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Os tempos não iam para grandes assomos de liberdade.
O trabalho no terreno, verdadeiro sustentáculo de todo o edifício, gemia até mais não com a carga opressora. A cúpula, por seu lado, nunca se dava por satisfeita, enfeitiçada que estava na análise dos gráficos. E, na lógica do gabinete, mais um ponto percentual não custava nada. Todos sentiam o cheiro do medo, e as chefias intermédias, entaladas que estavam entre o coração e a razão, tentavam encontrar pé no mar da sobrevivência.
O Teles, chegado há pouco a um cargo de chefia - na verdade não mandava nada, era apenas um mero transmissor - começou por sentir cócegas no ego aquando da sua nomeação. Mas em breve o sorriso deu lugar à angústia quando se apercebeu do seu verdadeiro papel.
O tempo, contudo, faz milagres. E o Teles, qual ovo de Colombo, julgou encontrar a solução para anular a sua estreiteza. Forjou um projecto que agradasse às instâncias superiores e, em simultâneo, piscasse o olho às bases.
A cúpula, sorridente, bateu-lhe nas costas como quem elogia um menino. As bases, porém, já há muito tinham perdido a vontade de sorrir. O Teles era apenas mais um que tinha vendido a alma ao diabo.
.O trabalho no terreno, verdadeiro sustentáculo de todo o edifício, gemia até mais não com a carga opressora. A cúpula, por seu lado, nunca se dava por satisfeita, enfeitiçada que estava na análise dos gráficos. E, na lógica do gabinete, mais um ponto percentual não custava nada. Todos sentiam o cheiro do medo, e as chefias intermédias, entaladas que estavam entre o coração e a razão, tentavam encontrar pé no mar da sobrevivência.
O Teles, chegado há pouco a um cargo de chefia - na verdade não mandava nada, era apenas um mero transmissor - começou por sentir cócegas no ego aquando da sua nomeação. Mas em breve o sorriso deu lugar à angústia quando se apercebeu do seu verdadeiro papel.
O tempo, contudo, faz milagres. E o Teles, qual ovo de Colombo, julgou encontrar a solução para anular a sua estreiteza. Forjou um projecto que agradasse às instâncias superiores e, em simultâneo, piscasse o olho às bases.
A cúpula, sorridente, bateu-lhe nas costas como quem elogia um menino. As bases, porém, já há muito tinham perdido a vontade de sorrir. O Teles era apenas mais um que tinha vendido a alma ao diabo.
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Coitado do Teles... ficou entalado entre o poder e o povo. É que já não há piscadela de olho que nos valha... :)
ResponderEliminarChama-lhe Teles!!!
ResponderEliminar:)
Mais um dos outros...ou de tantos outros...!!
ResponderEliminarBeijo d'anjo
Subserviências que as pequenas promoções e os parcos euros conquistam.E passar de oprimido a opressor faz toda a diferença para quem tem um ego que precisa deste tipo de afago. Como dizes " na verdade não mandava nada...". Um post muito interessante que merece a nossa reflexão e daí a necessidade de uma leitura muito atenta.
ResponderEliminarBem-hajas!
Beijinho
O preço de algumas sobrevivências é alto demais.
ResponderEliminarUm grande bj querido amigo que tanta falta me faz.
li a primeira frase e pensei: olha uma verdade tão bem dita!
ResponderEliminare não parei de ler até dar com o fim :)
um beijinho*
Oi poeta...
ResponderEliminarNa realidade os Telles chocam mas não assustam não, hoje em dia neste mundo tão competitivo e individualista vendem a alma por um lugar ao sol. Poucos escolhem tentar escolher, outros tantos decidem sem pensar, apenas reproduzem as vontades e necesidades de quem está no poder.
Fiquei mega feliz em te ver e te ter como seguidor,é um prazer tão grande e quase um presente neste dia da poesia.
beijos e até...
Olá AC!!!
ResponderEliminarPode ter conseguido uma vitória,mas não sairá impune o Telles...a vida cobra,seja no ato ou em prestações salgadas!!!
A tão temida lei da ação e reação.
Beijos Amigo
É querido AC,
ResponderEliminare tantos Teles por aí..
bem scrito!
beijos
Eis que o herói levanta-se da catacumba, quando atento ao chamado de sua postura e como nada, arrisca a estratégia no jeito desesperador da sua consciência...
ResponderEliminarSe estou em coma arrisco a esperança...
Profundo AC...
Gosto de tuas interioridades, sempre muito reflexivas...
Bjs
Livinha
E hoje encontrei-me com um Teles!!
ResponderEliminarAbraços meu querido!!^^
AC, meu querido,
ResponderEliminarQuanto será que custa um homem?
Sempre brilhante, meu amigo.
Quantos Teles encontramos por aí?
ResponderEliminarAdorei o texto. Parabéns.
Adriana
Teles – uma figura muito clonada nos tempos de hoje! : )
ResponderEliminarOs Teles da nossa realidade...
