terça-feira, 2 de abril de 2013

RABISCOS DA PERPÉTUA CEGUEIRA

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Salvador Dali, Contador Antropomórfico
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Olhava, do alto da falésia, os barcos que partiam.
Dentro dela conviviam, em constante agitação, laivos despoletados por múltiplos cenários. Uns asfixiavam, outros tendiam a esboçar movimentos do abrir e fechar de portas. Da complexa amálgama, em constante fermentação, ia arquivando ficheiros, sabedoria acumulada que, de tão ciosamente guardada, apenas o pó tolerava por perto.
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42 comentários:

  1. Belo texto!
    "Dentro dela conviviam, em constante clique aqui agitação, laivos despoletados por múltiplos cenários."

    e tudo é agitação dentro e fora de nós.

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  2. A esperança é que, um dia, dos barcos que chegarem se aviste a falésia... e, já agora, também de outros lados da povoada costa...

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  3. Ao ler o seu texto consultei o meu arquivo de lembranças e lembrei de uma escultura de Salvador Dali ...A mulher com gavetas. Um corpo feminino que possuí gavetas abertas por todo o corpo.Acho maravilhosa. Talvez seja a expressão materializada do seu texto.Um abraço

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    1. Guaraciaba,
      Segui o rasto do seu comentário e mudei a imagem. Obrigado.

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  4. Aqui se respira um projeto maravilhoso de escrita em relação à linguagem, instituindo-se a poesia como o lugar vital para a sua semeadura.
    Abr.,

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  5. Olhava do alto da falésia os barcos que partiam. Gosto da image. Não gosto de barcos parados. Um barco preso ao cais, sempre me lembra um povo acorrentado.
    Um abraço e resto de uma boa semana

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  6. Do alto podemos ver melhor os barcos em constante fermentação! abraços

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  7. É assim que dentro de cada um se constroem as fantasias, os sonhos, as utopias.

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  8. Do alto da falésia nem sempre se vê tudo...
    é preciso guardar para dar.
    Beijinho e parabéns pela escolha da imagem.

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  9. Ver os barcos partir com a consciência metafísica de que se vão como sonhos, à deriva. E ficar, mesmo sabendo...

    Um beijo

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  10. A linguagem já é embriagante por si. Texto pequeno e uma extensão imensa de reflexões.

    Beijos,

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  11. Olá, AC!

    Local apropriado e inspirador, o alto da falésia, no convite à reflexão; partidas e chegadas sempre nos colocam na pele de viajantes, ainda que não saiamos da gare...

    Abraço amigo
    Vitor

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  12. a linguagem descortina mas também esconde,


    abraço

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  13. gostei muito do que li e lembrei do seguinte:

    Nunca parti deste cais e tenho o mundo na mão!
    Para mim nunca é demais responder sim cinquenta vezes a cada não.
    Por cada barco que me negou cinquenta partem por mim e o mar é plano e o céu azul sempre que vou!
    .
    Autor:Manuel Lopes

    ...

    um beijo

    :)

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  14. Lindo e nos faz pensar...abraços,tudo de bom,chica

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  15. A cegueira humana no automatismo da existência...

    A dessensibilização e a inexistência da sabedoria na cor e sabor do essencial.

    Gosto e gosto muito de ler-te!!

    Ps:A imagem perfeita em harmonia com o excelente texto.

    Beijo.

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  16. Numa descrição perfeita, sinto familiaridade, no contexto.
    Um beijo, AC,
    da Lúcia

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  17. Ser-nos-ia sumamente valioso, saber atribuir o surgimento de bela reflexão. Amei vir matar saudades AC.

    Beijinho

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  18. Sempre pura intensidade em suas palavras...fascinante... beijos
    Valéria

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  19. convém sacudir o pó de vez em quando - do alto da falésia, se possivel...

    ... antes qu tão apreciável sabedoria ganhe musgo! ou mofo, nunca se sabe.

    abraço

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  20. a imagem é extremamente apropriada para um texto tão visceral.

    AC, meu querido, vc é gigante!
    bj imenso

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  21. Há marés dentro de nós, trazendo à tona, ou afundando, imagens que recusamo-nos a ver.

    Abraços poeta!

    Uma linda vida.

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  22. Olá, poeta AC!

    Que alegria voltar a ler os teus textos! Um pouco afastada, mas com vontade de regressar ao mundo dos sonhos e das palavras!

    Uma brisa do meu (a)mar

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  23. Caríssimo realmente não sei o que lhe dizer depois de saborear tuas palavras...Então ca deixo meu abraço e desejo para ti um belo final de semana, sem poeiras e com muitas lembranças.
    bjs

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  24. Excelente texto com uma imagem em perfeita harmonia! isto é AC...
    Bjs

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  25. Poeta ,

    Perfeito !
    Simples assim .
    Perfeito !
    Obrigada .
    Beijos

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  26. Sentimentos guardados à sete chaves... Um grande abraço, AC!

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  27. "Perpétua cegueira" - Para que serve tanta sabedoria acumulada se for, assim, deixada ao pó?

    Por outro lado, também há aqueles barcos que partem, deixando vazias as gavetas...

    Beijo :)

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  28. Sabedoria só vale à pena se for para ser utilizada, afinal, geralmente o acúmulo também é feito de dor. Um abraço!

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  29. Saudades destes sublimes momentos escritos com o carvão da beleza de todas as coisas.

    Foi tão bom passar por aqui.

    Um abraço, AC

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  30. E a sabedoria não deveria ser guardada.

    Muito bom!

    bjs

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  31. O movimento não permite que o pó acumule.
    Um grande bj querido amigo.

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  32. Excelente conto! Quisera eu guardar tal sabedoria, mas nada sei!
    Beijinhos, bom domingo!
    Madalena

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  33. AC,


    Pura sabedoria!

    Saudades de vir aqui!

    Um abraço, Marluce

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  34. Um diálogo perfeito entre as imagens, a tela de Dalí e a personagem. Senti-me como ela, observando o ir e vir (o devir e porvir), dos barcos, e em cada um partir junto, ser embalada pela agitação do mar (e dos sentimentos, e fiquei murmurando: todos seremos pó um dia).

    Belo e reflexivo texto!

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  35. Os barcos também guardam memórias...
    A sua escrita é linda, AC.

    Beijinho.

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  36. Mas isso está uma maravilha. De uma forma incomum!

    BeijooO*

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  37. Uma simbiose perfeita entre texto e imagem!

    Beijo saudoso

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  38. E mesmo sabendo,a cegueira é, tantas vezes, o lugar onde se vê ( ou julga ver) melhor.

    Excelente, AC!
    As suas palavras levam-me sempre para caminhos que, não sendo fáceis, é cada vez mais urgente palmilhar.

    Um beijinho

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