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Sempre soubeste das minhas idas e vindas, da minha necessidade de questionar, de respirar, em busca de encontrar sentido em cada partícula, em cada átomo. Isso faz parte de nós, sempre fez, foi assim que construímos a nossa cumplicidade. Tu, mais exposta ao sol, nunca tiveste necessidade disso, mas sempre respeitaste, por mais efémeros, os meus mergulhos interiores.
Gosto de partidas, mas adoro as chegadas. No regresso, quase sempre à hora certa, o meu sorriso sempre deparou com o teu sorriso, os meus segredos sempre foram teus. Ontem, apesar de sorrires, havia nuvens no teu semblante. O canteiro das roseiras parecia abandonado, entregue às ervas, e na parte mais resguardada do jardim, por trás da casa, onde sempre gostámos de sentir a magia do final do dia, desta vez não havia mesas nem cadeiras.
Olhei-te nos olhos e percebi. Algo te agredira, profundamente, algo te indignara. Ainda pensei dizer-te para não te preocupares, em como era vão o eco das coisas medíocres, efémeras, mas a hora não era de palavras. Abracei, profundamente, a tua fragilidade, sabendo muito bem o quanto eras forte. Estavas apenas a precisar dum abraço.
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