terça-feira, 25 de agosto de 2015

CANTILENA DE FIM DE TARDE

.
Hélio Cunha, A Roda
.
.
No Verão, à tardinha, quando a luz sorria, suavemente, com o aproximar da sombra, insinuava-se a hora do apaziguamento.
No desenhar da cantilena transparecia a vontade de crescer, do olhar envolvente emanava o discreto anseio de proteger. Alimentada por um fogo que ainda não dominavas, só tu, no final, alheia ao despreocupado ecoar dos risos, teimavas em matutar no milagre da maturação dos frutos.
.
.

sábado, 15 de agosto de 2015

INTERROGAÇÕES DUMA CADEIRA DE PRAIA

.
Imagem retirada daqui.
.
.
pescada pesca-se com escada?
No sermão de Santo António aos peixes, houve um que ficou pregado?
A solha foi arma de arremesso em lutas territoriais?
A gaivota vota gay?
O lavagante lava o lugar vago?
A santola é uma santa tola?
Para se ter dinheiro, é preciso robalo?
A dourada é a melhor reforma?
A alga é fidalga, ou filha de pais incógnitos?
A cara de pau do carapau desaparece quando este é comido?
A nuvem vem para cá, ou o rei nu vem?
Para abrir uma vala, é preciso cavala?
O desejo da moreia é morar na areia?
O roquete, quando grelhado, pede Herdade do Esporão?
Em noites de lua cheia, a lula ulula, ou pulula?
O atum só ata um, e mais nenhum?
A anchova faz a higiene antes que chova?
tubarão trata por tu o barão. É por isso que, em tempo de novos barões, eles preferem as águas quentes?
Um passo de coelho, num passadiço, não passa disso?
.
.