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Margarida Cepêda, O Fio de Ariadne
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Há no exercício da escrita algo que te aquieta, te redime.
As palavras, a princípio contraídas, vão-se libertando à medida que resolves o
enigma do jogo de espelhos. E, qual milagre animado, cada uma parece ganhar
vida própria dentro do todo. Um todo circunscrito, é certo, mas ainda assim um
todo. Embora ínfimo. Sentes-te bem, a inquietação apaziguou-se. Mas a
perversidade do labirinto apenas se esbateu. Amanhã, quando olhares o
horizonte, vais voltar a sentir estreiteza na encruzilhada dos rumos.
Gostaria de te dizer que olhasses para as rosas, que
absorvesses a arquitectura dos plátanos, mas a tua obsessão não me ouve.
Precisas ser tu a descobrir.
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Maio de 2011
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