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Hoje, com todos os cuidados, houve visita do Miguel. Foi o suficiente para agitar a casa, em tons festivos, dando cor e substância a todos os recantos, com encantos e alguns cantos. Até eu cantei, entre múltiplas manifestações, aparentemente estranhas, que os adultos costumam adoptar com os bebés. Parecemos uns totós, mas sabe bem. 😊
A reboque também veio o Whisky, o cão arraçado de boxer, campeão de mimos e simpatias que insiste, numa manifestação muito própria, em querer brincar com um pau. De vez em quando, qual ambiente perfeitamente equilibrado, alguém lhe faz a vontade, em modo quanto baste. É claro que, com a sua presença, nunca mais ninguém viu o gato que teima em não sair daqui. Deve estar num observatório privilegiado, a ver como param as modas, à espera da melhor oportunidade para retomar o espaço que já sente seu.
O Miguel, desta vez, não fica muito tempo, pois os pais têm que viajar para o Porto, por motivos profissionais, e não dispensam a sua presença. Enquanto puderem, e não depende só deles, querem ser pais a tempo inteiro, revezando-se no apoio, tentando conciliar o tele-trabalho de um com o trabalho presencial do outro. Por lá ficarão três dias, os necessários para dar vazão a um protocolo experimental, já bastante adiantado, com uma empresa do norte, ligada à investigação, e depois regressam à base. No fundo, e apesar das ausências, sinto-me grato por sentir, na prática deles, que é possível usufruir da qualidade de vida do interior e, em simultâneo, corresponder às exigências do mundo actual. Assim eles o queiram, assim as circunstâncias o permitam.
Aceno na despedida e, num modo muito íntimo, embora, de certa forma, egoísta, sinto que tenho tanto para lhe dizer, assim ele queira ouvir, acerca de equilíbrios, de olhares, de viagens, de afectos, da Natureza...! Ah, Miguel, meu amor, meu querido neto!
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