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Nasceu na severidade do granito, a acreditar na honra, temperado na discreta tonalidade da urze.
A alma, movida a inquietude, era tão grande que mudou de lugar. E quis saber, indagar, questionar.
Depressa percebeu que, na severidade dos muros, tudo era pequeno, no espaço e nas intenções. Nas areias movediças da vida ressentiu-se da omissão do espelho dos olhos, da ausência da simplicidade de respirar. Para manter a dignidade à tona esbracejou, gritou, recusou pactuar. Até ao fim.
Ciclicamente regressava à urze, ao simbolismo da força das raízes da torga. Desistir, nunca, a força da terra-mãe nunca o abandonou. E, entre o cá e o lá, foi forjando convicções, alimentando afectos, por mais raros, preciosidade em paisagens humanas inspiradas em cata-ventos.
Vi-o passar. Era dos que deixava rasto. As portas que se fechavam, apesar das ferroadas, apenas inchavam o peito de dignidade.
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"Na severidade dos muros tudo é pequeno"
ResponderEliminarExistem versos que se impõem no texto
pela profundidade que alcançam
no impressionismo que induzem
na sublimação de uma representação
São versos que perduram num rasto intemporal
Assim como Torga perdurará
Abraço
Necessidade de um horizonte muito mais alargado...
ResponderEliminarE como eu gosto de Miguel Torga!
ResponderEliminarObrigada pela lembrança!
Abraço
Caríssimo poeta tenha um lindo final de semana.
ResponderEliminarbjs
"As portas que se fechavam"...
ResponderEliminarhoje, são portas abertas
que sempre se fecham a horas certas
na severidade dos dias...
Gosto de Miguel Torga e confesso que gosto muito do teu Torgando!
ResponderEliminarBjs
Em sintonia! :)
ResponderEliminarBeijinhos Marianos! :)
Que belo poema minha querida. Um lirismo encantador
ResponderEliminarUm domingo maravilhoso
Beijos
Querida...
EliminarEstá a falar com O professOr A C ...
Adorei te ler! Lindo! bjs praianos,chica
ResponderEliminarO nosso Torga
ResponderEliminarno coração das pedras
Poeta , suas palavras torcem e se retorcem como
ResponderEliminarfios de um lindo bordado . Obrigada . Beijos
Confesso que nao conhecia o poeta Miguel Torga... apos ler aqui e gostar, fui procurar mais de seus escritos e fiquei maravilhada...
ResponderEliminarO texto está soberbo, mesmo no estilo de Torga, tanto, que nos sentimos confundidos.
ResponderEliminarO título vem colocar ordem na análise, está muito conveniente e interessante.
Uma hábil e fecunda arte de usar palavras e conceitos adequados para urdir textos belos e coerentes, eis...
~ A ~ e s c r i t a ~ c r i a t i v a.~
~ Beijinho.~
"Nas areias movediças da vida"; texto todo tao bem identificado esse toma lá da cá de inseguranças, mas que não podemos nos mover por elas. Lindo texto!
ResponderEliminarPrecisávamos de muitos homens com o seu espirito, a sua garra, a sua tenacidade, e força de vontade. Ainda que como ele não tivessem veia poética. O País apesar de pequeno é demasiado grande para a mediocridade atual.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Olá, AC!
ResponderEliminarMudou-se para a aldeia grande, mas sempre se sentiu ligado à terra e vida dura onde nasceu - e a que nunca deixou de pertencer.
Bonito resumo da longa história de vida dum homem bom como hoje "já não se vê", ou vê muito pouco...
Um abraço e boa semana
Vitor
Quando nos dispomos a transpor os muros que nos colocam internamente, descobrimos que após a dor, há o horizonte todo pela frente, e a sensação de vitória sobre as próprias limitações. Lindo escrito, um abraço!
ResponderEliminarDivino! Impressionante... intenso...
ResponderEliminarBeijo.
Um belo texto,gostei bastante do que escreveste nesta tua postagem. Quero desejar-te uma excelente semana,espero que o teu mês de janeiro termine da melhor maneira possivel. Muitos beijinhos,fica com deus e até breve!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt
ResponderEliminarPoético, cada trecho leva ao recolhimento, à reflexão. Além disso a indicação de um poeta, novo para mim. Obrigada pela partilha do texto e do conhecimento que a ele subjaz. Abraços, boa semana.
ResponderEliminarEra dos que deixava rasto e era raro, aposto!
ResponderEliminarMuito boa narrativa, como sempre!
Beijinhos, bom domingo!
Quantas palavras felizes!
ResponderEliminarcom carinho Monica
AC,
ResponderEliminarObrigada pelo registo que deixou. :))
A homenagem a Torga é das mais bonitas que já li.
Igualmente a imagem é uma beleza.
