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Conheço-te, à distância, pelos pequenos sinais que vais deixando, de forma cautelosa, sobre aquilo que cogitas da vida. É mais fácil, toda a colmeia o sabe, libertares-te quando, olhando em volta, colocas o dedo em riste, apontando. Mas, por comunhão, todos intuem que sentes mais dificuldade quando, em exercício inevitável, constante, tens que olhar para dentro de ti, encarar possíveis fragilidades, renegando, quase por instinto, indícios que possam conduzir à tua nudez. Dói, dói sempre.
Com a saga dos medos por enfrentar, alimentada pela imaginação, o conceito pode parecer-te arrepiante, tenebroso, mas, podes crer, a nudez é o que de mais puro temos, ponto de partida para, soltos de amarras, lobrigarmos novo patamar. Podes barafustar, contestar, mas apenas te arranhas a ti próprio, renovando o sofrimento, enquanto alimentas, em doses generosas, o labirinto que habita em ti, embora, quase sem te dares conta, vás deixando uma flor aqui, um abraço ali. Talvez, quem sabe, porque guardaste, no mais fundo de ti, o melhor das tuas memórias.
Quando, sempre à distância - estamos todos perto, no mesmo infortúnio, estamos todos longe, no mesmo desígnio - te sinto esbracejar, debater, a tentar romper a névoa, há um calorzinho agradável que, por mais ténue, mais subtil, me aconchega. Ainda não te rendeste, a vida, por mais madrasta, continua a ser um aliciante desafio.
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A vida é um desafio permanente.
ResponderEliminarAcho que você me leu inteira. Ainda não nos rendemos, quem sabe um dia entre um sorriso ou outro a vida não nos ensina a não classifica-la e a apenas senti-la! Beijinho
ResponderEliminarÉ bem difícil se desnudar mostrar-se , revelar-se por dentro. É libertador mas difícil de saber se libertar.
ResponderEliminarbeijinhos, Léah
Interessante... assim como a Luiza também me senti traduzida, principalmente no que diz respeito ao labirinto que me habita.
ResponderEliminarAbraço, AC :)
Por muito que a vida nos desafie, é difícil nós dar-mo-nos por inteiro. Há sempre um resquício algures entre o sonho e a realidade que nos prende.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
Descodificando a mensagem
ResponderEliminarninguém é tão bom como se julga
nem tão mau como o apontam
(todas as metáforas terão mais que uma leitura...)
Poeta , este mergulho é difícil mas vale muito a pena , concorda ?
ResponderEliminarBeijos
Olá, Ac. É inevitável fugir desse desnudar por qual precisamos passar de vez em quando, e por mais doloroso que seja, é impossível evitar (relutar só prolonga o desconforto). Tenho consciência de que retornaremos melhor, tenho consciência de que viver sempre vale a pena, apesar de sentir alguma dificuldade nesse caminho interior no momento. Abraços!
ResponderEliminarAs vezes o longe é perto e o perto é muito distante!
ResponderEliminarMistérios que permeiam o humano em nós!
Adorei o texto poético!
Beijo carinhoso!
Desta vez escreveste um texto tão belo quanto complexo. Já o li por diversas vezes, e de cada vez que o leio, lhe vejo uma face oculta e diferente da anterior. No entanto, sinto sempre que o entendo, que compreendo esse teu monólogo interior, e logo me perco em cogitações muito minhas.
ResponderEliminarMelhor deixar como está. Certamente virei ler-te mais vezes e sempre acharei que, no fundo, há uma parte de ti, de mim, de nós, que ficará sempre por desnudar.
Um beijinho, A.C. :)
PS- Também não cheguei a identificar os frutos. Tanto me parecem laranjas, como logo acho que podem ser dióspiros. Nunca me senti tão confusa como me sinto aqui, e agora! :)
Não sendo fácil de ler, é muito belo este texto.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Por vezes parece um desafio inultrapassável...
ResponderEliminar:)
Gosto muito destes textos... para quem tem a mania de procurar a lógica em tudo, o certo, preto no branco... cada um encontra-se em fragmentos, em partículas desta pequena floresta de metáforas... não importa, tudo em aberto! É essa pluralidade de leituras que faz sentido, enriquece o teu texto magnificamente escrito! Tu tens a chave, pode até ser ou não, não incomoda!
ResponderEliminarOlhar para dentro é doloroso, é confrontar-se com as vozes interiores! Ver-se a nu, é ver-se ao espelho, a nossa imagem tal como ela é! De qualquer forma vale sempre a pena viver! Diante da morte, a vida vinga sempre, como esses frutos maravilhosos que postaste aqui! e tens razão, um desafio constante, tal como as tuas palavras! um tempo, para ser bem gasto, com a maior das felicidades!
