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Subia a encosta, sem bordão, à mercê do que lhe oferecia o caminho, mudando, a cada passo, de indumentária. Aqui o verde escuro dos pinheiros, mais além o verde vivo dos castanheiros, em harmonioso enlace com a alternança alquímica de fetos e carvalhos. Para trás ficava o piscar de olho das cerejeiras, eterno canto de sereia para qualquer viajante. E quantos se deixavam prender! Mas continuava, a percepção das coisas assim o exigia.
Às vezes, quando chegava ao cume, parecia que tudo se encaixava. O mundo, visto dali, parecia um enorme puzzle com as peças no devido lugar. Bastava saber olhar. Outras, vá lá saber-se o porquê, tudo parecia desarrumado, em convulsão, sem fio condutor. Era quando precisava de mais tempo, de apaziguar alguma cicatriz mais renitente. Iniciava, então, o ritual. Olhava em volta, à procura do melhor ângulo, e escolhia um local para se sentar, normalmente talhado em granito. Depois olhava, à distância, à espera que fosse tomado pela envolvência. Quando se dava conta, depois de imerso na imensidão, o tempo sorria. Dele e para ele.
Na descida, e já sem canto de sereia, o sabor das cerejas era doce e reconfortante brisa.
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...e é um "reconforto" ler-te! Obrigado!
ResponderEliminarUm abraço
É mesmo isso. Por vezes basta saber olhar para aproveitar o sabor da vida e deixar para trás os caroços.
ResponderEliminarCerejas?
ResponderEliminarO caminho dos melros
Abraço
Sempre tira-me um enorme suspiro que vem da alma e não do corpo com as tuas palavras AC, lindo domingo para você
ResponderEliminarOlá, AC
ResponderEliminarDeve ser mesmo um "canto de sereia" a visão das cerejeiras com os frutos madurinhos.
Esplêndida forma de se evadir das cicatrizes teimosas: deixar-se envolver pela imensidão da natureza.
Muito bonita prosa.
abç amg
✿゚。ه
ResponderEliminarUm maravilhoso passeio!...
Ótimo domingo! Boa semana!
Beijinhos.
❤❤ه° ·.
As cerejas tem mesmo uma capacidade reconfortante :)
ResponderEliminarJá tinha saudades da sua poesia.
Deixo um beijo.
A comunhão com a natureza é o maior conforto para a alma e o melhor tô nico para o corpo. Bela prosa poética!
ResponderEliminarUm abraço,
Adorei, adoro. Tal, é o que sinto quando pedalo ou caminho por serras com uma imensidão à volta. Só tenho pena de nunca ter visto cerejeiras, talvez não escolha as serras certas. Beijinhos :)
ResponderEliminarSubir, resistindo às tentações. Olha o mundo lá de cima e, depois, descer e apreciar a doçura do pecado há pouco renegado. :)
ResponderEliminarBoa noite, AC. :)
Por vezes são necessários rituais assim, obrigada por me ter transportado a este! :)
ResponderEliminarAcontece-me o mesmo, quando vejo as coisas de cima...
ResponderEliminarTambém eu daqui, posso sentir os aromas e a energia que descreves!
ResponderEliminarPura sensibilidade e encantamento!
Beijo carinhoso!
Feliz semana!
Aqui, o tempo sempre sorri. Grata por transmitir tanta serenidade.
ResponderEliminarAcho que estou a precisar de um passeio destes, com ou sem cerejas.
ResponderEliminarAbraço, amigo da natureza
Ruthia d'O Berço do Mundo
Beleza te ler e esse passeio culminando com as cerejas...Lindo! abraços,chica
ResponderEliminar~~~
ResponderEliminar~ Deliciosa e refrescante,
esta escalada a um cume da serra, para o místico e sublime encontro
com a natureza e, primordialmente, pelo imenso prazer dum seguro
efeito tranquilizante e pacificador que ela proporciona ao espírito...
~ As cerejas completaram a especial sensação de bem-estar...
~ Aprecio este espaço,
porque admiro bastante a sua bela e depurada prosa poética.
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~~~ Abraço amigo. ~~~
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deixar que a natureza fale e tudo será perfeito ...
ResponderEliminarbelíssimo texto
forte abraço
Olá, AC! Já tive ambas as sensações... de sentir como se o quebra-cabeça da vida estivesse perfeitamente encaixado, e sentir como se tudo estivesse tão confuso que seria impossível encontrar um encaixe que fosse.
ResponderEliminarO distanciamento momentâneo do personagem foi sábio... também recorro a pausas e rendo-me ao sentimento até suavizá-lo para retomar o gosto pelo degustar das cerejas.
Abraços!
Tão bonito. :))
ResponderEliminarAdoro cerejas e as cerejeiras plenas de fruto são encantadoras. Eram quando as apanhava a delícia das delícias e os brincos para brincar.
Feliz é aquele que pode passear entre a flora luxuriante que descreve.
Beijinho. :))
Um encontro com a Natureza, num texto muito belo. Dá gosto ler... E pensar no sabor das cerejas...
ResponderEliminarUm beijo.
Saio daqui com um gostinho a cerejas e a leveza da natureza.
ResponderEliminarBeijinhos e bom fim de semana
Em qualquer parte deste mundão a natureza tem sempre jeito espetacular de se manifestar.
ResponderEliminarCadinho RoCo
Ah, quanta sensibilidade e beleza!
ResponderEliminarBeijo
Fruto divino, com ou sem cantos de sereias.
ResponderEliminarAbraço
Quando se tem um olhar que vai para lá do visível, saem textos assim... Uma delícia saboreá-los, mais do que cerejas...
ResponderEliminarBjo, AC :)
Adorei este passeio e o sabor das cerejas.
ResponderEliminarBrisas doces
Sentei-me na pedra, talhada a granito - como eu gosto - e saboreei as palavras, como se fossem cerejas madurinhas a escorrer pelos lábios.
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