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(Sandra Louçano: como tudo tem uma sequência, este vídeo foi colocado aqui para repor alguma justiça. Foi esta música que se ouviu, preferencialmente, no enquadramento do post anterior)
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As portas abrem-se, num eterno cerimonial, como se tudo acontecesse pela primeira vez.
Um olhar, dez, mil, numa multiplicidade em constante deslumbramento. Tudo cativa, tudo parece perto e longe, a vontade de desbravar conjuga-se, em paralelo, com a de albergar. As coisas parecem ali, à mão, qual visão meteórica, criando a ilusão de que o tempo é domável, que a vida pode esperar por nós.
Às tantas, após maratonas de inconscientes piruetas, regadas com risos de montanha russa, aceitamos a farda da normalidade, pregada por quem nos abraça, por quem nos quer bem. É preciso, incutem-nos, lutar pela zona de conforto.
Vestimos a farda, muitas vezes desconfortável, em conflito com a pele. Começamos, então, a questionar o que é a vida. Queremos agarrá-la, senti-la, descodificar-lhe o segredo, mas ela teima em esquivar-se, sorrindo e mofando, desafiando a persistência do mais abnegado.
Há quem desista, resignado, há quem opte por não olhar, satisfeito com aquilo que tem. Deles, suprema descriminação, é feito o reino dos céus, apregoam os pastores. Mas, para aqueles para quem o sentido das coisas é tudo, pecar, não aceitando, é eterno desígnio. Descobriram, à custa de muito pó na pele, que a liberdade e a dignidade, mesmo que, aqui e ali, sorriam, não são concessão, são apenas apeadeiro de conquista permanente, sem fim à vista. Os afectos, energia imprescindível, são o verdadeiro sustentáculo de tão grande fé.
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