sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O TEMPO DAS OMISSÕES

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Havia um rio. Sem nome. 
Com a chegada dos homens os baptismos multiplicaram-se, a crença baseava-se na perpetuação das designações. 
Agora, após mil essências de aprendizes de feiticeiro, as águas negras foram entubadas, soterradas, conduzidas para outro rio. Também negro. 
Longe da vista, longe do coração. O rio, por omissão, voltou a não ter nome.
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16 comentários:

  1. Há que voltar a nomear o rio dos justos.

    Boa noite, AC.

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  2. Talvez um dia esse rio volte a ter nome. A vida dá tanta volta...
    Beijinho AC

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  3. Contra-ordem
    O primeiro a chegar que traga outras claridades

    Libertemos o rio-sem-nome
    e que este só morra no mar

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  4. E assim as coisas vão sendo esquecidas no tempo. Talvez seja um erro lutar para deixar a memória vívida. Abraços!

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  5. Pois, caríssimo AC, tantas omissões, tanta água que corre sem nome.
    À espera de um abraço!
    Bom fim de semana
    Beijinho :)

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  6. Que belo texto enigmático!
    As mensagens e interpretações
    correm em vários rios de sentires...
    Beijo.

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  7. Mesmos escondidos os rios existem e continuam correndo para o mar...um dia afloram à Terra e voltarão a correr livres e soltos cada um com seu próprio nome...Assim espero!
    Um abraço

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  8. e por vezes sinto-me como esse rio...numa sociedade onde a numeração impera impiedosamente!

    Um abraço

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  9. A tua ultima frase é tão bonita e diz tanto...
    Deixo um beijo grande.

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  10. Há muitos rios, que não desaguam no mar... mas na omissão...
    E tanta gente... faz exactamente o mesmo... porque na omissão, cabe a conveniência, o interesse, o comodismo, a pura indiferença... enfim... na omissão... cabem rios, mesmo!
    E é bem verdade! Vivemos num tempo de omissões!
    Texto brilhante, como sempre, AC!
    Beijinhos
    Ana

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  11. Calar o rio cria a falsa ideia de que perdeu a força. Mas ela se encontra latente: a qualquer momento transbordará e todos o reconhecerão e lembrarão seu nome... Não há como matar a força de um rio... Abraços.

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  12. E o rio como uma parábola...
    Grande mestre!
    Bjo, AC

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  13. Seria o rio de minha aldeia ? Beijos , Ac .

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  14. Rio que vislumbra transbordamento de sentimento... beijo.

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