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AC, Nuvens
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Há algo, no vale, alheio ao florir tardio das árvores, que sugere desconforto, inquietude. Sente-se, no ar, o clima das mudanças não desejadas, uma sensação de frio, alheia à geofísica, que tolhe olhares calorosos, que impele ao fechar das portas.
Olho para ti e, por mais que teimes em sorrir, as janelas que aprendemos a partilhar não escondem o que te vai na alma. O mundo está a mudar, cada vez mais depressa, mas nem sempre para melhor. Não era o que querias, eu sei, não foi nisso que te empenhaste. Esboço uma ou outra generalidade, que é depois da tempestade que vem a bonança, mas o barulho surdo da intolerância, cada vez mais pesado, não te deixa acreditar. Falas como se todos fossem teus filhos, teus netos, querias que o mundo fosse uma enorme casa pintalgada de todas as cores.
Por mais que, no mais fundo de mim, continue a encontrar crença na capacidade de regeneração do homem, há momentos em que as palavras de nada servem, são meros escolhos. É hora de te abraçar.
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