domingo, 27 de fevereiro de 2022

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Para além do acentuar do poderio do sol, dono e senhor destas e doutras latitudes, com mudanças, para os mais incrédulos, em entrega personalizada, tudo parecia igual: os pardais comportavam-se como donos e senhores do território, debicando onde mais lhes aprouvesse,  as borboletas continuavam a esvoaçar sobre tudo o que encaixasse na sua química, o sino continuava a repicar às mesmas horas. Tudo parecia, enfim, no seu lugar. Contudo, algo não fazia sentido.
Lá longe, mas suficientemente perto, um louco - não dos bons, que também os há - lembrou-se de colocar em causa o equilíbrio, já precário, do planeta. E, de repente, as sirenes tocaram, as mães abraçaram os filhos com uma intensidade de quem adivinha a desgraça, os varões, embora com parcos meios, vestiram a farda da luta como se fosse a derradeira causa. Resistir é preciso, acreditam eles.
Perante a resistência, em plano ascendente, o louco persiste, obcecado, como se a sua visão fosse única. E é aí que reside o verdadeiro perigo. É que, e estamos fartos e cansados de saber, uma fera acossada é capaz das maiores dissonâncias, seja qual for o preço. Para ela, se perder, quem cá ficar que o pague.
Vivemos tempos conturbados, é verdade, daí a necessidade, cada vez mais imperiosa, do cultivo de valores como a paz, a tolerância, a esperança... E, já que a minha geração não conseguiu resolver o problema - infelizmente agravou-o, na ânsia de ter, atirando para trás das costas os sinais comprometedores - acredito, cada vez mais, em acções para que a geração dos meus filhos, já, e do meu neto, amanhã, consigam vislumbrar, na prática, os passos certos para alcançar um verdadeiro equilíbrio. Com a premência de que o futuro não é amanhã, é já hoje.
Quanto à avestruz, se sobreviver, quando tirar a cabeça da areia que apague a luz, porque tudo o que ficar não vale um pingo de alívio.
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9 comentários:

  1. «A Humanidade não é uma abstracção retórica, é carne sofredora e espírito ansioso, e é também uma esperança inesgotável. A paz é possível. Mobilizemo-nos para ela.»

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  2. Tenho horror a extremismos e extremistas, se loucos, ainda pior. A história já nos mostrou como são crueis, nos seus delírios de reis sol.
    Como diz: Que os filhos e netos sejam os iluminados da paz, da tolerância e da esperança.
    Boa noite, sô AC


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  3. O facínora deu o passo que ninguém achava possível ser dado.
    Abraço, boa semana

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  4. Por ter passado o que passei passei a odiar/banir extremistas de todas as cores, religiões etc. e subscrevo tudo o que dizes porque não consigo dizer mais nada!
    Beijos e um bom dia

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  5. Parecia tudo igual. Parecia tudo dentro daquela normalidade a que já estávamos habituados. Mas não. Há um louco ganancioso de um império que resolveu atacar um país e martirizar um povo que não desejava nem merecia esta guerra. A minha solidariedade para com o povo ucraniano.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Uma beijo.

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  6. Como historiadora, posso assegurar-lhe que a humanidade já seguiu esse roteiro tantas vezes que nem é possível enumerar. E nunca acabou bem. Por que agora seria diferente?

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  7. Estamos a passar por coisas muito duras. Dói-me a alma em ver e saber que tantos inocentes sofrem,. Para quê esta Guerra? Os cabeçudos safam-se sempre!
    Espero que a Paz volte. :((
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    Mas, o que importa o carnaval lá fora?

    Beijos e uma excelente semana.

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  8. Malditas sejam as mentes perversas e cruéis. Maldito seja Putin. Malditos sejam quem, à bomba, mata inocentes.
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    Saudações cordiais
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  9. O equilíbrio do mundo tem sido mantido à custa de uma florescente economia de vendas de armas... a paz... é apenas o que espreita timidamente, no intervalo de uma qualquer guerra... que tomamos por quotidiana normalidade... Ruanda... Mianmar... Somália... Gazza... Afeganistão... Síria... e tantos outros lugares... que nos acompanham desde o pequeno almoço, sem já darmos por isso, em qualquer noticiário...
    Será um pesado legado o que deixamos... um mundo por resolver, desde sempre... mas também já assim o encontrámos...
    De facto a humanidade, tem mesmo agido como a avestruz... não encara problemas, para não pensar em soluções... e vai esperando que os mesmos se resolvam talvez por osmose ao acumulá-los... creio que já nem apagará a luz... para tal, teria de abrir os olhos, e procurar pelo interruptor... quando o problema energético... será a próxima fonte de muitos desaguisados inter-países, depois deste presente conflito...
    Um belíssimo texto poético, que nos faz reflectir sobre o tanto à nossa volta... por resolver... e a acontecer...
    Abraço
    Ana

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