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AC, Pedreira de mármore em Borba, Alentejo
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Alentejo sonante, aparentemente adormecido, Alentejo cantante, com mil e um ais de herança. Para lá da diáspora, o território continua a reinventar-se, a sobreviver, como que a querer dizer aos demais que por ali há gente de alma nobre, afeiçoada à terra, onde se misturam, qual receita milenar dum equilíbrio identitário, a humildade, a simplicidade e o orgulho de se ser, conjugando, numa forma única de saber estar, as suas raízes profundas com a abertura, sem concessões, das janelas para o mundo. E, podem crer, para lá dos horizontes abertos, essa é a sua maior riqueza.
Tínhamos passado o sábado em Estremoz, que nos acolheu de forma surpreendente. Se, por um lado, já estávamos à espera de nos maravilharmos com os bonecos de Estremoz, agraciados pela UNESCO como património da Humanidade, o Museu do Azulejo, que desconhecíamos - no género, é o maior da Europa, talvez do mundo - foi uma daquelas surpresas que, pelo inesperado, suscitou mais exclamações. Uau!, da forma mais espontânea, foi a mais sentida. E, por entre maravilhas e encantamentos, acabámos a sessão a comer uma belíssima sopa de cação, que rima e com muita razão (de ser).
Pernoitámos em Vila Viçosa, que continua, orgulhosamente, a recordar Florbela Espanca e, após alguns acordes tocados à monumentalidade histórica, sem araganças mas com muitos Braganças de permeio, fomos visitar uma pedreira de mármore, cartaz obrigatório desta região.
Eu dizia, a cada camada, tu dizias, deslumbrada... E, por mais que se olhasse, e sentisse, ficava sempre a sensação duma explicação incompleta. Tal como se falássemos da vida. Fotografe-se, pois, antes que a veia nos escape.
A tarde passou-se na nóvel cidade de Borba, com o mármore - tal como em Estremoz e em Vila Viçosa - sempre presente, ou não fosse esta a Rota do Ouro Branco. Como cartaz, numa arquitectura apaziguadora, bem integrada, lá estão os palácios, o castelo, os fontanários, as igrejas, o casario medieval... E sempre, mas sempre, com uma forma muita própria de estar dos residentes, qual reserva natural duma genuína identidade talhada pelos tempos.
No final, a convicção: há que voltar, mas desta vez com mais vagar. O sentir, o cantar e a forma de estar desta região bem o merecem. Talvez, quiçá, saibamos mergulhar ainda mais profundamente na alma desta gente.
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