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Hélio Cunha, O anjo e a musa diante das ruínas da Europa
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Mantivera-se sempre à distância. Quando, por fim, se abeirou do cais, os barcos já enfunavam as velas, os porões prenhes de esperança. Não participara nos debates, não vira a construção das naus, não partilhara cuidados e sorrisos. Perdera o bilhete para a viagem.
Aguardou, clamoroso, de braço dado com o tempo, por sinais vindos do horizonte. Em vão. No cais, já carcomido pela ausência de sonhos, até as gaivotas pareciam reféns da velha tela perdida no sótão. Apenas a cadeira denotava algum brilho, apurado pela quente familiaridade do roçar das calças.
Quando vieram os turistas, entre algaraviares vários, ainda permitiu duas ou três fotos, mas há muito que perdera o rasto da alma. Por bom preço, acabou por vender a cadeira.
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Tomar decisões… uma constante da vida.
ResponderEliminarAssustei-me um tanto com o seu texto, AC, pois mantenho-me - meio sistematicamente - quase sempre à distância. Mas que eu não perca a alma! Que não percamos nunca ;)
ResponderEliminarAbraço!
Tem uma expressão que resume tudo é o _'adeus,melro-preto'
ResponderEliminaré assim que vamos nos desfazendo das pequenas e grandes coisas _uma incomodam e outras amarmos demais.
belo texto AC
Pelos medos, e enredos
ResponderEliminarvendem-se anéis, dedos
e até símbolos
e artefactos queridos
como essa cadeira
É assim! Perdida a geometria dos sonhos e o tempo da viagem quase tudo +e quase nada!
ResponderEliminarUm beijo
Pois, há muito que perdera a alma...
ResponderEliminarMuito bonito este seu conjunto AC:)
Quando se perde a alma, o sonho... fecha-se uma porta e tenta-se abrir outra. :)
ResponderEliminarSe calhar, ao vender a cadeira, conseguiu mudar de vida. :)
ResponderEliminarOlá, AC!
ResponderEliminarMetáfora em que muita gente se poderá rever:Não chegar a tempo ao cais de partida, ficando à espera de quem não chega ...
Uma boa semana e um abraço amigo.
Vitor
Olá, Ac. É possível que, mais que aguardar uma chegada vindo do horizonte, seja necessário partir ao seu encontro.Almas sem sonhos são menos úteis que a própria cadeira. Um abraço!
ResponderEliminarSe calhar revi-me nesse ficar à margem do seu conto, AC. Se calhar muito! As suas linhas são boas e certeiras :)
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana!
AC, é sempre um prazer ler o que escreve. Deixar que as suas palavras nos embalem. Acho que é mesmo disso que se trata, tranquilizar, passar um sensação agradável. Pelo menos é o que chega a este lado.
ResponderEliminarTenha uma óptima noite :)
há que erguer da cadeira e ... sujar as mãos.
ResponderEliminarbelo teu texto
abraço
Quando a alma perde os sonhos e o corpo as viagens, teremos tombado tão apodrecidos como o cais onde nos sentávamos a espreitar lonjuras...
ResponderEliminarUm beijo
Com as fotos foi -se a alma , quem sabe se a recupere com a venda do conforto da cadeira ?
ResponderEliminarUm beijo AC ,
Maria
Pelo menos fez um bom negócio!
ResponderEliminarBelo texto, bem ao teu estilo...
Bjs
ResponderEliminarSuas palavras sempre tao perspicazes!
Beijos.
Há sempre uma mensagem de quem escreve e as leituras de quem lê. Insofismável! Tento sempre "meter-me" no texto; contudo, nem sempre é fácil "penetrá-lo". Ocorreu-me tanta coisa! Mas uma relevo: o receio de perder o ânimo (como sabes vem do latim animus - alma). A desistência é (a meu ver) consequência de vazios...Se já nem os artefactos prendem, que sentido dar à vida?
ResponderEliminarUm texto intenso, encapuçado de mensagens "subversivas" . Pelo menos que se salvem as palavras!
Bjo, AC :)
Quando se perde a esperança.... não resta mais nada... Já passei por isso...mas depois voltei a subir ao cais....
ResponderEliminarObrigada pela visita.
Beijos e abraços
Marta
AC,é sempre um enorme prazer ler seus textos,são contundentes...
ResponderEliminaracredito que nesse caso a desesperança fez com que ele vendesse a cadeira...não a alma..
um grd abraço amigo querido!!!!
Zil
Gostei do texto! Perder a alma, perder a esperança, perder a coragem, perder a vontade...o reflexo dos tempos. Tristes tempos! Há que continuar no cais e continuar a viagem assim que a oportunidade aconteça. Beijo
ResponderEliminarMuito belo, o texto. A cadeira permanecia como sinal de presença. Que pena tê-la vendido...
ResponderEliminarUm beijo.
tão triste, acho que uma certa angústia em todo o texto.
ResponderEliminarse vendeu a cadeira assumiu o fim!
devia conservar a cadeira!
:)
De tanto nos mantermos à distância, acabamos sem sítio.
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