sábado, 30 de julho de 2011

NUVENS

.Imagem tirada da Net
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Por que insistes em falar de ventos contrários? Por que te refugias no tanger da viola?
Sim, eu sei que as nuvens podem surgir a qualquer momento, mas, se reparares, elas podem ter várias formas. Nem sempre são as que mais gostas, eu sei, mas não queiras ter a veleidade de as domares. Elas são apenas sinal da diversidade das coisas, do muito que nos ultrapassa, e se as quiseres cavalgar tens primeiro que as olhar, sentir, perceber...
Sabes, uma nuvem nunca é um fim, é simples sinal da nossa inquietação.
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sábado, 23 de julho de 2011

ADEUS

.Domicílio Ferreira, Equilíbrio e Harmonia
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Há aves que têm a capacidade, forjada no enfrentar de ventos contrários, de ir burilando o seu voo e chegar muito próximo da perfeição. E fazem-no com tal suavidade que acabam por fomentar, à sua volta, um equilíbrio propício ao desabrochar da harmonia.
Mas o tempo, esse paciente escultor, traz sempre consigo o último e incontornável dos obstáculos, o tal que não é possível vencer: a morte.
Uma destas aves encetou, por estes dias, o voo final, cumprindo a derradeira prova de olhos nos olhos com a inevitabilidade. Fica o seu legado.
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Brotaste num meio
Muralhado
Em amordaçada verdade
Preconceito angular
Petrificado
No deixar arrastar
A máscula vontade.
As voltas que deste
Ao ícone cinzelado!
Com riso gaiato
Bordado com muito tacto
Apanhaste a linha solta
Chave da reviravolta
E contrariaste
O fado traçado.
Forjaste o teu destino
Amparada na visão
Indestrutível
Do equilíbrio da vida
(Na chegada e na partida)
Reforçado
Na prática sentida
De saber dar a mão
Em busca da solução
(Solidária desmedida).
Esculpiste as crias
Acto inventor
Tela de projecção
Permanente
Do afecto partilhado
Em respeito definido
E com risos temperado
Futuro bem delineado
Do fruto amadurecido.
Olhavas para o mundo
Eterna paixão de viver
Todos os dias sentida
Equilíbrio permanente
Nos eleitos residente
Menina para toda a vida!
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sábado, 16 de julho de 2011

O DESPERTAR DAS PALAVRAS

.Pormenor de tela de Margarida Cepêda
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Pudesse o poeta aquietar alguns ventos, amainar certas marés, e talvez o constante desassossego encontrasse vazão para o seu eco. Mas os ventos e as marés não o ouvem, apenas o encantam.
De quando em vez, apiedados do pobre aprendiz de feiticeiro, sopram-lhe ao ouvido que há coisas que não são da sua condição mudar, apenas sentir e tentar entender. É quando as palavras se insinuam, ganham vida, e o poeta as devolve ao vento, na esperança de chegarem ao lugar mais profundo do vale...
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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O RESPIRAR DAS PALAVRAS

.Margarida Cepêda, Observando para lá de cá
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As letras, qual labirinto, apontam mapas sem fim, enquanto os olhos se perdem nas nuvens em busca de sinais que seduzam a inquietação.
Teimas, para lá do rugido das águas, em dissecar as palavras, uma por uma, como se em busca da textura perdida da ternura que amacia a respiração da pele.
Na cumplicidade das ilhas vais descobrindo o sentido do suor das letras, da sua respiração. E, quase sem te dares conta, as palavras começam a dançar...
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sábado, 2 de julho de 2011

ACERCA DO APLAUSO

.Hélio Cunha, Reflexo da Indecisão
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Tu tentas, mas o mundo não te sorri, não recompensa o teu esforço. E, quanto mais te empenhas em prol do aplauso, do tributo alheio, mais as sombras inundam o teu varal.
Sabes, por mais aplicada que sejas, talvez o rumo não seja seguir, sem questionar, o rasto do bando. Tu não tens, em primeira instância, que agradar aos outros, mas sim a ti mesma. As palmas, se as houver, vêm por acréscimo.
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