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reedição
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Júlio olhava pela janela. Em frente, na pastelaria, algumas pessoas tomavam a bica ao balcão a olhar para o relógio. Na esplanada, indiferente à pressa geral, um casalinho gozava os raios de sol de um Verão tardio, enquanto deitava uns grãos de trigo a meia dúzia de pombos. Mais à direita, no jardim, viam-se alguns velhos, de sorriso apagado, a olhar para nenhures, como se as pessoas que por ali passavam, qual enxame de abelhas apressadas, nada lhes dissesse. Andavam quase todos na casa dos setenta e tais, oitenta, e já pouco mais faziam que olhar para o escoar do tempo.
Às vezes Júlio abeirava-se deles e, com a sua presença, o pulsar do grupo alterava-se. Contava uma história engraçada de outros tempos, dizia duas ou três larachas, e o efeito era garantido: os sorrisos voltavam, por momentos, a introduzir-se naquela solidão mortiça.
Joana, a filha, fora visitá-lo um dia destes à hora do almoço, cinco minutos roubados ao seu correrio diário, antes de ir preparar a comida que ela e o marido iriam engolir num ápice. Perguntou-lhe como é que se sentia, se tinha tomado os medicamentos, se precisava de alguma coisa. Depois, a propósito de nada, começou a falar do Sousa, amigo de sempre do pai, que estava há uns tempos no lar.
- Sabe com quem estive? Com a Dora, a filha do seu amigo Sousa. Está a viver no lar, e parece que o tratam lá muito bem.
Nem ele sabia outra coisa! Há dias, em conversa de banco de jardim, o João Pires falara-lhe do destino do Sousa. A notícia tocara-o e, sem dizer nada a ninguém, fora visitar o seu velho amigo ao lar. Quando o viu, arrependeu-se logo de lá ter ido. Estava sentado na varanda, sozinho, completamente alheado de tudo o que o rodeava. Ainda lhe puxou pelo sorriso com uma ou outra graçola, mas o Sousa, que noutros tempos distribuíra entusiasmo a rodos, mostrava-se indiferente a tudo. Parecia que apenas aguardava que chegasse a sua hora.
Joana estava, nitidamente, pouco à vontade a aflorar o assunto, e tentou dissimulá-lo começando a lavar a pouca loiça do pequeno-almoço. Nem reparou que o pai já a tinha lavado, deixando-a apenas a escorrer no lava-loiças. Então disse-lhe que estava preocupada com ele, que não gostava de o ver sozinho. E se lhe acontecesse alguma coisa, quem o socorria? Gostaria muito de o levar para o andar onde vivia, mas as três assoalhadas já eram acanhadas para ela, o marido e os filhos. Na semana passada fora tirar umas informações da Casa de Repouso do Pinheiro, e gostara do que tinha apurado. Era um lugar onde tratavam as pessoas com toda a dignidade, o sítio ideal para ele.
Júlio não disse nada, apenas balbuciou um "está bem" quando a filha, à saída, o lembrou do almoço de domingo em casa dela. A conversa de Joana, no fundo, não o surpreendia, pois sabia que ela não tinha condições para o receber. Ela e o marido matavam-se a trabalhar, com um horário cada vez mais exigente, e o que recebiam mal dava para pagarem a prestação da casa. Houve uma altura em que pensou que talvez lhe arranjassem um cantito na sala para dormir, mas era ele a iludir-se com a possibilidade de acompanhar o crescimento dos netos, de os sentar nos joelhos enquanto os maravilhava com as aventuras do João Pequeno, história que o seu avô lhe contara vezes sem conta na sua meninice. Mas os tempos tinham mudado. Ao que sabia, os pequenos passavam o dia fechados no infantário, no meio de dezenas de outros reclusos, e só lhes concediam uma precária quando os pais os iam buscar no fim do trabalho. Mas pouco aproveitavam do seu quinhão de liberdade. Quando chegavam a casa, os pais colocavam-nos em frente da televisão enquanto faziam o jantar. Depois comiam e, passado pouco tempo, toca a deitar, que amanhã é preciso levantar cedo. E no dia seguinte, num ritual sempre igual, lá iam todos para o mesmo ramerrame. Tinha pena deles, mas que poderia fazer? Raio de tempos, estes!
