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O mundo está feio. Feio e triste. Feio, triste e desesperado.
Olhamos em volta e, por mais que nos queiramos fixar em coisas positivas, o alastrar da nossa decrepitude já não se insinua, afirma-se. Deixámos de ter confiança no vizinho, no merceeiro, no político. Ninguém acredita em ninguém.
As instituições, destituídas de credibilidade, parecem seguras por arames; os valores de vida, meta elevada a preservar, diluem-se em interesses egoístas e corporativistas; a natureza, eterna mãe condescendente, esvai-se em queixumes estrebuchantes...
Os líderes passam a mensagem de dificuldades inultrapassáveis, do caos iminente. E o medo insinua-se, levando à irracionalidade, ao animalesco. E a luz da ideia, titubeante, enfrenta tempestades medonhas.
O caminho não passa por colocar um cartaz "Herói, precisa-se!", porque heróis seremos todos nós. Se conseguirmos. Caso contrário, basta um simples epitáfio. Colectivo.
.Olhamos em volta e, por mais que nos queiramos fixar em coisas positivas, o alastrar da nossa decrepitude já não se insinua, afirma-se. Deixámos de ter confiança no vizinho, no merceeiro, no político. Ninguém acredita em ninguém.
As instituições, destituídas de credibilidade, parecem seguras por arames; os valores de vida, meta elevada a preservar, diluem-se em interesses egoístas e corporativistas; a natureza, eterna mãe condescendente, esvai-se em queixumes estrebuchantes...
Os líderes passam a mensagem de dificuldades inultrapassáveis, do caos iminente. E o medo insinua-se, levando à irracionalidade, ao animalesco. E a luz da ideia, titubeante, enfrenta tempestades medonhas.
O caminho não passa por colocar um cartaz "Herói, precisa-se!", porque heróis seremos todos nós. Se conseguirmos. Caso contrário, basta um simples epitáfio. Colectivo.
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Acabei há pouco de ler o livro de Mia Couto.
ResponderEliminarFala das verdades do homem, o sentimento e o sonho, mas também a miséria, a dor e a perda.
Será que estamos mortos por dentro?
A situação que se vive e se intui projecta, efectivamente, um clima de medo, com as consequências que lhe são inerentes.
ResponderEliminarMas é no medo e na incerteza que se costumam revelar os melhores e maiores feitos.
Não estou a falar de heróis míticos, porque não acredito na sua existência. Mas falo em tirar das fraquezas forças para que com os Heróis anónimos sejamos capazes de ultrapassar todos os medos e todas as crises. Até tenho, para mim, que é nestas alturas que se revelam as maiores potencialidades e as mais complexas qualidades de improviso de um Povo que nunca volta as costas às adversidades.
Ter medo não é vergonha nenhuma. Sucumbir a ele já é próprio da cobardia.
Eu tenho Fé que tal não acontecerá a este Povo com quase nove séculos de história, onde pontifica a aventura e o destemor.
Oxalá assim seja.
Caldeira
E.A.,
ResponderEliminarNão estamos mortos por dentro, mas estamos com uma enorme ressaca colectiva, fruto da ilusão do "Ter" (estou a falar da civilização dos valores ocidentais). Mas ainda acredito.
Caldeira,
ResponderEliminarA questão de fundo ultrapassa, e de que maneira, "este Povo com quase nove séculos de história...". É uma questão planetária. Mas gostei de ler que "é nestas alturas que se revelam as maiores potencialidades e as mais complexas qualidades de improviso de um Povo que nunca volta as costas às adversidades." Na verdade, todos estamos a necessitar do nosso melhor, de nos descobrirmos num patamar mais elevado. De darmos pleno sentido a palavras como permuta, solidariedade, amizade...
É verdade… As relações sociais estão comprometidas, não se sabendo ao certo para que lado olha a multidão desnorteada. Que sentimento este que, vivido na ansiedade e na sociedade, teme a reacção de quem desespera face à ameaça que se afirma de forma cada vez mais nutrida.
ResponderEliminarÉ verdade… A própria natureza está comprometida, não se sabendo se sente esse medo que povoou o mundo ou se reage em estado de alerta à humanidade, para que lute, enfrentando-se a si própria.
É verdade… A razão, como característica da condição humana, está comprometida, temo-la ou perdemo-la?!
É verdade... Mas no medo vê-se o receio de se fazer alguma coisa... a falta de atitude é que é condição irracional!
É verdade… Texto curto mas com uma mensagem tão clara e do tamanho do mundo! Conteúdo “medonho” que, nas palavras (e que pena não ser só nas palavras!), ultrapassa a fronteira do Interioridades!
É verdade… Demasiada verdade na bela forma como escreveste, Agostinho!
JB,
ResponderEliminarEscrevi este texto de forma emotiva. Cinco minutos de desabafo, perante evidências tão nítidas. Só não vê quem não quer.
Não sei que diga. Que as coisas não estão bem, nota-se. E reconheço que às vezes apetece fazer como a avestruz.
ResponderEliminarObrigado pelo teu esforço.
Abraço
Olha, Jorge, tal como diz o Caldeira num comentário anterior, eu também acredito que o melhor de nós se pode revelar nestas alturas. Mas é necessário cultivar a ideia...
ResponderEliminarOnde foi parar o meu enorme comentário que já tinha postado? Ainda não foi submetido?
ResponderEliminarSão sete e treze da manhã.Voltei a ler o texto e, com o frio que está,sinto ainda mais que"O mundo está feio. Feio e triste. Feio, triste e desesperado."
Acordei sem ânimo.Vou ter que espevitar.
Ibel,
ResponderEliminarA sua curiosidade é a minha curiosidade, porque ao Interioridades não chegou qualquer comentário. Aguçada a dita cuja, espero que insista e comente novamente, pois as suas impressões são sempre aguardadas com expectativa.
Ânimo!
Você consegue dizer tanto num texto tão pequeno, que recomendei aos meus alunos o Interioridades para verem como se faz uma síntese bem feita. Nada foi esquecido.É tudo tão triste e verdadeiro, que o nem o sol de hoje deu para esquentar o ânimo.
ResponderEliminarIbel,
ResponderEliminarAs coisas estão feias, sem dúvida. Mas há muita coisa positiva por aí. Pessoas que se esforçam, que acreditam e que, com o seu exemplo, conseguem espalhar energia positiva à sua volta. Um dia destes escrevo sobre isso.
Sabe Prof Agostinho, eu sinto-me como a expressão da sua imagem e identifico-me com o seu texto.. melhores dias virão, concerteza.
ResponderEliminarAna Paula,
ResponderEliminarEste texto pretende apenas ser um alerta. Até aqui, por mais erros que cometêssemos, havia sempre uma nova oportunidade. Essa fase, contudo, está a esgotar-se, e estamos a ficar sem margem de manobra. Mas ainda estamos a tempo. E, se olharmos bem, o mundo continua a ser génese de muita coisa maravilhosa.