domingo, 23 de setembro de 2018

VAGAS

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Margarida Cepêda, Ela, o violino e vagas

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Já pouco me interrogo, confesso, quando a onda galga o paredão.
Não somos deuses, somos meros aprendizes de feiticeiro. E, a cada descoberta, ficamos tão eufóricos que, para lá do manto tecido pela vaidade, nada nos é permitido ver. A humildade, condição fundamental de qualquer pretenso equilíbrio, tende a esvair-se, cada vez mais, como se fosse condição dos fracos. Galga a vaga de contabilizar, ganha a gargalhada de possuir. Eliminando, sempre.
Já pouco me interrogo, confesso, quando a onda galga o paredão. Já não leio livros, apenas me interessa o olhar das pessoas. Mas sofro, meu amor e, quase sem me dar conta, teimo em procurar a tua mão.
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