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Aguarela de Ana Pintura
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Os cuidados com as árvores começaram mais cedo. Fizera uma ou outra enxertia, cavara, estrumara, podara.
Entretanto, cansada de jogar às escondidas, a primavera assomara, começara a sorrir, abrindo portas à grande azáfama na horta. Com a compostagem no ponto, feita com as plantas da época anterior, em estágio invernio, delineava-se o melhor local para as diversas plantações. Na terra já havia couves, alhos, morangueiros, favas e ervilhas, mas o grosso da horta estava por fazer. E, com o tempo, isso tornara-se um ritual. As passadas sucediam-se, de cá para lá, de lá para cá, mas a dúvida era companheira frequente. Aqui as cebolas, depois as alfaces, os tomateiros, os feijoeiros. Talvez a seguir as plantas aromáticas, pensou, são inibidoras das pragas, depois as beringelas, os pepinos e os pimentos. Mas ainda faltavam as abóboras, os melões, as beterrabas...
Os desenhos sucediam-se, queria conciliar a harmonia das plantas com a fluidez da colheita, mas muitas voltas havia por entender. A horta era uma descoberta constante, cada espécie requeria um especial cuidado, adequado à sua sensibilidade. Aconselhara-se com este e aquele, mas depressa intuíra que a cada cabeça, sua sentença. Parecia haver um princípio geral, é certo, mas quanto à essência de cada planta, só tentando, só sentindo. Se fórmulas houvesse, talvez a formada nas memórias do avô, atento observador dos astros e amigo da passarada, fosse a mais adequada: a horta gosta de pequenas delicadezas, de namorar, de ver o hortelão todos os dias.
Hoje, bem cedo, a horta viu-o chegar de rubro cravo na mão. Se tinha que conhecer a sua essência, também ela teria que conhecer a sua.
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A sensibilidade extravasa, rendilhado simples na complexidade de uma "horta"
ResponderEliminar"a horta gosta de pequenas delicadezas, de namorar, de ver o hortelão todos os dias."
Um cravo rubro e um beijo
Sempre muito lindas tuas palavras e te ler!beijos,lindo dia e feriado! chica
ResponderEliminarEla deve ser tão colorida e viva, por causa de tanto amor diário. Decerto tornou-se ainda mais viçosa quando o viu chegando, portanto na mão o cravo rubro e no peito um bocado de amor.
ResponderEliminarToda vida, lindo.
Beijo,AC.
As várias nuances do amor...É preciso muito amor em tudo que se faz e quando se trata de cuidar daquilo que produz vida o cuidado que se requer é ainda maior, pois se trabalha com essência, como quando se faz poesia.Lindo texto A.C.
ResponderEliminarUm abraço
O mexer e remexer a terra aproxima-nos do importante da vida! daquilo que parece básico mas fulcral para sabermos quem somos e do que verdadeiramente gostamos.
ResponderEliminarBeijo AC:)
A terra necessita ser remexida com delicadeza com sensibilidade porque é importante como a honestidade, respeito e amor!
ResponderEliminarLindo texto neste dia meu amigo AC.
beijinho e uma flor
Bonito texto. Ao lê-lo lembrei-me que a minha mãe, que também tratava da horta, tinha sempre algum craveiro nos canteiros aqui de casa.
ResponderEliminarVozes ao alto
ResponderEliminarA Natureza está sempre presente aqui, como merece: com poesia! Eu adoro.
ResponderEliminarBeijos,
para a felicidade de uma horta é preciso, antes de mais nada, que o hortelão entenda o quanto é difícil brotar. a compaixão por cada espécie de semente é que faz o hortelão ser digno da horta.
ResponderEliminarBj grande, AC, me querido poetamigo
Adorei o texto! Faz-me lembrar o meu pai e a sua horta.
ResponderEliminarFiquei a imaginar se ele também a terá visitado (a horta) de cravo na mão.
Beijo :)
Sónia
Olá,AC!
ResponderEliminarBonito texto: conversa de hortelão que bem sabe cuidar da sua horta, e que do seu trato entende mais do que aqui admite.
E certamente que ela também entendeu o gesto dele...
Abraço; bom fim de semana
Vitor
A terra é a vida em constante mudança...
ResponderEliminarEm cada estação ela renova-se com uma nova plantação...
A vida também é assim!!!
