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Cansaste-te dos muros de betão, e algo te impeliu a mergulhar nas profundezas da memória em busca do fio condutor.
Ignoraste as trombetas anunciadoras do brilho, pois do efémero já tu sabias, e ousaste penetrar nos segredos da caixa da dor. A tua segurança, forjada no cinzento dos dias, debateu-se, mas sentias que, para nela entrares em pleno, terias que abraçar os fantasmas do medo. E, nesse acto único, gritaste aos quatro ventos os contornos das brumas da fera, um grito que se transformou em sopro.
Quando regressaste, ainda combalida, sabias que as tuas vestes nunca mais seriam as mesmas. A tua nudez estava agora bem presente.
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