Depois da filha sair Júlio ficou mergulhado num turbilhão de pensamentos inconsequentes. As suas palavras, embora não o apanhassem desprevenido, tocaram-no como nunca pensara. Começou a dar voltas à casa, tentando ordenar ideias, mas a sensação de aperto não saía do seu peito.
Foi então que tomou uma decisão. Ainda pegou numas roupas para colocar na mala que guardava no roupeiro, mas abandonou a ideia. Dirigiu-se para a cómoda e, com todo o cuidado, retirou um estojo do fundo de uma das gavetas. Abriu-o, delicadamente, e olhou para o colar que em tempos tinha comprado para Maria, a sua mulher, pequeno luxo a que se permitira para presentear a companheira de muitas vicissitudes e alegrias. Mas ela morrera, em penoso sofrimento, uns dias antes do aniversário, vítima de um cancro de mama tardiamente diagnosticado, e o colar para ali ficara guardado como uma relíquia.
Tomou banho, perfumou-se e vestiu o seu melhor fato. Depois, delicadamente, pegou no estojo, guardou-o no bolso interior do casaco e saiu de casa.
Desceu a avenida muito direito e compenetrado, como se estivesse a escolher os movimentos certos para não engelhar o fato. Mas, ao chegar junto da estação ferroviária, algo o fez vacilar. Parou, por instantes, e ensaiou um olhar para trás. Mas foi coisa de poucos segundos. Recompôs-se rapidamente e, de forma resoluta, abeirou-se da bilheteira:
- Um bilhete para longe, para muito longe!
Quando entrou na carruagem tirou o casaco e sentou-se. Enquanto o ajeitava, cuidadosamente, sobre as pernas, levou a mão mais uma vez ao estojo, como se para se certificar que continuava no mesmo lugar. Maria aguardava-o, e não queria fazê-la esperar mais.
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.Às vezes Júlio abeirava-se deles e, com a sua presença, o pulsar do grupo alterava-se. Contava uma história engraçada de outros tempos, dizia duas ou três larachas, e o efeito era garantido: os sorrisos voltavam, por momentos, a introduzir-se naquela solidão mortiça.
Joana, a filha, fora visitá-lo um dia destes à hora do almoço, cinco minutos roubados ao seu correrio diário, antes de ir preparar a comida que ela e o marido iriam engolir num ápice. Perguntou-lhe como é que se sentia, se tinha tomado os medicamentos, se precisava de alguma coisa. Depois, a propósito de nada, começou a falar do Sousa, amigo de sempre do pai, que estava há uns tempos no lar.
- Sabe com quem estive? Com a Dora, a filha do seu amigo Sousa. Está a viver no lar, e parece que o tratam lá muito bem.
Nem ele sabia outra coisa! Há dias, em conversa de banco de jardim, o João Pires falara-lhe do destino do Sousa. A notícia tocara-o e, sem dizer nada a ninguém, fora visitar o seu velho amigo ao lar. Quando o viu, arrependeu-se logo de lá ter ido. Estava sentado na varanda, sozinho, completamente alheado de tudo o que o rodeava. Ainda lhe puxou pelo sorriso com uma ou outra graçola, mas o Sousa, que noutros tempos distribuíra entusiasmo a rodos, mostrava-se indiferente a tudo. Parecia que apenas aguardava que chegasse a sua hora.
Joana estava, nitidamente, pouco à vontade a aflorar o assunto, e tentou dissimulá-lo começando a lavar a pouca loiça do pequeno-almoço. Nem reparou que o pai já a tinha lavado, deixando-a apenas a escorrer no lava-loiças. Então disse-lhe que estava preocupada com ele, que não gostava de o ver sozinho. E se lhe acontecesse alguma coisa, quem o socorria? Gostaria muito de o levar para o andar onde vivia, mas as três assoalhadas já eram acanhadas para ela, o marido e os filhos. Na semana passada fora tirar umas informações da Casa de Repouso do Pinheiro, e gostara do que tinha apurado. Era um lugar onde tratavam as pessoas com toda a dignidade, o sítio ideal para ele.
