas. Só nos detíamos quando começávamos a divisar os limites da tela.
Invertíamos a marcha. Sabias, como eu, que o cerco era cada vez mais estreito, que a Roma, à míngua de pão, sobrava-lhe cada vez mais circo. Para além dos devaneios, em busca de novas galáxias, restava-nos a cumplicidade, a dignidade na convicção do caminho a percorrer.
..
O título remeteu-me para Pessoa e a épica travessia para lá do Bojador, mas depois a poesia transportou-me para uma paisagem calorosa. Sentimo-nos bem no meio destas pinceladas.
ResponderEliminarAbraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Temos que ousar pincelar, Ruthia, há já demasiado tempo que os outros pincelam por nós.
EliminarAbraço
Oi, A. C. ...um belo passeio real ou metafórico...é necessário aproveitar todos os bons momentos .
ResponderEliminarum abraço
Guaraciaba, por vezes o real e o metafórico misturam-se. Assim haja o equilíbrio necessário.
EliminarAbraço
Que bonitas são as cores da serra. :)
ResponderEliminarSão sempre, Luísa. Durante o ano vão mudando de roupagem, mas o encanto é permanente.
EliminarGostei muito do texto em forma de poesia e da poesia em forma de uma linda tela. Amei
ResponderEliminarbeijinhos, Léah
A Gardunha é um infindável manancial de telas.
EliminarObrigado, Léah.
Beijinhos
Aqui, não vejo nem sinto torpor.
ResponderEliminarVejo, sim, as cores verde-acobreadas das árvores que ladeiam esse caminho sempre a subir. Vi e gostei. Da cumplicidade, e dessas pausas prazerosas, que o corpo pedia.:)
Uma beleza, como sempre. Parabéns, A.C.!
Um beijinho. Bom Dezembro.
A tua alma de poetisa vem sempre ao de cima, Janita.
EliminarGrato.
Gostei deste poético passeio, pela memória de partilhadas sensações.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
É um passeio que vale a pena, Elvira. Garanto-lhe.
EliminarAbraço
... em todos os apeadeiros...
ResponderEliminar...há entradas e saídas. Embarcas, Eufrázio? :)
EliminarLinda foto - gosto muito das cores do Outono...
ResponderEliminarPor aqui, a cumplicidade de cerejeiras (embora só se vejam, na foto, ao longe), castanheiros e carvalhos dá à paisagem uma tonalidade única.
EliminarObrigado, Marta.
Gostei para lá de muito. Parecemos nós, eu e ele a subir a serra de bike... Beijinhos AC
ResponderEliminarTenho a certeza que, tu e ele, se deslumbrariam por aqui.
EliminarBeijinhos, Gaja :)
OI AC!
ResponderEliminarUM BELO PASSEIO, REAL OU IRREAL, MAS, UMA BELA TELA SE DESENHOU.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Uma vez mais e sempre
ResponderEliminarpelo sonho é que vamos
Que belezura de fotografia AC! Uma narrativa leve e cheia de sentido. Beijos
ResponderEliminarSensações compartilhadas em pleno outono... que delícia de visão!
ResponderEliminarUm beijo e ótima semana
Que bonito. Acedeu minha imaginação!
ResponderEliminarabraço.
Memórias de tempo vividos??
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Chego a casa com a alma sempre tão limpa e perfumada destes caminhos percorridos seu lado.Um abraço AC.
ResponderEliminarOlá, AC
ResponderEliminarEu diria que nem todos sabem contemplar a natureza e que é um privilégio saber contemplá-la e ter tempo para a desfrutar.
Tão bem que fala sempre da terra e dos seus encantos, AC!
É bom ouvi-lo!
beijinho
A cor das árvores no outono. As cumplicidades. Os passos acertados um pelo outro... Que belo texto!
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Uma fruição cúmplice, subindo a serra ...
ResponderEliminarQue leveza, AC!
Beijinho.
E os caminhos a percorrer ganham outro encanto, quando existe alguém com quem partilhar a caminhada.
ResponderEliminarUm grande abraço
Maria
Uma belíssima cumplicidade... que nos inspira a percorrer caminhos e galáxias sem fim...
ResponderEliminarUm texto lindíssimo... leve e sereno... e ao mesmo tempo, de uma profundidade inacreditável...
Adorei cada palavra! Beijinho!
Ana
AC
ResponderEliminarrespingos de core e cumplicidade
um texto muito belo e escrito com muita serenidade.
beijinho
:)
Uma prosa poética que nos sinaliza a importância da
ResponderEliminarcumplicidade nos vários caminhos de subidas e descidas
da vida!...
Sempre presente a riqueza filosófica nos
seus excelentes textos, meu amigo.
Beijo.
Paisagens que nos levam a sonhar e sobretudo voar! Gostei como sempre:)
ResponderEliminarBeijocas
Uf!!! Fora do estupor vim trepar à Gardunha, aspirar a cor e ar de liberdade, sem romper véus, sem o sacrílego abuso da inocência que paira no trilho das giestas, sem a sofreguidão cega adolescente, que os amanhãs continuarão perfumados pelos deuses. Como escapar à ara pura da natureza com os apelos de AC?
ResponderEliminarAbraço.
Subidas íngremes, cerejeiras, carvalhos e castanheiros, a natureza em todo o seu esplendor, a descoberta, a curiosidade, o acerto do passo, o retomar o fôlego, a vontade de continuar - uma bela metáfora da vida.
ResponderEliminarFoi um prazer acompanhá-lo nesta caminhada.
Um beijinho, AC
Tenho a certeza que li e quase jurava que havia deixado comentário...Quanto mais íngremes são as subidas, mais o esforço é premiado, independentemente da origem da escalada.
ResponderEliminarBjo
Ahhhh... as paradinhas... assim mesmo: 'aqui e ali', como são deliciosas... estas lacunas, aonde se faz silêncio e tudo é um profundo sentir.
ResponderEliminarA foto está magnífica!