domingo, 2 de abril de 2017

O FORJAR DAS ASAS

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Pintura de Margarida Cepêda
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Quando chegava o verão
Sentavas-te, à tardinha
Debaixo da figueira
Onde a brisa, suave
Anunciava o rumor das cotovias.
Então pegavas, delicada, na minha mão
E contavas, baixinho:
Era uma vez um potrinho
Que adormecia, feliz
A ouvir as histórias do vento...
Sentia-te perto
E o tempo
Adormecido no cantar do ribeiro
Parava, enlevado, para nos ver.
Assim eram os dias 
No tranquilo paraíso
Em que desenhavas, minuciosa
O crescer das minhas asas
E eu sentia, maravilhado
O vigor do teu voar.
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24 comentários:

  1. Ouvir as "histórias do vento" e saber que o crescer das asas traz com ele o fascínio de voar. História maravilhosa... Linda a imagem.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Muito bonito o seu poema AC :)
    Fica um beijinho

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  3. Nessa reciprocidade, nesse dar e receber, nasceu este post magnífico.
    A pintora criou a tela e tu escreveste este lindo poema, como complemento. E que belas palavras escolheste!

    Assim se forjam as asas da criatividade que se inspira noutras asas, voando sempre mais alto.


    Um beijinho, A.C. :)

    (Votos de boa semana)

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  4. Há sempre um momento
    em que é preciso
    ouvir histórias do vento

    Esse poema, foi-te trazido pela brisa?

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  5. Era uma vez uma historia do vento, que por acaso aqui, algures entre asas, sonhos, esperanças, chuva, borboletas, flores e aves eu já tinha encontrado. Tão lindo, tão puro...! Obrigada, pois por momentos voltei a ser criança...🏃🚶

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  6. Não me lembro de alguém me ter alguma vez contado histórias assim.
    Mas fizeste-me ir a dias em que uma amiga, ligeiramente mais velha do que eu (uns 4 anos) pegava num livro, cheio de letras, sem desenhos nenhuns, e nos lia contos.
    (Foi uma óptima lembrança esta! Obrigada)

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  7. Que asas de letras fantásticas AC. Boa noite :)

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  8. Voltar ao sopro guardado, ao tempo da inocência, aos alinhavos, agora já filamentos, com que se entreteceram as asas do sonho, é poesia.
    Gostei muito.
    Abraço.

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  9. Vc descreveu a paz, o carinho, o amor...lindo

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  10. Belo poema inscrito na memória do tempo.
    Do meu, tenho as estórias e contos transmitidos oralmente, debaixo da laranjeira, pelo meu avô.
    E, desta leitura, o passado regressou, não pelo vento, mas pela 'nuvem'.
    Gostei mto.
    Um abraço, AC

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  11. E que belas asas nasceram nessas tardes de verão.

    Uma imagem a condizer com a profundidade das suas palavras.

    Um beijinho AC

    O Toque do coração

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  12. "...Assim eram os dias
    No tranquilo paraíso
    Em que desenhavas, minuciosa
    O crescer das minhas asas..."

    Há imagens que abrem as janelas todas.

    Bejinho, Ac.

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  13. Ouvir as histórias do tempo, é privilégio dos poetas. E aqui neste poema, qualquer deles se sentiria bem representado.
    Lindo AC
    Um abraço

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  14. Um poema lindíssimo, onde o encanto das suas palavras, AC, nos empresta asas... para sonhar...
    Beijinho! Feliz e inspirada semana!
    Ana

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  15. as evocações ganham um modo tão real....


    beijo

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  16. Voos imaginários! todos temos alguns _baixos ,altos,rasantes mas sempre nas asas do vento...algumas vezes descemos ao chão e sentimos que apenas estamos a forjar.
    Lindo poema AC

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  17. AC

    a saudade da infância...tanta ternura em palavras simples e belas.

    gostei muito!

    beijinhos

    :)

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  18. Quanta saudade da experiência maravilhosa da infância onde nos crescem as asas da poesia!
    Um abraço

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  19. Quem nos espevitou o vôo, está sempre presente no nosso caminho. De vez em quando, estendemos a passadeira vermelha para lhe concedemos um galardão. Desta vez foi um poema!
    Bj, AC 👏

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  20. E o crescer doía menos, quando havia tempo para se ficar debaixo de uma figueira, a aprender os segredos de umas asas a despontar.

    Bj.

    Lídia

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  21. Todos os dias crescemos e...comovi-me com esta maravilha.

    Beijocas

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  22. As asas da Poesia em pleno vou do encantamento!...
    Poema muito belo, AC!
    Beijo.

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