Júlio não disse nada, apenas balbuciou um "está bem" quando a filha, à saída, o lembrou do almoço de domingo em casa dela. A conversa de Joana, no fundo, não o surpreendia, pois sabia que ela não tinha condições para o receber. Ela e o marido matavam-se a trabalhar, com um horário cada vez mais exigente, e o que recebiam mal dava para pagarem a prestação da casa. Houve uma altura em que pensou que talvez lhe arranjassem um cantito na sala para dormir, mas era ele a iludir-se com a possibilidade de acompanhar o crescimento dos netos, de os sentar nos joelhos enquanto os maravilhava com as aventuras do João Pequeno, história que o seu avô lhe contara vezes sem conta na sua meninice. Mas os tempos tinham mudado. Ao que sabia, os pequenos passavam o dia fechados no infantário, no meio de dezenas de outros reclusos, e só lhes concediam uma precária quando os pais os iam buscar no fim do trabalho. Mas pouco aproveitavam do seu quinhão de liberdade. Quando chegavam a casa, os pais colocavam-nos em frente da televisão enquanto faziam o jantar. Depois comiam e, passado pouco tempo, toca a deitar, que amanhã é preciso levantar cedo. E no dia seguinte, num ritual sempre igual, lá iam todos para o mesmo ramerrame. Tinha pena deles, mas que poderia fazer? Raio de tempos, estes!
Depois da filha sair Júlio ficou mergulhado num turbilhão de pensamentos inconsequentes. As suas palavras, embora não o apanhassem desprevenido, tocaram-no como nunca pensara. Começou a dar voltas à casa, tentando ordenar ideias, mas a sensação de aperto não saía do seu peito.
Foi então que tomou uma decisão. Ainda pegou numas roupas para colocar na mala que guardava no roupeiro, mas abandonou a ideia. Dirigiu-se para a cómoda e, com todo o cuidado, retirou um estojo do fundo de uma das gavetas. Abriu-o, delicadamente, e olhou para o colar que em tempos tinha comprado para Maria, a sua mulher, pequeno luxo a que se permitira para presentear a companheira de muitas vicissitudes e alegrias. Mas ela morrera, em penoso sofrimento, uns dias antes do aniversário, vítima de um cancro de mama tardiamente diagnosticado, e o colar para ali ficara guardado como uma relíquia.
Tomou banho, perfumou-se e vestiu o seu melhor fato. Depois, delicadamente, pegou no estojo, guardou-o no bolso interior do casaco e saiu de casa.
Desceu a avenida muito direito e compenetrado, como se estivesse a escolher os movimentos certos para não engelhar o fato. Mas, ao chegar junto da estação ferroviária, algo o fez vacilar. Parou, por instantes, e ensaiou um olhar para trás. Mas foi coisa de poucos segundos. Recompôs-se rapidamente e, de forma resoluta, abeirou-se da bilheteira:
- Um bilhete para longe, para muito longe!
Quando entrou na carruagem tirou o casaco e sentou-se. Enquanto o ajeitava, cuidadosamente, sobre as pernas, levou a mão mais uma vez ao estojo, como se para se certificar que continuava no mesmo lugar. Maria aguardava-o, e não queria fazê-la esperar mais.
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Nossa! Fiquei sem palavras...Que lindo!
ResponderEliminarAmei do começo ao fim.
Beijinho.
Fernanda.
Flutuei até aqui para...
ResponderEliminaragradecer...
a sua presença...
em meu Nat King Cole...
Beijos...musicais...
Leca
A vida real é tirana! Nós somos obrigados a ser tiranos muitas vezes, pelas circunstâncias que ela nos impõe.