Beijinho.:))
Intensidade não falta na leitura, muito interessante, AC!
ResponderEliminarUm grande abraço por seus textos tão bons de ler.
Meu amigo
ResponderEliminarHá pessoas que ficam marcadas na memória de que as conheceu. Deixam no tempo a sua marca.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Se, apesar das vilezas impostas, ainda assim alimentava afetos, que maravilha poderiam ser os dias!
ResponderEliminarUm beijo, poeta.
necessidade de ser diferente, ainda isso custe muita coisa....
ResponderEliminarbeijo
:)
Bela esta homenagem a Torga!
ResponderEliminarbjs
Bom dia, AC. Dignidade é algo que não devemos perder ou vender, ainda que tudo se mostre contrário ao que queremos e vivemos, temos de caminhar e ver que adiante poderemos encontrar um caminho mais sereno, mas preservando o que especial temos, nosso caráter.
ResponderEliminarBela inspiração.
Tenha uma semana de paz!
Beijos na alma!
Uma belíssima homenagem ao autor de Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha, dentre as dezenas que ele nos deixou, apreendendo-lhe numa condensação em que a poesia se rende à tua pena, meu caro AC.
ResponderEliminarAh! Do outro lado da margem, emocionado, Miguel Torga lhe agradece.
Grande abraço,
Bela homenagem expressada na excelência da tua escrita,acompanhada
ResponderEliminarde grande sentir. Os seres humanos assim, marcam de forma
especial o caminho.
Uma semana luminosa,Ac!
Bjs.
Excelente homenagem meu amigo!
ResponderEliminarExistem pessoas que ficarão para sempre nas nossas memórias.
boa semana AC
beijinho e uma flor
Riquíssima homenagem ao grande Torga, homem de uma rústica solenidade que precisava sair do consultório para voltar de vez em quando a essas raízes de urze que lhe emprestaram o nome.
ResponderEliminarxx
Palavras levadas a um ritmo delicioso de leitura.
ResponderEliminarCadinho RoCo
Maravilhosa esta leitura, AC.
ResponderEliminarBeijo
Sónia
como as árvores - de pé!...
ResponderEliminarabraço
Para além de uma belíssima homenagem, deparo-me com uma escrita envolvente, que nos prende e nos faz pedir mais...
ResponderEliminarBravo AC!!!
Abraço amigo!!!
Torga, o telúrico. Que gratificante continua a ser a sua escrita.
ResponderEliminarAbraço.
Num excelente texto literário homenageias um SENHOR GRANDE das letras. Por isso é que o espaço era tão pequeno, apesar do cenário idílico em que nasceu. Contudo, esse mesmo espaço, parece ter-se moldado num carácter de "antes quebrar que torcer". Houvesse assim HOMENS (em certos espaços...).
ResponderEliminarBjo, AC :)
indagar, questionar, perquirir
ResponderEliminareis o mister
abraço
Depois que cria raízes impossível desistir, beijo Lisette.
ResponderEliminarGostei muito do texto. Tenho uma enorme admiração por Miguel Torga, Homem e Escritor. Da escrita li tudo ou quase tudo. O Homem fui conhecendo através da verticalidade da sua vida. Obrigada por lembrá-lo aqui.
ResponderEliminarAbraço.
Miguel Torga
ResponderEliminarAlguém que eu gostava de ter conhecido
não é fácil ser vertical por excelência e nunca pactuar
ser igual a si mesmo gera uma factura muito cara de pagar
gostei muito deste teu texto a transbordar poesia, como é teu hábito :)
beijo.
°♪♬♫º°
ResponderEliminarBelo texto para homenagear um homem de verdade.
°º✿♫ Bom fim de semana!
°º✿ Beijinhos.
º° ✿✿ ♫° ·.
AC, não sei definir como me sinto após ler teus textos. Talvez assim: "A alma, movida a inquietude, era tão grande que mudou de lugar." É uma profusão de coincidências, de um pensar tão parecido que chega a assustar. Cada palavra escolhida com cuidado, lapidada, arrancada. Entendo disso. Tu estás entre os que deixam rastro.
ResponderEliminarMagnífico.
Abraço, Magali.
" As portas que se fechavam, apesar das ferroadas, apenas inchavam o peito de dignidade." , assim se vê os grandes . Miguel Torga é um deles .
ResponderEliminarUm beijo , AC ,
Maria
Quem nasce com essa ânsia de mais, dificilmente se aquietará ao longo da vida. Ainda bem. Listo-me entre esses eternos insatisfeitos com os horizontes que lhes impõem.
ResponderEliminarBeijinho, um doce fim-de-semana e perdoe a minha ausência, mas tem sido muito complicado gerir o tempo
Ruthia d'O Berço do Mundo