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Saltitava nas pedras
Pé ante pé
Para lá do ribeiro
E o canto do melro
Apelo irresistível
Conduzia os anseios
Do pequeno potro
Na descoberta genuína
Da vida em harmonia
Temperada em odores
De giesta e rosmaninho.
Não havia temores
Nas esguias veredas
Que levavam ao pinhal
E o mundo lá longe
Era aqui tão perto
Num fervilhar de vida
Em vão escondida
Em pleno céu aberto.
Sentia a voz da mãe
Inquieta com a cria
Mas os dias eram seguros
Na pacatez do lugar
Num mundo natural
Encostado às montanhas
Em que o nome das coisas
Forjado pelos deuses
Em feitiço profundo
Ainda era o mesmo
Das palavras ditas
No primórdio dos dias
Da criação do mundo.
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Como num poema tão simples as palavras se transformam em gigantes conteúdos profundos e eloquentes.
ResponderEliminarA ruralidade telúrica maravilhosa do "Big Bang" que traz consigo a VIDA.
Que bem que intrepretas o sentimento da Natureza das coisas.
Que maravilha de sensibilidade afectuosa!
Fico muito feliz por poder partilhar contigo esta razão de viver e sentir a simplicidade da vida sem ambição do Ter mas com a aprendizagem diária do Sedr.
Bem-Hajas pela serenidade que transmites a almas mais ou menos inquietas.
Abraço
Caldeira
Caldeira,
ResponderEliminarFico contente por gostares.
Um abraço.
Amigo, tocaste-me com a harmonia das tuas palavras e o teu olhar sobre a naturalidade das coisas.
ResponderEliminarGostei muito!
Abraço
A harmonia da vida em plenitude e mais um poema apoteótico sobre a VERDADE autêntica,que a natureza proporciona.Tudo em si é genuinamente puro e poético:
ResponderEliminar" E o mundo lá longe
Era aqui tão perto
Num fervilhar de vida
Em vão escondida
Em pleno céu aberto.
"E então apeteceu-me também nascer,
ResponderEliminarnascer por mim, por minha expressa vontade,
sem pai nem mãe,
sem preparação de amor,
sem beijos nem carícias de ninguém,
só, só e só por minha livre vontade.
(...)
E pronto. Eis-me nascido. Cheio de sede e fome.
António é o meu nome." (António Gedeão)
Às vezes, há que desaprender e reencontrar a naturalidade do ser e da vida.
Jorge,
ResponderEliminarAinda bem que toquei a tua alma alentejana de horizontes largos.
Um abraço.
Ibel,
ResponderEliminarÀs vezes a harmonia das coisas está mesmo ao nosso lado, mas os nossos olhos apressados não a vêem. Temos que reservar mais tempo para nós, olhar mais à nossa volta.
E.A.,
ResponderEliminarOs seus comentários são sempre interessantes, com um olhar questionador e de procura. Confie no seu olhar e na sua alma.
Ao espreitar no “ninho” do Interioridades, saltitei ao ritmo de cada verso, palavra a palavra, e deparei-me com coisas(extraordinárias!) que não têm nome.
ResponderEliminarTomei a liberdade de ouvir "o canto do melro para lá do ribeiro" e descobri que...
O nome das coisas
Que não têm nome,
São simplicidades do ninho
Que ganham dimensão
No aconchego da mãe
Sempre que abre o coração…
O nome das coisas
Que não têm nome,
São riscos apetecidos
Que perdem na escuridão
o lugar sabido
de um voo cativo
na palma de cada mão.
O nome das coisas
Que não têm nome,
São memórias escondidas
Que ganham emoção
No impulso da palavra
Que tempera a recordação.
O nome das coisas
Que não têm nome,
São sentimentos de um mundo
Que em pleno céu entreaberto,
A medo, nos ensina
Que o mundo lá longe,
Afinal, nunca esteve tão perto…
Há coisas que, pela sua grandeza, simplesmente não têm nome!
Tentar adjectivar a forma como escreves é uma delas.:)
JB,
ResponderEliminarGostei da tua leitura.
Deixa-me apenas acrescentar que, para lá da neblina, as coisa têm mesmo nome, perdemos foi o sentido do seu rumo. O que, na prática, significa que esquecemos de onde viemos e não sabemos muito bem para onde caminhamos.