ResponderEliminarQue história mais linda, ainda que um tanto melancólica. Gostei demais de ler você. Acho que embarquei nessa carruagem ao lado de Júlio, para que o mesmo não se sentisse tão só.
Beijos, boa quinta-feira.
Que lindo texto...
ResponderEliminarbjinhus....
gostei da maneira como vc escreve...muito literária mesmo.
ResponderEliminarqueridas amigas e amigos......
ResponderEliminarhoje não poderei ler nada estou debilitada
Obrigado pelo carinho,
fico feliz quando passa
por aqui...
um bom dia
abços e bjos.
Tudo muito bem descrito e contado, achei até que tinha visto algum dos personagens, que já o conhecia de algum lugar... Transportei-me para lá e aqui estou a ouvir o barulho da carruagem de tuas palavras, do lado de dentro...rs
ResponderEliminarPS:Fiz retoques no novo texto, da uma olhada se possível!
Abraços no coração!
AC ,
ResponderEliminaros seus desfechos como que inesperados , mas mais que " naturais " , encantam-me , porque são ditos , ou melhor escritos , tão subtilmente .
Este á um deles .
Gostava de um dia ser capaz de fazer o mesmo. Comprar o mesmo bilhete .
Um beijo ,
Maria
Deculpe , é e não á .
ResponderEliminarMaria
Mudam-se os tempos e as circunstâncias. Hoje nasce-se na "reclusão" das creches e infantários e morre-se na "reclusão" dos lares.
ResponderEliminarAs condições sócio-económicas foram completamente alteradas e, na maior parte das vezes para pior. Os conceitos e práticas de família deteriorarm-se e os "velhos", autênticas bibliotecas vivas do passado, viraram descartáveis.
Ir sem destino até à etapa final será uma boa solução. Talvez seja bom tirar bilhete.
Um forte abraço.
Caldeira
Muito bem narrado. Parabéns.
ResponderEliminarAC
ResponderEliminarNão sei se reparou mas, no meu blog, no lado direito, tenho uma foto de uma senhora idosa, com o titulo "os desenhos da Carlota". Clicando nele abre-se um slidshow onde os mesmos podem ser observados em pormenor. A Carlota é minha mãe, tem 87 anos, vive num lar onde a visito regularmente dando-lhe e levando-lhe mimos de tudo o que ela mais gosta. Passo tardes com ela desenvolvendo actividades tal como desenho, leitura, escrita e jogos vários, na tentativa de manter acesa a chama que a prende à vida. Não é fácil, ela, que está acamada e completamente dependente de uma cadeira de rodas para se movimentar, necessitando constantemente de apoio de pessoal especializado e de instalações adequadas, sente-se enclausurada. Sei que, seguramente, se pudesse, viajaria com o Júlio.
A sua descrição, por tão realista, deixou-me despedaçada.
Beijos amigos
MariaIvone
Uma história real e comum na maioria das famílias, mas poderia ser diferente, independente do tamanho do lar, levaria meu pai a viver comigo e minha fámilia mesmo que tivesse que dormir num cochão no meio da sala. Que importânciaa teria isso diante da presença do avô na vida dos netos.
ResponderEliminarComovente e ele prefere ir embora a viver num abrigo. Triste, mas com gosto de liberdade.
ResponderEliminarBjs*
Oh AC, isto não se faz amigo, não assim..., tão desprevenidamente!...
ResponderEliminarBeijos meus, num abraço!
Também acho que adquirir sabedoria é a luta de uma vida inteira, meu amigo... Acho que somos eternos aprendizes. Só paramos de aprender quando damos o último suspiro nesta vida. E, depois disso, vêm outros aprendizados...
ResponderEliminarO que nos resta é tentar, a cada instante, aprender algo sublime e guardar isso dentro dos nossos corações por toda a eternidade...
Bju!
Encantada... é como me sinto com teu texto!
ResponderEliminarOlá AC!
ResponderEliminarA história que conta é pungente, tocante, e infelizmente, cada vez mais actual - abrangendo um cada vez maior número de pessoas - de nós.
