.
.
As montanhas, pejadas de refúgios e subterfúgios, ao mesmo tempo que, nos cumes, impelem ao voo para lá do horizonte, numa amálgama em que a reflexão ganha outra dimensão, fazem parte de mim, são a minha segunda pele.
De tempos a tempos, contudo, qual apelo da alma onde continua a refulgir, de forma quase indelével, mas persistente, a pegada da memória ancestral, careço de abraçar o oceano, de revigorar-me nas suas águas, deixar que, de forma despreocupada, o grande caldeirão químico onde tudo começou me relembre, de forma profunda, adornada de poesia, o grande milagre da vida, tecido numa multiplicidade de pequenas coisas. Nesses momentos sinto-me sempre pequeno, mas duma forma maior, como se o círculo da compreensão da vida se completasse.
De tempos a tempos, contudo, qual apelo da alma onde continua a refulgir, de forma quase indelével, mas persistente, a pegada da memória ancestral, careço de abraçar o oceano, de revigorar-me nas suas águas, deixar que, de forma despreocupada, o grande caldeirão químico onde tudo começou me relembre, de forma profunda, adornada de poesia, o grande milagre da vida, tecido numa multiplicidade de pequenas coisas. Nesses momentos sinto-me sempre pequeno, mas duma forma maior, como se o círculo da compreensão da vida se completasse.
Este ano foram cerca de três semanas algarvias onde preponderaram o peixe - a carne foi banida - as braçadas no mar, algumas leituras, música quanto baste e... os eternos finais de tarde, numa feliz conjugação em que tempo e espaço cumpliciaram no aconchegar da alma.
..
.
Enquanto estive ausente, e cimentando a máxima de que a vida é eterno desafio, o meu santuário natural, a Gardunha, foi palco das labaredas que, um pouco por todo o lado, estão a dilacerar o pulmão verde deste país. Tudo se renova, é certo, mas é uma dor d'alma ver desaparecer alguns dos meus recantos de eleição. E mais dói quando as razões têm a ver com um verdadeiro barril de pólvora: incúria, desleixo, incompetência e premeditação.
Na próxima Primavera, embora de forma tímida, o verde irá irromper de novo, numa eterna ode à esperança. Mas a mãe Natureza, podem crer, começa a ofegar de cansaço, farta de tanta patifaria.
.
.
Mar ou montanha? Os dois, certamente.
ResponderEliminarÉ bom vê-lo por aqui outra vez :-)))
Tudo pode ser muito lindo mas quando se trata de férias o colorido é diferente!
ResponderEliminar...e de alma aconchegada e o corpo revigorado, pelas águas salgadas e os doces entardeceres, voltas, feliz, para a tua segunda pele e musa inspiradora: a montanha. Como a encontraste?
ResponderEliminarGostei de te ver de volta, A.C.
Um abraço.
Janita,
EliminarEm resposta à tua questão, sobre a "minha" montanha, introduzi uma adenda ao texto.
Abraço
Obrigada por o teres feito, A.C.!
EliminarFiz-te a pergunta porque vi e ouvi, pela televisão, o horror das labaredas que consumiram tantas serras e montes, entre elas a tua Serra da Gardunha.
Um beijinho.
Os finais de tarde mágicos da praia concerteza já vão longe depois de veres a tua serra queimada. Que dor de alma AC... Que veja depressa a privamera cheia de vontade de verdejar as encostas.
ResponderEliminarBom regresso AC
é bom lê-lo de volta.
ResponderEliminarbom regresso, AC
Como descreves tão bem o sentimento sobre o mar, o meu grande amigo e confidente. Dizem que Deus nunca fecha uma porta sem abrir uma janela e ao ter perdido a minha terra vermelha onde tantas vezes adormeci e acordei nas areias quentes das muitas praias, vim parar a um local perto do meu amigo mar.
ResponderEliminarPensei muito em ti e na tua serra a da Gardunha e nela, como em quase toda a zona norte e centro, dói-me a alma com "tanta patifaria" já para não dizer "interesses obscuros".
Beijos e um bom dia
Como é renovador um fim de tarde à beira mar. Mas à inquietações que consomem a paz, tal como a maldade do homem consome a natureza.
ResponderEliminarTenho estado ausente por acompanhamento ao meu genro que luta pela vida, mas não deixei de pensar na tua serra, como lamento AC.
Beijinho meu amigo
E que belas férias devem ter sido, plenas de paz!
ResponderEliminarO seu 2º texto ainda é melhor que o primeiro. Uma belíssima reflexão! Adorei! E as fotos também!
beijinho
Preocupa a parte em que o AC escreve que a "a mãe Natureza, podem crer, começa a ofegar de cansaço".
ResponderEliminar(todo o resto do texto, a parte que foi a primeira, foi deliciosa de ler)
Aceite um beijinho, AC :)
A natureza é nosso refúgio, renova nossa alma. E é ela, a nossa alma, que chora ao ver a degradação e destruição da beleza. Entretanto os espaços têm a capacidade de renovar-se. Teremos nós?
ResponderEliminarNada como a montanha e as suas zonas frescas, para mim !
ResponderEliminarA praia (a zona marítima) é no entanto maravilhosa também, mas (também) para mim, apenas de Setembro a Abril !
E é de facto triste e "revoltante" ver esta perda contínua dessas zonas frescas de que tanto gostamos ! :(
O flagelo dos incêndios que parece não ter fim :(
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
O Algarve tem esse fascínio do mar calmo e de fins de tarde cheios de serenidade. Sente-se que aproveitou...
ResponderEliminarA sua Gardunha ardeu. E com ela hectares e hectares de floresta. A Natureza está cansada. E nós acabrunhados...
Uma boa semana.
Um beijo.
Muito bom tê-lo de volta, AC, e bom saber que as suas férias foram excelentes, e revigorantes...
ResponderEliminarLamento, que o seu cantinho de eleição, também tenha sido consumido, pelas labaredas... mas este ano... parece que recanto algum, em tons de verde... se conseguirá manter a salvo, no país...
Desde o incêndio de Pedrogão... que parece que o país entrou convenientemente em autocombustão... e o meu palpite... é que tal continuará... nem que seja debaixo de chuva, ao longo do mês de Setembro... afinal... temos eleições em Outubro... e estes acontecimentos... têm o seu peso de influência... e conveniência...
Lamentável, tudo isto, que praticamente levou o verde quase todo do nosso país, este ano! Uma indústria do fogo... foi assim que apelidei a tudo isto, no meu último post... onde também deixei imagens de um incêndio, nos arredores de Lisboa... numa zona... onde os eucaliptos ainda não estão a ser plantados... na imagem que deixei, no meu post... à direita... a serra que mostro, já está plantada com eucaliptos... pelo que só entra em aparente autocombustão, por lá, periodicamente... as únicas áreas, onde ainda vai predominando alguma vegetação original, à esquerda... Estranho... ou nem tanto assim, infelizmente...
Beijinho! Feliz semana!
Ana
AC
ResponderEliminare que belas férias...o corpo e a mente precisam de relaxar.
quanto aos incêndios, nem sei bem o que dizer pois as palavras são tão escassas quando se vê tanta tristeza.
e desejo um bom mês de Setembro.
beijinhos
:)
AC,
ResponderEliminarUm bom recomeço. O apaziguamento da água auxília a tristeza causada pelo fogo. Daí a esperança na Fénix que voltará na Primavera.
Beijinho. :))
Poeta , tão bom tê-lo de volta com crônica que expõe ricamente a dor e alegria da mãe Natureza . Beijos
ResponderEliminar