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Fotografia de AC
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Nem sempre estás, a vida, aos teus olhos, é demasiado exigente. Quando, por vezes, correspondes ao toque da campainha, a configuração do horizonte já tudo transfigurou. Sentes, como eu sinto, que tudo o que nos rodeia, para seguir em frente, não espera por ninguém. Por isso te maravilhas, em tempo de pausa, no observar das plantas, por isso te espantas, em aparente sobressalto, quando elas invadem o que, negligentemente, parecia teu.
Sentamo-nos. O ilusório sentido de posse vem à baila, em subtis acordes minimais, o exemplo das plantas é quadro omnipresente. Olhamos mais do que falamos, as imagens falam por si. O sorriso, à laia de apaziguamento, acaba sempre por brotar.
Levantamo-nos, contornamos a casa e, por momentos, detemo-nos na avalanche de folhas, qual tapete multicolor, que vai adornando o caminho. Aqui e ali, contudo, a onda verde, agora quase adormecida, não trava a sua marcha. Ambos sentimos, ambos percebemos, as palavras nada acrescentam. Sabes, como eu sei, que o lugar de cada um, no mundo, não é traçado a régua e esquadro, requer percepções complexas que, no final, induzem à simplicidade.
Quando, de novo, nos sentamos, acabas por surpreender. Hoje não embarcas em jogos de palavras, limitas-te, após pausa apaziguadora, a invocar a memória do teu avô que, sentado na sua cadeira de patriarca, em pose de estudada gravidade, nunca se cansava de dizer que a vida era simples, nós é que a complicávamos.
Sorrimos, trocamos aparentes vulgaridades, chegamos mesmo a gargalhar. O teu avô, se nos visse, confortavelmente sentado na sua cadeira, não deixaria de sorrir.
Amanhã, quando partires, de novo, para a azáfama da grande colmeia, não te esqueças de levar contigo a serena linguagem das plantas.
.Amanhã, quando partires, de novo, para a azáfama da grande colmeia, não te esqueças de levar contigo a serena linguagem das plantas.
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Uma bonita prosa poética, que reflecte a cumplicidade entre duas pessoas que partilham do mesmo gosto pelo que é simples e belo.
ResponderEliminarHá caminhos ainda por trilhar, na vida, tal como na Natureza, onde a vegetação cobre as pedras da calçada, dando-lhe um aspecto de algo que fica sempre por desbravar.(?) Há passagens de testemunhos que se vão repetindo, de geração em geração...
Um beijinho e bom fim de semana, A.C. :)
✿゚ه° ·.
ResponderEliminar" O teu avô, se nos visse, confortavelmente sentada na sua cadeira, não deixaria de sorrir."
A vida é cíclica, com seus erros e seus acertos!...
Bom fim de semana com tudo de bom!
Beijinhos.
✿゚ه° ·.
O que é a vida?
ResponderEliminarComo se ergue a casa em/entre nós, entre dois, afinal instrumentos da natureza.
A beleza da harmonia entre elementos - o que queremos - ou a violência do ajustamento incontrolável consequência da ganância humana?
Quanto tempo resta à maçã suspensa para agitar o pântano?
Como sempre, da melhor água se bebe aqui.
Abraço.
E o seu texto, AC, deixou-me a sorrir. A vida exige uma reconciliação permanente com o que se é.
ResponderEliminarUm beijinho :)
✿゚ه° ·.
ResponderEliminarBom fim de semana com tudo de bom!
Beijinhos.
✿゚ه° ·.
É que faz bem ... recordar o Bem que alguém nos faz!!!
ResponderEliminarAdorei seu texto!
"Sabes, como eu sei, que o lugar de cada um, no mundo, não é traçado a régua e esquadro, requer percepções complexas que, no final, induzem à simplicidade"
ResponderEliminaras coisas simples são uma maravilha, remédio santo para tantas angústias e stessiiiii...e a tua foto está fantástica.
Um abraço
Simplicidade é o que não nos falta para viver... o ser humano é que complica tudo e... haja complexidade...
ResponderEliminarGraciosa fotografia!
Um beijo
Vem-se aqui para respirar melhor e sai-se sempre apaziguado.
ResponderEliminarBj.
Lídia
Sabes AC? Tenho o sonho de que tudo seja assim, simples, como nos parece ao olharmos uma planta, um pássaro, um riacho... No entanto temos de fazer um enorme esforço para que assim seja. Boa noite :)
ResponderEliminarEncantador AC! Beijos
ResponderEliminarUm texto lindíssimo.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Ai amigo, a poesia corre-lhe nas veias e transborda para os textos como o rio que invade as margens, sem que ninguém o detenha.
ResponderEliminarLindo, lindo.
Abraço e boa semana
O ilusório sentido de posse...
ResponderEliminar...escrevi um romance inteiro por causa dele...
LOL
Excelente! (como sempre, diga-se)
:)
oi,A. C, ...belo texto... há uma enorme complexidade na logística da realidade e o produto final parece ser magistralmente simples...e é nisso que conseguimos ver a maravilha do engenho e arte.
ResponderEliminarum abraço
A linguagem do olhar, a essência das palavras
ResponderEliminarmoram lá...
A linguagem das plantas falam por gestos de afetos
tão sublimes, que guardamos no olhar,
aquele olhar da alma!...
Tão bela a linguagem da tua poética, rica
desta linguagem do olhar da alma!
Uma semana inspiradora com este teu olhar, AC!
Beijo.
Eu, que me maravilho com tudo o que me rodeia, senti-me imensamente tocada por este texto, tão perto da simplicidade necessária ao olhar...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Maravilhoso texto e imagem... sobre a majestade das coisas simples!...
ResponderEliminarPara apreciar e reapreciar...
E até saio daqui, sempre a respirar melhor... com estes ares do campo... que por aqui fluem sempre de forma tão serena e intensa...
Parabéns, pela inspiração e talento!
Beijinho
Ana
E os poemas nascem, assim, da aparente simplicidade das coisas...
ResponderEliminarQue bem estampas o espanto!
Bjo, AC :)
Nada mais belo e gratuito que as maravilhas naturais, as plantas, as nuvens, os rios e os mares.
ResponderEliminarGrande conselho AC: " Amanhã, quando partires, de novo, para a azáfama da grande colmeia, não te esqueças de levar contigo a serena linguagem das plantas."
Eu hoje desliguei na saída da azáfama, ao olhar os tons de Outono, no horizonte do céu que me rodeava. Que tons! Novelos entre os brancos alvos e outros mais acinzenrados, atravessados por raios de luz,uma mistura de tons sempre diferentes todos os dias. A natureza tem-nos oferecido espectáculos inolvidáveis nestes últimos meses... e sempre.
Beijinhos de saudade, gosto sempre de voltar aqui.
Mais uma vez um texto belíssimo!
ResponderEliminar"o lugar de cada um, no mundo, não é traçado a régua e esquadro", foi a frase que me tocou em particular, pois acho que há pessoas que pensam que sim e delimitam com afã o seu território intocável...
Aprendamos com a natureza a serena linguagem das plantas!
beijinho
Os seus escritos dão - me serenidade e paz .
ResponderEliminarBeijo grande , AC ,
Maria
Os dias atuais podem ser muito bem explicados e detalhados com o matrimônio destas duas palavras; complexidade e simplicidade.
ResponderEliminarPara os nosso avós, simplicidade já bastava.
Um sensível e inteligente texto, caro AC.