Nem tudo o que na vida muda, muda para melhor, e quando se ganha num lado perde-se no outro. E o "ganho" conseguido nalguns aspectos da vida que hoje vivemos trouxe um novo lado, o da perda imensa que é ter-se perdido a proximidade entre gerações, e sobretudo a falta de tempo para os mais velhos.Aos mais novos não sobra muitas vezes nem tempo nem espaço para eles, e eles, agora mais novos, também serão velhos, e os mais novos de então também para eles não encontrarão espaço. O nosso modo de vida trouxe-nos para aqui ... e daqui não vamos conseguir sair.É triste, muito, mas é a realidade que assim o dita.E para alguns,o "tirar bilhete" surge como um chamamento a que não conseguem dizer não.
Um abraço.
Vitor
Espere, Maria.
ResponderEliminarComo sempre... magistral.
ResponderEliminarola ac
ResponderEliminarmuito obrigada seus comentarios sempre muito carinhoso
abraço
Lídia Borges disse...
ResponderEliminarA sua escrita é plena de encanto.
Realço a intensidade posta nesta belíssima narrativa que sem cair em sentimentalismos banais exalta o sentimento. E...
Deixa o leitor a pensar!
Um beijo
Também passei por aqui para retirbuir sua visita e adorei cada texto. Muito bem redigidos. = )
ResponderEliminarOi...vc me comove demais com seus textos!
ResponderEliminarMe surpreende....me encanta....me faz viajar....
bjos!!!!
Zil
Realmente intenso e perfeito.
ResponderEliminarbjs
Insana
AC,
ResponderEliminaro seu conto pode ser ficcionado ou baseado em factos reais, mas que é tocante, é. Gostei particularmente da parte em que compara os infantários, a outro tipo de estabelecimentos.
Considero uma genealidade, saber quando é a nossa altura de parar...ou de partir!
Um abraço.
Voce me emocionou com seu texto AC.
ResponderEliminarA realidade e' dura e voce narrou com extrema delicadeza.
Sou contra abrigos, e' "frio" abandonar entes queridos la, mesmo que marquem presença constante.
Mesmo que seja em um cantinho, temos que acolher quem nos criou.
Beijos.
Chorei, mergulhei profundamente nesta história! Tem continuação?
ResponderEliminarBeijos fraternos!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOii...td jóia?
ResponderEliminarDei uma passadinha pra espiar, comentar e dizer que tem um selinho lá no meu blog pra ti!
passa lá...bjinho!
www.falarfrancamente.blogspot.com
Obrigada pela visita ..
ResponderEliminare ao retribuir, dei de cara com um blog maravilhoso: o seu.
parabéns.
belos poemas e textos.
acho que houve um estalo quando levou as mãos ao estojo, algo que só os grandes escritores conseguem exprimir em pequenos acontecimentos numa narrativa muito boa. :)
ResponderEliminarBeijos
Olha eu aqui outra vez :))
ResponderEliminarVenho dar-te outro beijo e dizer-te que tem selinho p'ra ti aqui:
http://meusamigosseusmimosmeusencantos.blogspot.com/
AC,
ResponderEliminarParabéns!
Seus textos prendem-me de principio ao fim!
A realidade escrita magistralmente!
No lugar do Júlio também tiraria o bilhete e se possivel, por uma vez, em primeira classe...
Bjs dos Alpes
AC, os dilemas que aborda são tão realistas quanto pungentes. É claro que o mesmo problema pode ter múltiplas soluções e até a mesma solução pode ser vivida de múltiplas formas. Um final em aberto é também uma frincha para a imaginação de múltiplos desfechos. Gosto de pensar que para o Júlio, como para tantos outros, acabou por ser feliz :)
ResponderEliminarEstou vivendo esta situação com o meu padrasto internado em uma clinica geriátrica.
ResponderEliminarÉ triste, muito triste... :(
Aquele conto lá do blog é autobiográfico sim, com algumas modificações, mas era segredo,rsrsrs
Beijos
Escrita perfeita, com estilo: sinto-me íntima dos personagens... Parabéns!
