sábado, 27 de fevereiro de 2016

AS VOLTAS DO POEMA

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Fotografia de AC
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Entre Gardunha e Estrela, no baixio dos campos sobranceiros ao Zêzere, há uma imensidão de vida que escapa aos olhares dos cultores de vidas apressadas. Por ali, sem qualquer esforço, avista-se a mais díspare passarada, da mais tímida à mais exuberante: melros, cegonhas, milhafres, perdizes, pintassilgos, papa-figos, guarda-rios, tordos, estorninhos, gralhas, toutinegras, pintarroxos, chapins, piscos, cotovias...
Num dia de deambulações, a espreitar possíveis janelas da alma, eis que, na placidez do caminho, surge uma manada de vacas, a pastar, em estreita relação com um bando de garças-boieiras. Parar era quase sacrilégio, não fosse perturbar a harmonia do local, mas a tentação foi mais forte. Ainda pensei em encontrar o melhor ângulo para a fotografia, mas o levantar de cabeça, em modo tranquilo, de uma ou outra vaca, levou-me a mudar de ideias. O intruso era eu. É já daqui, pensei. E, facto consumado, sem alaridos, lá segui o meu caminho.
As vacas e as garças, em atitude zen, ficaram para trás. Eu, sem pressas, prossegui na eterna busca do (im)possível poema.
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34 comentários:

  1. Ver esta imagem e ler o texto transportou-me para o Alberto Caeiro.
    Um abraço e bom Domingo

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  2. Imagem e palavras lindas, como a bucólica cena! Adorei! bjs, chica

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  3. Ah! Que bonito!
    A fotografia em si é poesia(seu olhar), as belas palavras são assim feito preciosa moldura!
    Beijo carinhoso, feliz fim de semana!

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  4. O poema ali,(aqui), ao vivo e a cores.

    Grata pela partilha.

    Lídia

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  5. o poema perfeito é impossível! mas teu olhar aproxima-se... e disso nos dá conta-

    abraço, meu caro amigo

    bela passarada por essas paisagens - boas razões tem o meu (salvo seja) Assobio em não gostar de armas de fogo. rss

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  6. O poema está bem visível :)
    Fica um beijo com estima.

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  7. Oi, A.C. e o poema se fez dentro da alma...
    Um abraço

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  8. É notável como conhece a multiplicidade de aves/pássaros. A Natureza, tranquila, não se padece para com os intrusos; ela continua, impávida e serena.
    Beijinho.:))

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  9. Quando se vive o próprio poema, ele as vezes
    fica tímido para aparecer em público em forma
    de poesia escrita...rss
    Que vizinhos maravilhosos, esta natureza e todos
    os bichos em seu estado Zen, como espelho de
    aprendizado.Um dia irei viver assim...rss
    Uma inspirada semana, querido Poeta Zen!
    Beijo.

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  10. Uma bonita imagem de vacas, garças carraceiras e o teu olhar sensível à natureza que por si faz um belíssimo poema!

    Conheço todos os pássaros referidos menos "toutinegras" nunca ouvi este nome.

    Bom domingo meu Amigo AC.

    Um beijinho

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  11. Só falta alinhar o poema porque as estrofes estão cá...

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  12. Imaginemos cada animal uma palavra e temos um lindo poema.Gosto da foto :)

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  13. O poema está na imagem, na paisagem.
    Aquele abraço, boa semana

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  14. E o pássaro da alma deu pulos de alegria !

    Um beijo AC , e boa semana,
    Maria

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  15. As voltas que um poema dá! dentro e fora de ti! Por inteiro!

    Beijinho, AC :-)

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  16. Esqueci de mencionar, gosto da tua fotografia! :-)

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  17. o poema está aí todo desnudo e inteiro
    nas palavras
    na foto

    que beleza!

    boa semana e boas fotos com essa inspiração em alta

    beijinho

    :)

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  18. Adorei este tempo... à velocidade do próprio tempo... traduzido em imagem e palavras... fora da pressa dos dias...
    Abraço! Feliz semana!
    Ana

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  19. Se tivessemos a capacidade de observar cada belo pormenor da natureza, de admirar a harmonia de todos os seres nela viventes fariamos com toda a certeza um belo poema. Não podriamos nele incluir o mais sábio, o mais inteligente, o tal do racional ser que também nela habita.Falta a ele o respeito pela natureza, não tem ele a sensatez de viver em harmonia com os outros " sapiens" e muito menos com aqueles aos quais é atribuida uma grande irracinalidade. Sujamos a água que bebemos e com isso é impossivel escrever-se um simples verso. Obrigada, amigo, pelo belo momento. Um beijinho e até sempre.
    Emilia

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  20. Tão divino escutar estes sons!
    E é bom também ler esta sensibilidade!
    beijinho

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  21. O poema, por mais belo que seja, nunca consegue ser o que as coisas são; é sempre uma representação.
    Que belas imagens! Na foto, e nas palavras.
    xx

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  22. Tão bom esse deambular!
    Conheço um pouco esses lugares, de longas caminhadas a pé...

    Beijinho meu.

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  23. Lindo, prosseguimos sempre!!!
    Bjbj Lisette.

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  24. Poeta , " os cultores de vidas apressadas " nem imaginam o que perdem . Tudo aqui é lindo . Palavras e fotografia . Beijos

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  25. Passando novamente, por aqui, só para dizer, que deixei uma distinçãozinha, por lá no meu canto, para este blog espectacular!
    Beijinho! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  26. Linda fotografia e lindo texto!!!
    As vaquinhas bem merecem poder pastar ao ar livre à vontade!
    Beijinhos, boa semana :)

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  27. Mas ficou o momento - nas palavras e na imagem. O impossível torna-se possível, ainda que por breves instantes, na presença destes momentos raros.

    Um beijinho, AC :)

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  28. Rodeaste o poema, prosseguiste o teu caminho, mas a poesia não se perdeu! Está toda na imagem e no sentir das tuas palavras.

    Incrível como sabes os nomes de toda essa passarada...de nome também conheço, mas não os saberia distinguir!! :)

    Beijinhos, AC...:)

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  29. A natureza é poema, mas raros são os que a escrevem em poema!
    Tu é um deles!
    Meu apreço, AC :)

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  30. Esta tua foto e o tua magnífica prosa poética aqueceu-me um pouco a alma que ultimamente tem andado..."as voltas..."

    Obrigado por este momento!

    Beijos

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  31. O poema (estava) está lá!, a transbordar serenidade, laborando no equilíbrio das coisas, dos bichos, pondo e dispondo segundo as leis da Natureza. A beleza dos dias primeiros do mundo.

    Parabéns, AC.

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