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Chegavam, em noites de lua cheia, quando um leve rumor se insinuava nas frestas.
Bailavam, levemente, contornando as pedras da penitência. Cada movimento, como se obedecesse a uma vontade maior, parecia ter o impulso certo. Ora distante, ora perto, como se pretendessem restabelecer, na sua abrangência, o temor pelos segredos bem guardados. Aos homens o que é dos homens, aos deuses o que é dos deuses.
Eram seres do outro mundo, diziam, enquanto resguardavam os mais novos. Acreditavam na simplicidade dos elementos, mas a noite trazia-lhes pedaços de coisas que não entendiam. Era então que, no aconchego do lume, se forjavam histórias de sobrenaturais encantamentos, todas com rabo de fora, não fosse o diabo tecê-las.
Bailavam, levemente, abrindo janelas para outros portais. E desvaneciam-se no ar, deixando rastos de temor e espanto.
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A noite faz-nos ver as coisas de outra forma, muito mais sinistras. O luar é lindo, mas nada como a luz do sol:)
ResponderEliminarBom fim-de-semana:)
Só pela poesia podemos ousar imaginar o que se sentia em outros tempos.
ResponderEliminarPorque a poesia não se entende, sente-se! E há coisS que estão aquém e além das palavras!
Imaginei Craig na Dun (de Oulander).
ResponderEliminarBom fim de semana
E foi o espanto, a estranheza e a perplexidade que os homens sentiram perante os enigmas do universo e da vida que deram origem à pintura, à literatura, à filosofia, à religião. Foi assim que o homem começou a interpretar-se, a si e ao mundo.
ResponderEliminarFoi um prazer ler o seu texto, AC.
Um beijinho :)
Um dia seremos de novo crianças
ResponderEliminarSerá outro dia
Abraço
Uma imagem apelativa a um trecho a fazer lembrar as noites de luar com seres de outro mundo...
ResponderEliminarAbraço
Ouvi algumas dessas histórias, sentada no banquinho que a avó tinha para mim (à minha medida) junto à lareira e à luz dela, as histórias ganhavam forma nas chamas e nas sombras. Depois, dormia com ela, encolhidinha, não fosse o diabo tecê-las eheheheh
ResponderEliminarA noite e os seus mistérios. O luar e os seus encantamentos. Os homens e os seu temores. E os Deuses, além...
ResponderEliminar:)
Gosto de entrar neste portal e embalar a minha alma na sua valsa.
ResponderEliminarBela prosa poética, AC.
Fica um beijinho.
Que lindo!"Bailavam, levemente, abrindo janelas para outros portais..."...e eu que "aqui" me sinto brisa, balanço-me para trás e para a frente na esperança que deuses também me olhem...!Há dias que alguém aqui dizia que o imaginava sempre a sorrir. Eu não! Imagino-o pensativo e num encantamento silencioso e constante com tudo aquilo que outros ainda não conseguem ver. Obrigada e um forte abraço.
ResponderEliminarVivi esses momentos e como criança temia o que os muito mais velhos diziam...e apesar dos pesares ainda hoje sou essa criança que dá brilho, cor, abrindo "janelas a outros portais.
ResponderEliminarA imagem é fabulosa e conjugaste na perfeição.
Parabéns e um bom fim de semana
A mim bailavam-me os olhos seguindo a voz da avó materna, ela própria encantada com a magia das histórias que (me) contava.
ResponderEliminarO meu olhar foi marcado nesse tempo...
Havia medo mas o encantamento superou-o.
Apreciei, particularmente, este texto,
Bjo, AC :)
Sou uma "velha criança"! Adoro ouvir e contar histórias!
ResponderEliminarAdorei sua prosa poética!
Beijo carinhoso!
Tive um Avô que poderia entrar neste belo texto , levando - me pela mão , como ele sempre fazia .
ResponderEliminarUm beijo AC ,
Maria
Um texto lindo, muito poético!
ResponderEliminara noite "inflama" as visões...
ResponderEliminarhá que ter cuidado!
fazes bem deixar o rabo de fora (para a realidade)
- "não vá o diabo tecê-las..."
forte abraço, meu caro amigo
Caro AC,
ResponderEliminarTenho reparado que usas muito as pinturas de Margarida Cepêda nas tuas publicações e, para cada uma delas, escreves uma mensagem fabulosa, a condizer com a mensagem implícita na tela.
Esta teve um sabor muito especial para mim. Revi-me, sentada à lareira, - no meu Alentejo distante no tempo e no espaço - numa cadeira baixinha de assento de palha.
Nas longas noites de Inverno era grande o encantamento, com as histórias contadas pelos adultos.Sempre envoltas nessa magia que tão bem descreves.
Cheguei, li, li e reli, sentindo-me envolta nesse rasto de temor e espanto sentido na minha infância, para onde me transportaste e, finalmente, só me resta dizer-te uma única palavra mais: Obrigada.