ResponderEliminarótimo texto!!
bjinhus...
Tantos Teles existem em todo o canto, heim?
ResponderEliminarTexto lindo, pra variar.
E ler você é sempre prazeroso, que bom que veio.
Beijos...
Você faz uma combinação ótima com as fotos da Margarida, esta as nossas teias juntamente com o texto a sobrevivencia, nos mostra como ficamos envolvidos nas nossas escolhas e muitas vezes não fazemos a escolha conveniente com os nossos desejos.
ResponderEliminarbjs tenha uma excelente semana.
vender a alma ao daibo eis a questão :)
ResponderEliminarbeijos
Agostinho,
ResponderEliminarAinda bem que tiveste um tempinho para voltares. E voltaste com garra. Denuncias uma das atitudes muito comuns nos dias de hoje. Atitude onde falta a ética e, consequentemente, como não se pode agradar a dois Senhores, sofre-se as consequências.
É difícil fazer-se, em simultâneo, de Olivia patroa e Olívia costureira.
Grande abraço, amigo.
Caldeira
AC
ResponderEliminar"Os tempos não iam para grandes assomos de liberdade". E agora vão!!! O Teles, ai AC quantos Teles não vendem a alma ao Diabo ou sei lá a quem. Forte este seu texto. Adorei. Bem vindo.
Beijo
esses teus textos espargem significancias,
ResponderEliminarabraço
Teles deveria ser o sobrenome oficial em todas as instâncias do poder público no Brasil eas exceções existem apenas para confirmar a regra.
ResponderEliminarIronicamente subtil!!!
ResponderEliminarAi , tantos Teles que temos por aí e tão poucos AC...
Beijo
Entendo!... Já vi, já sei!... Conheço alguns "Teles"
ResponderEliminarTextualmente, um verdadeiro achado!
Parabéns.
Um beijo
Infelizmente, conhecemos muitos Teles...
ResponderEliminarPergunto-me se estas pessoas se sentirão realizadas? ou enganam-se a si próprias à custa do engano que provocam nos outros?
Dificil de entender estes meandros...
abraço
Muito boa ficção, mas têm também o retrato da realidade humana moderna.
ResponderEliminarAté mais!
já estava com saudades daqui.
ResponderEliminarbeijinho*
AC
ResponderEliminarHoje trabalhar em firma não é para qualquer um
com carinho MOnica
Ao longo de minha ainda curta vida já me cruzei com muitos Teles, e que abomináveis eles são! Abraço.
ResponderEliminarComo sempre, parabéns pelo texto brilhante, AC!
ResponderEliminarAbraço
wwwsinparangon.blogspot.com
AC! Desaparecido rs!
ResponderEliminarAprecio deveras o modo como constroi seus textos.
Sempre perfeitos!
Deixo um beijo e um excelente dia pra vc!
E isso é vida??? Mas infelizmente há muita gente assim....
ResponderEliminarTexto interessante, real....
Beijos e abraços
Marta
Mais um Teles igual a tantos outros...este post é digno de uma boa reflexão sem dúvida!
ResponderEliminarBjs
Atualmente vivemos num mundo onde a subserviencia é a aliada da sobrevivencia, acima de quaisquer valores, a não ser os que alimentam o ego e o bolso...
ResponderEliminarabços
Oi AC!
ResponderEliminarEssa é uma realidade tipicamente brasileira... Paternalismo, clientelismo, nepotismo... É uma teia que se arrasta por todos os governos. Texto interessante! Vale a reflexão! Bjuss
… sabes porque por vezes não me apetece acordar, Agostinho?!...
ResponderEliminarPrecisamente por isso…, cada vez mais é difícil descobrir onde está quem ainda não vendeu a sua alma ao diabo, ou seja a quem fôr!...
Incrível, como tu sabes dizer as coisas :)
Beijo meu e abraço:)
AC,
ResponderEliminarFez-me lembrar Dante e a Divina Comédia por causa de vender a alma ao diabo.
Vejo que ficou fascinado por Margarida Cêpeda. Esta tela não conhecia, gostei e foi bem escolhida para o que pretende demonstar, embora me ultrapasse.
Sabe usar muito bem a pena e o tinteiro, parabéns!
Abraço!
Porque da Serra vem sempre boas histórias?
ResponderEliminarVou fixar este trilho, pois a paisagem promete ...
Um abraço do Canto de Cá ...
Que medo! Vivo rodeada de Teles! Já não distingo quem não é, questiono a própria sombra.
ResponderEliminarAbraço
os estreitos
ResponderEliminarestreitam-se sempre mais um pouco
pisco é um pássaro
e o seu texto
é um menino que dá um pontapé nos poderes acinzentados
um beijo, AC!
manuela
O tempo é implacavel...fiel companheiro,,,louco inimigo...e nos deixa lembranças e saudades e ainda incerto futuro...grande abraço de bom dia pra ti amigo.
