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Imagem retirada daqui
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Partira bem cedo, determinado, mas a ascensão não fora fácil.
Quando chegou, após curta pausa, olhou em volta, escolheu quatro pedras e colocou-as à laia duma rosa-dos-ventos. Sentou-se no meio, orientado para o sol, e olhou em volta, demoradamente, como que à espera que algo o tocasse.
Fechou os olhos. O silêncio, a pouco e pouco, foi ganhando asas, abrindo portas a melodias até então alheias ao ouvido. A princípio, ainda imbuído do pó que trouxera das veredas do vale, não encontrava o copo com que beber as notas da pauta. Demasiada física, pouca química. Depois, já alheio à ditadura do tempo, começou a perceber o murmúrio da linguagem do vento na pele, nas pedras, nas ervas, bem distinta do esporádico canto do melro-azul.
Fora bem agasalhado, mas começava a sentir-se nu. Às tantas já não havia ele, nem pedras, nem plantas. Tudo se conjugava, tudo se envolvia. Mergulhara, finalmente, nos acordes da profunda melodia.
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Reedição
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