terça-feira, 30 de junho de 2020

FOGACHO DE RIACHO PARA LÁ DO DESNORTE, REJEITANDO A MÁ SORTE

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Imagem retirada da Net
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Faz de conta que era um menino. Ele olhava, olhava, à procura da ponta do fio para entender tanto desnorte. Mas, quanto mais olhava, mais confundido ficava. Todos tinham as suas razões, mas ninguém ouvia as razões dos outros. Mesmo que fossem as mesmas.
O olhar dos meninos, com tantas portas e janelas para o sonho, raramente fica confundido, e ele acabou por tomar uma decisão: subiu para o penedo que servia de promontório, abriu a braguilha e começou a ensaiar um arremedo de riacho. Depois, voltando as costas, seguiu à sua vida, em busca de melhor sorte.
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17 comentários:

  1. Que lindo e por vezes, os meninos observando o mundo adulto, ficam atônitos... Adorei essa estátua. Quando morei no Rio, no bairro de Botafogo havia uma igualzinha, era chamado de MANEQUINHO! abração,chica

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  2. Um menino com capacidade de discernimento, assim me parece.
    Ao procurar a “estória” dessa estátua em pormenor enriqueci os meus conhecimentos. É uma estátua que foi esculpida por Jerôme Duquesnoy the Elder em 1618 e cuja réplica foi colocada no centro de Bruxelas em 1965. Representa em parte o sentido de humor dos belgas. Há muitas lendas a ela associadas.
    Thanks!! : )

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  3. Muito bem ilustrada pela prosa a estátua. Imagino que não seja um bebedouro de rua, lol
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    Tenha um dia feliz
    Abraço

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  4. Resumindo: O fantasminha mijão, voltou a atacar -)

    Boa tarde. sô AC

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  5. Gostei de ler. Gosto muito dessa estátua.
    Abraço e saúde

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  6. Tenho uma recriação POP do Manneken Pis aqui em casa.
    Decorando uma das minhas casas de banho.
    Sim! tenho quadros em duas casas de banho!

    O que este texto me fez pensar foi: A omnipotência infantil como defesa para gerir angústias avassaladoras. E a negação como forma de operacionalizar uma normalidade necessária. Ambas as defesas igualmente eficazes e perigosas quando agidas indiscriminadamente.
    Valha-nos a liberdade da ficção. Onde podemos por o desejo de que tudo passe, que não nos afete, e seguir nos dias, nos nossos dias, de acordo o que nos é exigido de compromisso, humildade e respeito pelo outro.
    Estranhos dias estes, de tanto desconhecido, e onde, naturalmente, temos todas as respostas do ser humano, das mais nobres às menos racionais.
    (Sim, aqui, nesta pandemia, a nobreza está ligada à capacidade de pensar, de ser humilde reconhecendo o que não se sabe, e na capacidade de nos pormos no lugar do outro. A intelectualidade apenas cria falsos messias, cheios da sua razão, e incapazes da empatia necessária para se tornarem verdadeiros agentes na contenção real e emocional desta situação)

    Às vezes estendo-me aqui nos comentários....
    São as interioridades que me evocas!

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  7. O célebre Manneken Piss.
    Aquele abraço

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  8. Se uma mijinha bastasse
    pra descartar a má-sorte
    todos seriamos felizes
    mijando de Sul a Norte.

    Um abraço, AC. :)

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  9. Lembro-me de procurar o Mannneken Pis, em Bruxelas, e de ter ficado surpreendida com a miniatura da estátua. Haverá lendas e liberdade de pensamento. E provocou a tua bela inspiração. Andamos realmente em desnorte. Adorei encontrar aqui este símbolo e orgulho da cidade.

    Um beijo, AC.

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  10. Una estatua famosa que desconozco mucho de ella. Un gusto leerte. Saludos.

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  11. Gosto do olhar dos meninos com tantas janelas para o sonho... Lindíssimo e eloquente texto.
    Um beijo.

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  12. se as lendas apagassem fogos
    em Bruxelas não arderia o chamada sonho europeu
    Abraço meu caro amigo

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  13. O mundo imaginário de uma criança na maioria das vezes ultrapassa o mundo irracional de muitos adultos.

    Gostei imenso AC

    Beijocas e um bom fim de semana

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  14. O menino é assim desprovido de pensamentos éticos e estéticos.
    No princípio do Jardim do Éden!
    Um abraço

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  15. Muito bonita esta tua história e este teu texto,gostei imenso!!

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  16. Nada como voltarmos para a nossa vidinha... mais leves e com outro ânimo!...
    Bem... lá em Bruxelas... os da Desunião... também são prolíficos em nos virarem as costas... já começo a ver, de onde lhes poderá vir o exemplo... já que eles tantas vezes se borrifam para nós... :-))
    Ajudas aos países... por causa da pandemia... por enquanto... ainda só por lá, em tese... nos corredores da burocracia...
    Adorei este bem humorado post... fintando o desnorte... com que nos brindam os nossos dias...
    Beijinhos! Feliz domingo!
    Ana

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  17. Abre-me uma janela para Bruxelas e o modo de pautar a realidade com lirismo ímpar. Um instante de beleza no apuro da linguagem.
    Um abraço, caro amigo!

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