ResponderEliminarOi AC!
ResponderEliminarBelo texto... fiquei aqui pensando em quantos Teles eu conheço kkk
bjs
Agostinho
ResponderEliminarEsta metáfora política está extraordinária.
O Teles sufoca-nos e a alma estiola.Que boom ver como se pode fazer política de forma literária e profunda.
O meu abraço de sempre com saudades.
Graças a Deus que eu te encontrei,eu revirei o planeta atrás de ti,ta exagerei um pouquinho.
ResponderEliminarEstou de volta com um blog novo,o antigo foi denunciado.
Volto daqui um pouco para comentar seu texto á altura,estou resgatando meus seguidores mais adoráveis,um eu já capturei.
Beijokas millllllllllllllll
AC
ResponderEliminarÉ vê-los passar, com a alma vendida. Alguns voltam a regressar às bases, desalmados exprimidos que nem limões e de costas curvadas. Foram muitas as palmadas..
Apenas sinto pena... custa-me sempre ver alguém cair de joelhos na humilhação.
Excelente texto!!
Um abraço
Um belissimo final de semana pra ti amigo...abraços.
ResponderEliminarOi,eu ñ disse que voltaria meu amigo!!!
ResponderEliminarGostei do seu texto,o envolvimento político é bem parecido com meu país,tudo tão banal.
Parabénsssssssss.
Um exelente fds meu querido.
admirável metáfora!
ResponderEliminarmas em verdade o Telles não tem alma...
abraços
Agostinhamigo
ResponderEliminarSubscrevo o que disse a nossa Émepontamiga: «chama-lhe Teles...». Porém, não me fico pela subscrição; nada disso.
Já o tenho dito, repito e tripito: prosa desta não há muita. Plagiando os velhos Dupon & Dupont, prosa desta não há muita; ou seja, há pouca. O amigo Banana não diria melhor.
É escorreita, é incisiva, é ácida - mas é saudável. O dito Teles era apenas mais um que vendera a alma ao Diabo. Sem a mínima dúvida.
Prontos (sem s), fico-me, passo, calo-me.
Olá, não me calo: na nossa Travessa vou publicar lá para o princípio da semana, quiçá, mais um capítulo do meu romance policial...
Abç
Conheço o "Teles"... Há quem se venda por um prato de lentilhas...
ResponderEliminarBeijo
Graça
Olá, AC!
ResponderEliminarSaudade de você!
Seu texto, como sempre, forte e realista.
Impecável!
Beijo grande!
Muito legal o blog
ResponderEliminarficarei por aqui!!
Querido AC...
ResponderEliminarEstive reclusa por alguns dias, num torvelinho meio sem sentido e , confesso, um pouco desencantada ainda.Mas ,redescobri o que sempre soube: na blogosfera sinto-me em casa e quando a gente se perde o regresso é o caminho.
Volto, hoje, e me deparo com um texto que desejaria que não houvesse saído da imaginação. Mas atrás da ficção, o mundo contemporâneo se mostra avassalador.E aí tão presente.
Que pena! Quero voltar aqui para vê-lo escrever sobre águas e teixos, rouxinóis e amores possíveis e impossíveis,porque essa beleza que seus textos possuem são marca registrada.
Beijos.
AC,
ResponderEliminarPerfeito texto !
E tantos são os "Teles" que vemos por aí ...
Bjo Grande !
:)
Em meia dúzia de parágrafos narrou uma parcela assinalável do mundo. Uma parcela que, infelizmente, parece alargar-se em momentos como os actuais. O problema surge perante a evidência de que agradar a Deus e ao diabo, a gregos e a troianos, é tarefa impossível.
ResponderEliminarBom domingo!
Amizade!
ResponderEliminarNão lembro datas...
Não me dedico a fazer contas, Nem fico imaginando até quando... Simplesmente, porque amigos não são números.
Amizade é presença permitida, ausência necessária E sempre presente, Esteja longe, Esteja ao lado, Esteja onde estiver...
E o amor, que dedico a um amigo é algo sem palavras... É sorrir por dentro... chorar de emoção... Calar se preciso...
(Alice Ruiz).
FELIZ DIA DO BLOGUEIRO!
beijooo.
Querido Ac! Fico extremamente feliz quando vai passear até ao meu blog!
ResponderEliminarÉ mais feliz ainda com seus ecritos. Pelo que posso notar, agora você está mais ligado ao concreto, ao objetivo. Parece que mudou um pouco de estilo.
Beijos...!
Muito bem urdido...louvo-te o talento!!!Há tantos que vendem a alma ao diabo!!!
ResponderEliminarEu compreendo a tua demora em me visitar, não te preocupes com isso, tenho pena porque fazes falta e adoro os teus comentários...mas para compensar é bom sentir-te de surpresa ...
Beijo grande
(espero por ti no próximo carnaval:))