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Hélio Pereira, Fraga da Pena (Serra do Açor)
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Os aromas de Maio, polinizadores, desassossegavam a alma, despertando sensações enfeitiçadas pelo mais puro instinto de vida. Surgiam canções, poemas, gestos a esboçar toques na pele, como se a vida tivesse que ser agarrada ali, no momento, como se nada mais importasse.
À tardinha, quando os aromas mais se insinuavam, mergulhava nas águas, ainda frias, e reformulava a tela, ainda por concretizar, invocando as deusas do riacho. Depois, mais apaziguado, escrevia um poema, tentando colorir aquilo que me escapava, não por entre os dedos, mas pelo desejo da pele tocada.
Assim eram os dias, no longínquo esboço de paraíso, em que tentava desenhar, no mais puro de mim, o rosto da desejável partilha.
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