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- Porque te afastas? Porque gostas de deambular por zonas sem
certificação?
- Eu não me afastei, apenas fui um pouco para o lado de lá. Sabes,
gosto de ver as coisas sob vários prismas, as cores dos catálogos sabem-me a
pouco.
- Ouve, as pessoas trabalham tanto, que um catálogo de opiniões é preciosa
ajuda. Não achas?
- Um catálogo é sempre a visão oficial de algo. Se te
encostares a ele, isso significa que estás a delegar o que de mais precioso tu tens:
a liberdade de pensamento.
- Mas… espera lá! Um catálogo traz-me mais tempo livre, facilita-me
as opções. Ao fim e ao cabo, liberta-me.
- Liberta-te? Para quê? Para estares disponível para trabalhares
cada vez mais? Para seres uma máquina produtiva? Um fazedor de opiniões apenas te
condiciona, ajuda a acentuar a visão de quem o patrocina. Sabes, o trabalho não
pode ser um fim em si mesmo, mas um meio para tentarmos concretizar sonhos,
expectativas…
- O que dizes pode ser aliciante, mas preciso de trabalhar
para comer.
- Tens razão, mas é com base nessa premissa que eles nos
condicionam cada vez mais. Já reparaste que, através desse meio, te criam uma falsa zona de conforto, abrindo-te portas para o sentido de posse, e que, às
tantas, já não queres prescindir disso? Se pensares bem, muito do que fazes nem sabes porque o
fazes, mas, como toda a gente o faz, isso basta-te. A verdade é que eles
condicionam as nossas reacções e comportamentos. Em suma, fazem de nós modernos escravos.
- És doido, sempre foste. Porque sorris? Que trazes aí?
- Um ramo de ervilhas-de-cheiro, que apanhei do lado de lá. São para
ti. Gostas?
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Gosto.Obrigada.
ResponderEliminarUm grande beijo querido e "incatalogável" amigo
Temática ótima. E o ramo de ervilhas-de-cheiro encerra perfeito - o imponderável aos catalogolizados rsrs.
ResponderEliminarSaudades de ti.
beijo grande, querido AC.
Lindo, como sempre encontro por aqui!! abração,tudo de bom,chica
ResponderEliminarsempre mais além..
ResponderEliminarassim como teus escritos..
beijos querido.
"Todas as cores concordam no escuro." (Francis Bacon)... Li essa frase numa postagem de uma amiga no Facebook. É bem isso, né? Está tudo tão definido, tão arrumado, pra quê perder tempo tentando fazer diferente, mesmo que o diferente seja mais prazeroso?
ResponderEliminarTexto delicioso.
Mande-me um ramo de ervilhas...
Beijo!
Podemos sempre consultar o catálogo que nos pode dar informações úteis, mas depois devemos fazer a nossa leitura, a nossa escolha e seguir o nosso caminho equilibrando as informações colhidas e a nossa liberdade.
ResponderEliminarNinguém consegue ser completamente livre.
Bom fim-de-semana
Amigo AC,
ResponderEliminarO trabalho escraviza e aliena o homem, mas não vivemos sem ele, é-nos um mal necessário.
Se trabalhássemos para nós mesmos, seríamos dignificados, no entanto, dizem que pagamos com o labor um pecado capital cometido pelos nossos precedentes.
Às vezes, faz-se necessário um catálogo como guia do intuito.
Magnífico conto.
Abraços do amigo de além-mar e ótimo fim de semana.
É alto o preço da modernidade! mas aqueles que ousam podem encontrar uma maravilhosa surpresa por onde não anda o gado.Um abraço
ResponderEliminarAC, boa noite.
ResponderEliminarLembrando Borges, nunca leremos a mesma página duas vezes. Na segunda, ela já será outra, mesmo que pertença a um catálogo, eu acho.
Um grande abraço.
Gilson.
Adoro seu blog, adoro seus textos..
ResponderEliminarFazia um tempo que não vinha por aqui!!
Bjok.
Um ramo de ervilhas de cheiro , colhidas no outro lado , conciliando as duas formas de estar ...
ResponderEliminarUm beijo , AC ,
Maria
Encontra-se sempre uma porta, uma janela aberta para divagar nos sonhos...
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Saudade daqui.
ResponderEliminarVim colher esse ramo de ervilhas-de-cheiro,do 'lado de lá'
Retribuo com ternuras , 'do lado de cá'
Texto como sempre, belo!
um abraço AC
Os teus textos sempre nos dão algo mais e nos fazem reflectir. Perfeito!
ResponderEliminarbeijinhos
Gostei dessa imagem dos fazedores de catálogos, é de facto muito tentador enconstarmo-nos a eles... Mas por vezes há quem precise de mais do que isso, e ainda bem, como o prova o ramo de ervilhas de cheiro...!
ResponderEliminarUm texto sobre o qual vale a pena reflectir!
Beijos
Sempre haverá uma porta de saída pra tudo nessa vida meu amigo...abraços de boa semana pra ti.
ResponderEliminarEncontrei um oásis e levo comigo um ramo de ervilhas-de-cheiro. Obrigada, AC!
ResponderEliminarÓtima semana!
Beijos :)
Entre linhas e ervilhas de cheiro...te abraço...forte,
ResponderEliminarBShell
Um diálogo que responde a questões essenciais que se vão perdendo na floresta de afazeres cada vez mais serrada, menos gratificante.