ResponderEliminarSua maneira de narrar nos prende ao texto. Carinhosamente Óleo.
ResponderEliminarAC, como sempre, uma história muito bem contada aqui nos deixa, convidando todos à reflexão.
ResponderEliminarUm abraço
PS: respondendo à sua questão, eu só estive um dia em Moçambique, na então Lourenço Marques, na minha viagem para Timor, em serviço militar.
AC, como vai?
ResponderEliminarMe concentro muito nesse fato de vivermos cada vez mais programados; trabalho, creche, casa, familia, tv e depois tudo se repete. Isso definitivamente não é viver. Seu texto aborda (ao meu ver( esse tema, aliado ao abandono que desperdiçamos aos nossos idosos. Penso: Será que realmente não podemos fazer melhor que isso?
Eu particularmente, optei por cuidar de meus sogros idosos, meus filhos nunca foram a uma creche. Me nego a seguir uma cartilha, para mim e minha familia; cada dia tem que ter sabor... Somos sal nesse planeta. Não podemos simplesmente viver, temos que Ser!
Adorei o texto e seu estilo...
Abraço!
Intensidade que prende do começo ao fim!
ResponderEliminarQue lindo!
ResponderEliminarBeijosss
Os aspectos negativos da sociedade em que vivemos narrados com maestria e estilo!
ResponderEliminarFoi um praze de o ler. Parabéns!
***
Um beijo e um feliz fim de semana*******
Obrigada, querido amigo, pelo teu carinho no meu canto!
ResponderEliminarBeijos!
Um conto que demonstra de uma maneira directa e objectiva o que é a solidão da velhice e uma sua ideia libertadora de tudo o que a rodeia.
ResponderEliminarJorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 27/08/2010
És sobretudo, um filósofo! O que escreves, seja
ResponderEliminarem prosa ou em versos, sempre me remetem a reflexões profundas, ao humano e transitório
existir...!?
Beijos
do tempo que não temos
ResponderEliminardo espaço que fazemos encolher
não fica apenas a perda do João Pequeno
mas de tudo o que a vida tem de vida
e nos torna dignos de viver!
dos bilhetes de ida
choramos a volta e a revolta de um modelo desumano
de uma escala menor
de uma pobreza maior
...e há um Júlio em cada um de nós...
obrigada AC!
um beijo
manuela
Nossa, que história linda!
ResponderEliminarNão há como não se identificar com tuas palavras!
beijos.
Que história mais linda!
ResponderEliminarObrigada por me mostrar!
Já coloquei como minha favorita e a hora que eu descobrir como ser sua seguidora, vou ser.
E fico honrada, porque só escrevo minhas verdades em rascunho. Agora o Ferreira é um talento e voce, maravilhosa !
Fomos em Portugal no aniversário de mamae dia 20 de abril em Fátima. Ela tem 79 anos e o ano que vem quer passar na Suiça, mas está em duvida.
Com muito carinho
Monica
Olá!
ResponderEliminarMuito obrigado por tamanha delicadeza... O meu coração agradece emocionado! Tanto que agora estou aqui contigo... Tudo lindo aqui!
Luz e paz!
.
ResponderEliminar. ac .
. posso re.dizer a manuela baptista na íntegra? .
. e ser mais um Júlio também? .
. então vou tomar banho, perfumar.me e vestir.me, para Lhe dar o abraço que merece! .
. :) .
. um bom.fim.de.semana .
.
. paulo .
.
Intenço...e surpreendente este teu texto...Gostei...:)
ResponderEliminarBeijo d'anjo e bom fim de semana
Obrigada, AC
ResponderEliminarEstou comovida diante desse lindo conto que nos pega pelo coração.Lindo!Adorei te ler! um grande abraço e quero voltar!chica
ResponderEliminarMuito bom vir por aqui!
ResponderEliminarBoa noite AC,
ResponderEliminaro corre corre a que a vida hoje nos obriga, deixa-nos muitas vezes impossibilitados de prestar atenção e tratar com carinho aqueles que mais amamos.