Gostei muito, que maravilha!!!
beijo e um bom fim de semana
Que belo texto... as plantas cada uma com sua essencia me lembrou os seres humanos em uma horta divina...
ResponderEliminarBeijos...
a essência do rubro que renasce
ResponderEliminarabraço
Que delícia de ler!
ResponderEliminarTanto prazer em beber cada uma das suas palavras.
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Todos os movimentos que a vida dá, num texto extraordinariamente bem escrito e cheio de sensibilidade.
ResponderEliminarDeixo um beijinho amigo e de gratidão pela visita***
Se faz relação a vida....
ResponderEliminarBeijo Lisette.
A natureza é exemplo. Convivem as plantas em harmonia, mantendo, cada qual, a sua essência. Poder-se-ia fazer uma analogia com o seres humanos. Individualmente, necessitam de cuidados e atenção, para florirem e frutificarem. Bjs.
ResponderEliminarPoeta ,
ResponderEliminarSalve sua escrita !
Salve sua sensibilidade !
Muitos cravos vermelhos para você .
Beijos
A horta de Abril.
ResponderEliminarGostei imenso.
Bjs
belo texto com cores de liberdade e delicadeza...
ResponderEliminarAC, este fado cantado por Mariza, a chuva, é simplesmente lindo!
beijos! :-)
Aí está a vida !
ResponderEliminarGosto muito do texto , onde a delicadeza impera , tal como convém quando se fala da Mãe natureza .
A imagem é lindíssima .
Um beijo , AC , acompanhado com um cravo ,
Maria
AC,
ResponderEliminarA horta é feliz por ter um mentor que a percebe e que dialoga com ela.
Um diálogo muito bonito, com pausas, com movimento e ainda com a questão:qual a essência do cravo?
Beijinho. :)
ResponderEliminarCuidar com as mãos e regar com o coração.
Beijo
Laura
A arte da delicadeza
ResponderEliminarA espera
Os sinais em cores únicas
A escuta do essencial...
Lindo,lindo!
Beijo.
Lindíssimo!! A beleza do cultivo requer cuidado, atenção, carinho e paciência. Temos que muito a aprender com a virtude e sabedoria das plantas e dos frutos.
ResponderEliminarBjos!
PS:Quanto ao seu comentário sobre a questão do "estigma das mulheres de querer imitar os homens", devo dizer que não concordo muito. Acho que as mulheres nunca quiseram e nem querem ser igual aos homens. Afinal, igualdade não é sinônimo de ser igual, mas sim de conquista de espaço.
Não foi essa a ideia que quis deixar, Larissa, muito pelo contrário. Se se recordar, escrevi: "Sempre achei que, desde que as mulheres se libertassem do estigma de imitar os homens, o mundo estaria muito melhor entregue a elas". Se reparar bem, apenas estou a dizer que elas devem ser elas próprias, seguir a sua natureza.
EliminarDesta vez fui mais claro?
Beijo :)
que doce....um texto tão delicado e sublime! A natureza inspira porque é simples, assim como os sentimentos mais profundos são calcados na simplicidade. Só a combinação dos dois rende bons frutos. Um abraço!
ResponderEliminarcomo pétalas vermelhas semeadas amorosamente...
ResponderEliminara seiva se fará futo.
forte abraço
Passando para te desejar um lindo inicio de semana, que sua horta seja sempre bem cultivada, por mãos amaveis, por um coração puro e um olhar atento... Beijos
ResponderEliminarQue saudades tinha de um belo texto! Abraço
ResponderEliminarSua horta me encantou!
ResponderEliminarBelíssimo!
Grande abraço. Em divina amizade.
Sonia Guzzi
Um texto bem...semeado e cuidado!!
ResponderEliminarBeijo
Graça
Pois, o hortelão e a horta devem trocar sentimentos e vibrações...AC, um abraço com o frescor dos legumes!
ResponderEliminar...e deixava de ser horta para ser um jardim num encantador tecido de palavras.
ResponderEliminarBom 1º de maio AC
Abraço
O que se planta um dia se colhe....beijo Lisette.
ResponderEliminarAs seivas de Abril deviam florir ...ao invés disso, estão murchando por falta de entendimento, de organização, de humanização, de respeito....as seivas de Abril morreram, ceifaram-nas! Venham novas plantações, tal como esta que nos deixas aqui!
ResponderEliminarBeijo Abril!:)