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AC, Estrelícia encabeçando manifestação de rosas de Santa Teresinha
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Apesar do frio dos últimos dias, a confirmar o instável humor do clima, as papoilas teimam em chegar-se à frente, renitentes em dar espaço a imprevisíveis formas de estar. E florescem, engalanando os campos, fazendo jus em acompanhar a sinfonia da passarada. Mas é leve a resistência, pois há algo de mais persistente. E não há resiliência que perdure a tanta adversidade, com as pétalas a render-se, uma a uma, aparentemente conformadas com o seu efémero destino.
Indiferente a tanta inclemência, já maturada pelo tempo, a estrelícia do canteiro fronteiro à casa tende em manter-se viva, quase jocosa da vulgaridade, irrompendo perante um batalhão de rosas de Santa Teresinha como se da mais natural circunstância se tratasse. E há que fazer reverência a tanta persistência, mais a mais acompanhada de uma beleza ímpar. Rendo-me à evidência, dou graças por tamanho privilégio.
Entretanto, num recanto já anteriormente preparado, insiro na terra mais três dúzias de tomateiros. A tarefa é libertadora para a alma, apesar das costas começam a desenhar uma espécie de queixume. Nada que arrefeça o ânimo para o baptismo de uma dúzia de curgetes, sedentas de mergulhar na vida, com a terra a acariciar o pouso duma nova espécie. Com o devido carinho, com a água a ter um papel primordial, vão dar-se bem, com toda a certeza.
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O conceito de tempo, por aqui, não se baseia em conceitos clássicos. Fruem-se as tarefas, mergulha-se a atenção no desfolhar duma nova flor, aprecia-se o chilrear dos pintassilgos, as surtidas esquivas dos melros... Relógio só o da luz e da sombra ou, quiçá, o do corpo a pedir repouso. A este, correspondendo ao mais elementar bom senso, faço sempre a vontade.
Para amanhã prevê-se sol, finalmente. Talvez as andorinhas apareçam para adornar este Maio de mil cores, qual Primavera de eterna esperança.
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