Pessoalmente sou contra pôr quem nos deu a vida num lar, já não tenho Pai mas a minha Mãe está comigo. Contudo sei bem que há quem não o possa fazer.
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
Sempre fui contra esses "lares". Minha mãe, por problemas de saúde, está morando conosco há três meses. Mas não é nada fácil, posso garantir!
ResponderEliminarBeijinhos, muitos!
Olá AC,
ResponderEliminarJá havia passado por aqui e tenho andado consigo no pensamento, porque há algum tempo lhe devo um agradecimento pela sua presença no meu sítio, que me apanhou em período complicado de disponibilidade, apenas tenho passado por dois ou três amigos comuns, de há muito e muito queridos e onde o vou vendo.
Li a sua história que fala de uma realidade triste e de uma sociedade doente onde existe um círculo vicioso, que vai desde as empresas que impoem cada vez mais regras difíceis às pessoas, que lhes roubam a dignidade e a possibilidade de terem tempo para a sua vida particular, até muitas vezes ao egoísmo da própria família, uma sociedade onde todos ficam doentes, crianças, novos e velhos.
Cabe-nos a todos tentar inverter este círculo e criar uma onda de amor capaz de romper esta corrente negativa.
Parabéns por um texto tão bonito e tão bem escrito.
Deixo um abraço.
Branca
Querido AC...
ResponderEliminarEstive aqui três vezes antes desta.Todas com um nó na garganta, porque gostaria que fosse só mais um texto imperdível criado por você.
Infelizmente, não é. A longevidade é aterradora, porque a solidão de quem a vive é a de quem vê o vazio, adainte de si.
A sua história tem um final imprevível, porque é uma saída para os que não a tem.
Meu amigo...esse texto é pura dor.Lindo, mas dor.
Beijos.
Belo pedaço de prosa aberta à imaginação de cada um!:)
ResponderEliminarBom fim-de-semana!
Estilo com fluência e segurança. Muito bom mesmo.
ResponderEliminarObrigada AC, e que o seu final de semana seja MARAVILHOSO!
ResponderEliminarBeijos em teu coração!
Encontrei muitos amigos por aqui, e muita profundidade no que li.
ResponderEliminarUm abraço forte!
"Raio de tempos, estes!" digo eu também!...
ResponderEliminarMal, muito mal vamos... a família não tem tempo para os seus, nem para os filhos, quanto mais para os pais. Muitos são despejados para ali, outros acabam por ir de livre vontade porque não têm outro remédio, outros pensam em acabar com avida mais cedo para não darem trabalho aos filhos ou por serem violentados a sair do seu ninho. Ainda bem que existem Lares e Centros de Dia, e outras respostas sociais para suprir as carências que a família deixa, mas melhor era que a família fosse verdadeiramente família e que pudesse bastar aos seus.
Obrigada!
Bom fim de semana
Meu Deus! AC
ResponderEliminarFizeste-me chorar, que lindo esse texto.
Das muitas frases desse texto que me emocionou, também. Está o “pequeno almoço” o café da manhã aqui para nós. Ouvia de uma amiga portuguesa que fiz amizade, nos falávamos sempre e ela para mim foi uma mãe. Senti saudades.
E esse texto tão bonito que mais parece mágico de tanta beleza.
Beijo.
Fernanda.
AC, nem a propósito, acabei de fazer um coment no Lua, exactamente sobre a confusão e a exigência a que a sociedade se encontra hoje em dia. Os papeis sociais diluiram-se, o dia-a-dia é pesaroso e duro muitas das vezes... não sendo razão, como é óbvio para o abandono total dos idosos.
ResponderEliminarNa maioria dos casos a chegada de um idoso a um lar, é um choque para ele, há um abatimento interior visível. Se a família o acompanha nesta adaptação, torna-se mais fácil, embora de igual forma difícil mas em alguns casos possível, o aceitar da situação com a integração em actividades e valorização do idoso como pessoa ainda muito válida de experiências e sabedoria.
De resto AC, adorei o conto, Lindíssimo!!!
