.
.
.
.
Fotografia de AC
..
.
Do alto do promontório, em olhar mil vezes ensaiado, as ilhas pareciam cada vez mais ilhas. Ali por perto, em caminhos de contramão, o velho amolador teimava em fazer-se anunciar pelo som da sua gaita. Ninguém o ouvia, mas algo o impelia a continuar. Talvez um dia, quem sabe, alguém parasse para ouvir das suas andanças...
Em grande écran, em esforço para cavalgares a onda, deslizavas, sorridente, por entre as brumas da nossa inquietação. Escolhias a música, sentias-te bem, não desafinavas. Não sabias que, do teu rodopiar, apenas emergia o vazio da origem das brumas.
Clic!
O tempo pára, nada se move. Incidindo sobre a tela, um leve feixe de luz começa por sugar as brumas, a seguir o promontório, por fim o amolador. Um invisível mestre de cerimónias parece emitir um sinal de aprovação.
Clic!
Cavalgas a onda, confiante, enquanto as máquinas disparam. À noite, antes de te deitares, apenas uma dúvida: Lexotan ou Prozac?
.Em grande écran, em esforço para cavalgares a onda, deslizavas, sorridente, por entre as brumas da nossa inquietação. Escolhias a música, sentias-te bem, não desafinavas. Não sabias que, do teu rodopiar, apenas emergia o vazio da origem das brumas.
Clic!
O tempo pára, nada se move. Incidindo sobre a tela, um leve feixe de luz começa por sugar as brumas, a seguir o promontório, por fim o amolador. Um invisível mestre de cerimónias parece emitir um sinal de aprovação.
Clic!
Cavalgas a onda, confiante, enquanto as máquinas disparam. À noite, antes de te deitares, apenas uma dúvida: Lexotan ou Prozac?
.
Um cântico...
ResponderEliminarSimples.
beijo AC querido..
No pretérito o som ecoava na sua alegria.
ResponderEliminarSerá que até a cigarra mudará de melodia?
beijo AC!
Um deslizar que se subentende como desejo de querer sempre mais e melhor.
ResponderEliminarAgostinhamigo
ResponderEliminarTexto curto mas sentido e com sentido, coisa que por aí vai faltando. Foto excelente. Fiz bem em vir aqui; para te ler e para te dizer, uma vez mais, que espero por ti na Travessa...
Abç
Ótima foto... seu escrito me fez pensar quantas pessoas vivem assim, envoltas em descontentamento e ainda assim, mascarando o vazio com uma música que já não desperta mais a alma. Um abraço!
ResponderEliminarPodendo não ser aparentemente feliz, gostei muito...
ResponderEliminarAbraço
Fiquei em palpos de aranha para comentar este texto. Muito boa a foto.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Agridoce!
ResponderEliminarFantástica, a imagem!... Uma mancha negra... a sombra de um fruto? O luto da lua?...
Beijo meu
Lídia
Um contramão triste, com uma beleza muito própria neste texto!
ResponderEliminarBoa semana AC.
Beijinho e uma flor
O soalho na sua magnificência revela em registos gráficos as palavras melancólicas cortadas pelo barulho bizarro do amolador.
ResponderEliminarBj. :))
Na foto fiquei sem saber se era uma cigarra ou apenas desenho da madeira...
ResponderEliminarOlá, AC!
ResponderEliminarUm história de vida em contramão que soa a tristinho, tal como a do amola tesouras... num bonito jogo de palavras.
Um abraço e boa semana
Vitor
Os clics da vida , os sorrisos algo forçados , a música de fundo anunciando cinzento , a necessidade de estar na crista da onda , à noite ... talvez prozac . . .
ResponderEliminarA foto é óptima .
Um beijo, AC ,
Maria
Muito bonito embora um pouco triste, mas gostei muito. Muitas vidas neste mundo se revêem nesta palavras, eu acho.
ResponderEliminarBjs
Um texto excelente que dá gosto ler e reflectir sobre ele.
ResponderEliminarAbraço.
Precisava de um clic e vim aqui. Já tinha saudades de interioridades e encontro muito mundo nas tuas palavras. Encontrei uma boa onda!
ResponderEliminarXi coração.
Esse distanciamento do Ser ao natural (natureza), conduz ao
ResponderEliminarabismo do não reconhecimento (sentir) sobre o simples
ritual do belo perto aos olhos...
Levam para algumas escolhas estranhas, o
anestesiamento do sentir...
Magnífico conto, AC!!
Bj
Meu querido AC
ResponderEliminarUma realidade de muitos. Como sempre um texto com a profundidade de quem escreve com a alma.
Voltando e agradecendo o carinho e apoio.
Um beijinho
Sonhadora
Este seu pedacinho de texto catapultou-me de imediato para a minha infância, para a casa dos meus avós: " o velho amolador teimava em fazer-se anunciar pelo som da sua gaita. Ninguém o ouvia, mas algo o impelia a continuar." O som do velho amolador ainda continua por cá, na memória, embora já não o oiça há alguns anos. De velhote provavelmente já morreu e com ele o som que entrava pela casa adentro.
ResponderEliminarGostei da sua foto. Quanto à parte do Lexotan ou Prozac, já ouvi falar bastante destes medicamentos e admito que ainda continuo na mais perfeita ignorância. Talvez seja um bom sinal.
Tenha um óptimo fim-de-semana, AC :)
Cada um dá o que pode....
ResponderEliminarBeijo Lisette
O AC tem um estilo de escrita muito próprio, que reconheço se vir sem assinar (tal como os quadros de Paula Rego), mas gostei muito da variação deste conto!
ResponderEliminarBeijinhos, bom domingo!
P.S. À noite, um bom livro.
O momento em que se esquece tudo - deixa que o olhar fale, inspire e feche o ciclo..
ResponderEliminarUma foto brilhante...Não será dia nem de Prozac nem de Lexotan..."Evadi-me" na beleza do momento....
Espero que me visite.
Beijos e abraços
Marta
Aparição foi o primeiro nome que me surgiu depois de ler este brilhante texto. O amolador, uma referência que aparece na contemplação do flash/vida,,,
ResponderEliminarUm fecho narrativo muito a meu gosto!
Bjo, AC :)
Se é o que estou a pensar....parece que anda tudo em contramão, pelo menos assim interpreto....O amolador ainda acaba por enlouquecer....
ResponderEliminarBeijo :)