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A vida é percurso imprevisível, nunca se sabe o que está para lá da próxima curva. Planificar e organizar ajuda muito, mas não basta. Há sempre factores que nos ultrapassam e que, quando se manifestam, têm o condão de nos recordar as nossas imensas limitações.
Sinto, de há muito, que o contacto com a natureza nos devolve ao nosso verdadeiro lugar. O despontar de uma semente é fragilidade sempre presente, pois requer equilíbrios forjados em mil incertezas, mas o milagre da vida acaba sempre por prevalecer. É isso que, pacientemente, vou observando na horta que cultivo no meu pouco tempo livre. E, quando os legumes chegam à mesa, a harmonia das coisas certas irrompe quase sem darmos conta.
Ontem, entre Estrela e Gardunha, o céu resolveu manifestar-se com estrondo. No final do dia, por entre raios, relâmpagos e granizo, uma chuva intensíssima desabou sobre a horta, menina dos meus olhos, e fustigou-a violentamente. Em poucos minutos o terreno ficou completamente alagado, enquanto o granizo não parava de chicotear as frágeis plantas: tomateiros, alfaces, couves, cebolas, alho francês, beringelas, abóboras, espinafres, pimentos, salsa...
Após a intempérie, o cenário era desolador. A horta, até aqui espaço de reencontro após actividade intensa no mundo lá fora - o tal, pleno de paradoxos, mas que vai garantindo a sobrevivência - transfigurara-se em cenário de quase pesadelo: os regos desapareceram com a erosão da água; muitas plantas partidas, outras dobradas; fruta, ainda em formação, espalhada pelo chão...
Hoje, pela manhã, ao analisar os estragos, a primeira sensação foi de impotência. Mas, lentamente, o espírito das coisas começou a falar mais alto. Apanharam-se as plantas partidas, estacaram-se outras, refizeram-se os regos.
A minha horta não está como estava, mas vai sobreviver. E, chegada a hora de se apresentar na mesa, o sabor vai, com toda a certeza, ser diferente para melhor. Porque forjado na adversidade.
.Sinto, de há muito, que o contacto com a natureza nos devolve ao nosso verdadeiro lugar. O despontar de uma semente é fragilidade sempre presente, pois requer equilíbrios forjados em mil incertezas, mas o milagre da vida acaba sempre por prevalecer. É isso que, pacientemente, vou observando na horta que cultivo no meu pouco tempo livre. E, quando os legumes chegam à mesa, a harmonia das coisas certas irrompe quase sem darmos conta.
Ontem, entre Estrela e Gardunha, o céu resolveu manifestar-se com estrondo. No final do dia, por entre raios, relâmpagos e granizo, uma chuva intensíssima desabou sobre a horta, menina dos meus olhos, e fustigou-a violentamente. Em poucos minutos o terreno ficou completamente alagado, enquanto o granizo não parava de chicotear as frágeis plantas: tomateiros, alfaces, couves, cebolas, alho francês, beringelas, abóboras, espinafres, pimentos, salsa...
Após a intempérie, o cenário era desolador. A horta, até aqui espaço de reencontro após actividade intensa no mundo lá fora - o tal, pleno de paradoxos, mas que vai garantindo a sobrevivência - transfigurara-se em cenário de quase pesadelo: os regos desapareceram com a erosão da água; muitas plantas partidas, outras dobradas; fruta, ainda em formação, espalhada pelo chão...
Hoje, pela manhã, ao analisar os estragos, a primeira sensação foi de impotência. Mas, lentamente, o espírito das coisas começou a falar mais alto. Apanharam-se as plantas partidas, estacaram-se outras, refizeram-se os regos.
A minha horta não está como estava, mas vai sobreviver. E, chegada a hora de se apresentar na mesa, o sabor vai, com toda a certeza, ser diferente para melhor. Porque forjado na adversidade.
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