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António Tapadinhas, Biblioteca
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Gostas de saber, gostas de perceber, gostas de mergulhar fundo mas, por ora, as palavras da tua caixa negra ainda são indomáveis. Não te conformas, ainda bem, e tentas, a pouco e pouco, filtrar o que te é possível.
As paredes quase nuas dessa interior construção são frias, sabem-te a pouco, e nada melhor que convocar teorias aconchegantes para as adornar. São esculturas inacabadas, em permanente reformulação, geradoras de cenários tentadores, cada vez mais credíveis. É a tua rede de protecção, que vais tecendo, cada vez mais, com maior perfeição.
Entretanto, sem te aperceberes, foste construindo amarras, doces amarras. E quando o vento, zangado com algo que só ele sabe, soprou com mais força, as paredes voltaram a despir-se.
Choraste, mas não paraste. Percebeste que o teu destino é um contínuo recomeço.
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