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Ontem falaste-me de desconcertos,
da impossibilidade de abraçar o que se adivinha, mas não se entende. E que isso pode dar origem aos medos.
Disse-te que os medos fazem parte
do nosso percurso, que sem ousar afrontar o seu desafio nunca passaremos de
seres acossados, privados de liberdade, mas nem me ouvias, estavas demasiado
ocupada em forjar um cenário que desse cor aos teus receios.
Não insisti, as convicções
carecem de tempo para fermentar. Mas continuaste a falar de tal forma que tudo
parecia resumir-se às tuas palavras.
Tens muita energia, admiti, e
admirei a força que emanava da tua caixa negra, uma espécie de convicção a
debater-se em busca da casa certa.
Não te digo mais palavras, pois tu não
aceitas dessa forma, mas sinto que essa determinação vai levar-te ao encontro da verdadeira dimensão do teu voo. Só
espero que, quando passares por mim, entendas a linguagem dos meus olhos. Nessa
altura a cumplicidade poderá acontecer.
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