Beijinho
Tem selinho para ti no meu blog.
ResponderEliminarBeijo
belo
ResponderEliminarbelo
beloblog
AC,
ResponderEliminarcomovente....
lindo tudo que os amigos aqui deixaram..
Beijos na alma e abençoado fim de semana!
Agostinho, voltei, querido amigo.Acho que o seu blog merece o selo de qualidade.E que de leitores, meu Deus!!! Como fico feliz.
ResponderEliminarUm forte abraço.
Desfecho inesperado num texto que capta a atenção do princípio ao fim !
ResponderEliminarGostei de o ler ... e da forma como termina! Nunca é tarde para se dar um novo destino à vida!
Um beijo para ti *
AC
ResponderEliminarExtraordinário texto!!!
A temática, a rasar o meu olhar de todos os dias, sobre as gentes e as coisas e nós nelas. Deliciosamente escrito, a provocar aquele arrepio, tão necessário, na consciência; na individual e na colectiva....
Parabéns, muitos parabéns mesmo!
Um beijinho
Obrigado pela passagem lá no blog, pena! só faltou o comentário
ResponderEliminarabraço
Uma história tão real e comovente!
ResponderEliminarBjs
Nossa AC, que lindo, construído de maneira primorosa , do princípio ao fim. Me emocionei. Ando numa labilidade emocional, ultimamente...
ResponderEliminarParabéns, amigo escritor e poeta sensível.
Muito lindo!
Um beijo
Gostei muito de ler voce AC
ResponderEliminaruma leitura gostosa , os detalhes, o ritual , tudo perfeito.
Parabéns meu escritor!
deixo abraços
AC, se soubesse... As pessoas são tão egoístas e ingratas, não é? É velho, é doente, pontapé com ele para dentro de um "lar"! Enfim... Pelo menos não deverão surpreender-se muito quando lhes fizerem o mesmo!
ResponderEliminarAbraço e obrigada!
Madalena
Oi,
ResponderEliminarQue bom que gostou do meu Blog...
Obrigada por me desejar boa sorte, isto significa que devo ter o dom, rsrs
Li seu texto do inicio ao fim com a maior tranquilidade para apreciar as palavras diferentes em que foi usadas.Maravilhoso e tocante!
Senti vontade de amparar Julio, traze-lo pra minha casa e cuidar dele como ele desejava e a filha nao podia, ou era egoista, sei lah...
Sabe a vida sim é dura, e as vezes amparar alguem nas condiçoes em que muitos estao sei que deve ser dificil, mas era o pai dela, e por ser de idade nao é que daria despesa, daria trabalho talvez, por modificar as atitudes em que ela acostumou a viver, mas tudo na vida tem soluçao, e procurar se ajustar no meio em que vivemos e readaptar faz parte da vida, entao eu penso que ela poderia sim ter feito mais em vez de ficar so falando de estar preocupada com ele sozinho...
E agora colocando isto no real, onde é que foi parar este ser? Se sentiu tao desprezado que procurou desaparecer até o momento de sua morte.
Nao é justo!Ele cuidou dela quando criança com tanto carinho... E' isto que o texto nos faz imaginar. Este texto é profundo demais!
Eu convivi com meu avo no fim da vida dele, ele tambem perdeu a esposa e ficou tao solitario mas lucido como Julio, e a diferença foi que minha mae de tanto insistir com ele conseguiu que ele viesse viver conosco, e posso dizer que foi os momentos mais gloriosos que vivi com ele.
Minh mae era apaosentada e pode cuidar dele, tinha dificuldades no caminhar, e quando faleceu foi uma parada cardiaca, tivemos de leva-lo ao hospital mas ele nao queria ir, porque sabia que tinha chegado o fim, como realmente foi...
A gente nao pode estar do lado dele somente neste momento, e até hoje me vem na cabeça que ele queria a gente por perto.
So nao me sinto culpada, porque eu pensei que ele indo ao hospital poderia se recurar e voltar para perto de nos, ms nao foi assim...