Parabéns por este texto poético, muito ainda havia a dizer... mas apeio-me por aqui!
Beijinho, AC :)
AC...é que o desafio é uma constante do viver!!!
ResponderEliminarGostei... Bj
Há uma dualidade em todos nós, por vezes manifesta-se subtilmente, outras com mais rudeza.
ResponderEliminarO importante é revelarmos as fraquezas e as forças, principalmente quando temos quem nos compreende.
Um belo texto que pode ter tantas interpretações.
Um beijinho e boa semana AC
Um magnífico texto, AC, para não variar.
ResponderEliminarA árvore para frutificar tem de despir-se e submeter-se ao vigor do tempo. Só assim frutifica. O vigor só retorna na condição de nos atrevermos ao rigor do nú. Mas não é nada fácil.
A fotografia diz tudo. Façamos uma selfie.
Abraço.
Um texto maravilhoso! Como se fosse retomado o instante em que o fascínio da vida está rente ao coração, mesmo quando a dimensão da mágoa o contradiz...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Dizem que não há coincidências, não sei, talvez sim, talvez não....almas com as mesmas incertezas, as mesmas inquietações, os mesmos medos há de certeza e isso nos leva à mesma procura e tu aqui e eu lá...por um lado estamos longe, por outro perto, à distância de um clic, a mesma mensagem; " a vida por mais madrasta continua a ser aliciante " desde que coloquemos o amor como prioridade e tenhamos a certeza de que demos o nosso melhor em tudo o que fizemos e que assim será sempre, enquanto a vida nos quiser como comanhia . Teremos sempre os nossos medos, as nossas inquietudos, mas valerá a pena enfrentá-los e seguir em frente, não deixando para trás o amor. Lindo e profundo, como sempre, amigo. Que a vida, com a sua normalidade, te sorria. Um beijinho
ResponderEliminarEmilia
O texto é belíssimo, como sempre, mas complexo.
ResponderEliminarGostei da leitura do Agostinho!
bjs
É muito mais fácil apontar e ou ver os defeitos dos outros do que os nossos próprios defeitos. Como dizes e bem, a vida será sempre "um aliciante desafio" e felizes daqueles que conseguem romper névoas e mal entendidos até na família daí eu ter sempre uma enorme reserva versus paragem na crítica sem saber o que está do lado de lá da trincheira de cada um. Sabendo e avaliando vou em frente e ou ajudo ou esqueço.
ResponderEliminarAgora a tua foto levou-me para outras paragens onde, por mais maltratada que seja...a natureza cumpre a sua função indiferente a tudo e a todos:)
Beijos e um bom feriado
Aprendi com a minha Mãe que a nudez , tanto interior como exterior é das coisas mais saudáveis e salutares que existem . E a não ter receio de o fazer . Apenas um cuidado ... diante de quem . [ existem , ainda , mentes muito confusas ]
ResponderEliminarE habituei-me a fazer um exercício de introspecção , diário , e a dor é minuscula , comparada com crescimento que daí advém .
Como sempre , um belíssimo e profundo texto .
Um beijo , AC , e continuação de boa semana ,
Maria
Um belíssimo pedaço de escrita... de uma profundidade incrível, combinada com uma inacreditável leveza...
ResponderEliminarTambém tive a mesma sensação... de ter sido lida... e também ainda não me rendi à vida... achando que o amanhã, embora nem sempre o sendo... talvez venha a ficar um pouquinho melhor do que o hoje...
Adorei o texto! Beijinho!
Continuação de uma boa semana!
Ana
Somos um perto e longe de nós mesmos e do
ResponderEliminaroutro...
Sempre desnudar a si mesmo é o perto que
renova o ar para a caminhada no seu
aprendizado-vida!
Muito belo o teu texto na profundidade e na
dinâmica (diálogos) com o leitor, AC!
Beijo.
Sim, isto é viver. Um texto extraordinário e belo.
ResponderEliminarBeijos
Fizeram-nos nus, mas depois vamos vestindo uns trapinhos nem sempre adequados. É mesmo investigador este texto, AC.
ResponderEliminarBeijinho.
Belo correr da pena. Abraço.
ResponderEliminarEsse recolher a si, que venho praticando desde que me apaixonei pelo yoga, tem-me feito um bem tremendo. E é tão difícil.
ResponderEliminarSim, a vida é um belíssimo desafio, que encontra a sua súmula no autoconhecimento.
Abraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Somos todos iguais na nudez. Somos todos diferentes na forma como nos desnudamos.
ResponderEliminarBelo, profundo, instigador... A tua marca.
Bj, AC