ResponderEliminarNão houvesse um outro lado com cheiro a ervilhas-de-cheiro e tudo seria demasiado pesado.
Um beijo
Agostinho;
ResponderEliminarMagnífica metáfora sobre o trabalho e o lazer. Só um mestre das palavras consegue esta maravilha de texto.
Grande abraço
excelente! excelente. invejavel texto...
ResponderEliminaros catálogos são "fast food" da cultura.
abraço
Adoro ervilhas de cheiro que este ano não tenho no jardim.
ResponderEliminarTambém sempre que por aqui passei gostei de tudo o que li, por isso e mesmo agora ausente da Blogosfera, farei por vir visitar esta casa que me deixa saudades.
Beijinho
Ná
Bjs nossos para que fique a lembrança do quanto é bom vir aqui e ler, e sonhar, e acreditar e saber que é possível...
ResponderEliminara liberdade é um gosto de brisa nos olhos, há que ser
ResponderEliminarabraço
Um texto muito belo!
ResponderEliminarcom carinho mOnica
ervilhas de cheirogosto mas por cá damos outro nome mas de momento nao sei qual
ResponderEliminarkis :=)
Querido AC...
ResponderEliminarNão há catálogos que vendam ou ensinem a liberdade.Ela nasce da vontade que a gente tem de escolher o que é sempre a mesma coisa...Imposição do sistema????
saudade de você.
beijo.
indefinível - seria um catálogo mais próximo da essencia do homem, mas nem por isso descreve sua inteiridade
ResponderEliminarum beijo
Que nunca se perca a consciência de que podemos viver aprisionados, julgando-nos livres.
ResponderEliminarQue nunca se perca a consciência de que se não soubermos erguer velas, seremos sempre barcos à deriva nas marés que nos são alheias e, perdidos,nunca saberemos do prazer imenso de navegar.
Mais uma vez, AC, a sua escrita a estimular as viagens que precisam ser feitas. Obrigada!
Um beijinho
O ramo de ervilhas de cheiro deu uma fragrância interessante ao texto, com o qual não concordo inteiramente.
ResponderEliminarUm catálogo vale por aquilo que é, não é necessariamente uma vontade imposta. Pode ser um dos prismas com que se vê a realidade. Quantos mais prismas houver mais completa pode ser a desconstrução da realidade ou o seu inverso.
Quem se deixa sugestionar pela força de um catálogo e não o vê como outra possibilidade é que pode limitar a sua escolha.
Beijinho. :)
A liberdade está sempre em primeiro lugar.
ResponderEliminarInteressante, com uma mensagem significativa.
ResponderEliminarConcordo, somos modernos escravos.
Gostei muito
Bjs
Liberdade vem antes de trabalho, já aprendemos isso com o alfabeto?
ResponderEliminarMagnífico texto, meu amigo querido!
bj imenso, com admiração
Fascinante...é verdade, ainda acreditamos no que não precisaríamos acreditar, fazemos o que os outros dizem ser o melhor a ser feito, o que nos torna escravos modernos e iludidos...feliz daquele que vê muito além e se faz livre.
ResponderEliminarBeijos,
Valéria
Zonas de conforto tem uma boca tão grande, nos engolem com tanta facilidade...
ResponderEliminarbeijoss :)
Uma análise lúcida e denunciadora da actual situação!
ResponderEliminarTenho a noção que me vendo... cum grano salis!
Um abração amigo.
AC, quanta verdade encerra o seu conto! Caímos constantemente nessa armadilha e ainda achamos que, assim, somos bem sucedidos...
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana com repouso e lazer!
Madalena
Volto para deixar um beijo...
ResponderEliminarPor muito que nos imponham um catálogo, há sempre uma pequena falha na ordem das coisas.Por vezes essa pequena e frutífera falha pode revelar-se num simples ramo de flores.
ResponderEliminarAchei seu blog na blogosfera.
ResponderEliminarE adoreii!
Já estou te seguindo..
Me visite tbm
http://lidiepaulo.blogspot.com.br
Beijocas
Ótima Noite \º/
Uma análise bem feita, com tanta verdade sobre a actual situação! Magnífico texto, que as ervilhas-de-cheiro nos salvem...
ResponderEliminarBjs
Estamos cada vez mais, seguindo sem pensar e os que pensam são taxados de loucos, mas pensando bem, sempre foi assim.
ResponderEliminarAbraços poeta!
Um belo final de semana pra ti meu amigo...abraços.
ResponderEliminarPois é, amigo, às vezes penso que somos vaquinhas de presépio...AC, um beijo!!!
ResponderEliminarComo sempre, um texto interessante e atraente! Muito legal AC!
ResponderEliminarFiquei a criar inspirada em teu texto. Viajei em tuas palavras, AC.
ResponderEliminarSempre muito bom respirar os ares desse teu espaço!
Bj
há o trabalho que não dignifica o homem. afirma sentidos que nos afastam da Vida, do bem comum, da solidariedade... esse trabalho é ilusoriamente necessário.
ResponderEliminaramei ler teu texto, AC.
grande abraço!
É bom se questionar...não ser apenas escravo ...um fazedor de coisas, um servo obediente...não se revoltar, não pensar... não se indignar...é horrível!!!
ResponderEliminarBeijOOOO:)
ir ao outro lado buscar ervilhas de cheiro, só tu te lembrarias disto, adorei
ResponderEliminarÀs vezes dá vontade de ficar no outro lado...
Beijinho