Um abraço amigo, AC!
Beijinhos :)
Um falar nascido da tradição oral, do fantástico, parte de um imaginário coletivo que me próximo. Dos "temores e espanto" que ficavam ainda sei a cor.
ResponderEliminarUm prazer ler estes textos curtos, mas recheados de imagens significativas.
Bj.
Lídia
Abriam portais surreais e fascinantes que ainda hoje povoam as minhas noites e os meus sonhos. Que boas lembranças me trouxeste AC. Beijinho
ResponderEliminara noite e seus mistérios, e algumas crendices.
ResponderEliminarum beijo
:)
~~~
ResponderEliminarQuem não teve o seu quinhão de histórias de encantamento,
muitas arrepiantes, mas que nos ensinavam a ser corajosos?!
~ Um texto poético
delicado e maravilhoso à altura da bela pintura...
~~~ Beijinhos, AC. ~~~
Gostei da dança das tuas palavras abrindo janelas
ResponderEliminarpara outros portais...rss
Acredito que este temor e espanto infantil estimulado
pelas histórias dos avós eram tão saudáveis para
o campo da imaginação, hoje, as crianças se perdem
nas imagens de terror das máquinas (jogos).
Adoro voar aqui!!
Uma semana inspiradora, Poeta!
Beijo
Poeta , adorei o texto . Também , suas visitas ao meu espaço . Muito obrigada . Beijos
ResponderEliminarNão sei que diga, acho o texto soberbo!
ResponderEliminarSenti-me embalada pelas palavras que evocam o encantamento das histórias no aconchego do lume...
Obrigado :)
Que texto incrível, que me remeteu com muitas saudades, à infância dos "causos" à beira do fogão à lenha. Adorei!
ResponderEliminarAbraços, uma boa noite!
Mariangela
Que prazer ler seus textos, AC. Fiquei alguns (vários) dias afastada da web e ao retornar li cada um deles, como se lê um livro novo, com prazer, com ansiedade pela próxima página, querendo e não querendo que termine. Ainda bem que certamente haverá novas postagens, para meu deleite. Abraços, boa semana.
ResponderEliminarQue maravilha! Adorei e recuei no tempo, quando menina sentada num pequeno banco à lareira de candeeiro a petróleo no mínimo porque a fogueira iluminava e ouvia histórias em que acreditava porque eram contadas pelo meu pai! Um momento de saudade.
ResponderEliminarBoa semana AC e um beijinho
Um lindo bailado de palavras.
ResponderEliminarBoa semana
Este texto tem o cariz de realismo mágico... Gostei mesmo muito, porque esse imaginário é muito rico e leva-nos até onde a imaginação é capaz...
ResponderEliminarUm beijo.
Do tempo dos nossos avós. Esses tempos maravilhosos ao lume do sobrenatural :)
ResponderEliminarAbraços!
Estórias de bruxedos e magia perto da lareira no país profundo.
ResponderEliminarBoa semana
Um texto... com uma aura mística...
ResponderEliminarHistórias... lendas... sem elas perder-se-ia tanto da sabedoria popular... e através delas, perdura sempre a duvida... realidade passada ou fantasiada?...
Gostei imenso do texto... que nos abre os portais do tempo... para histórias de outro tempo... em que o tempo, trazia com ele... mais encantamento...
Abraço! Boa semana!
Ana
Nada a acrescentar ao que foi publicado pelos "gostos" anteriores - acrescento o meu, parabéns.
ResponderEliminarOi, A. C....a vida precisa da magia e do encantamento para se tornar mais instigante...lembrei-me do meu pai contando histórias de quando ele era menino, sentados á beira do fogão de lenha, a família reunida nas noites frias ouvindo histórias insólitas, de fantasmas e duendes que por sua vez já vinham de outras eras...
ResponderEliminarum abraço
Um texto que me remete para a infância, para as histórias contadas nesse tempo em que não havia TV, e as noites eram passadas a ouvir histórias.
ResponderEliminarUm abraço
Quando uma pintura desperta esta magia de palavras surge um encantamento que nos remete para os contos de mistério.
ResponderEliminarBeleza pura!
Um beijinho
Fê
Não é sensato que venhamos dizer que o progresso nao tem sido bom. Ainda vivi emtempos em que não havia electricidade na aldeia onde nasci e não era nada agradável, tenho belas recordações desses tempos, pois apesar de tudo a nossa humilde casinha era confortável, e lá estava a lareira para a tornar mais aconchegante, À volta dela passámos bons momentos, mesmo em se tratando de uma familia pequena.mas unida. Nao costumo visitar este teu blog, mas vou começar a faze-lo. Gostei muito do texto. Um beiinho
ResponderEliminarEmilia
A certeza da dança das cumplicidades, e o mistério denso que as rege.
ResponderEliminarUm belíssimo texto, com sempre, AC.
xx
Uma forma encantadora de aludir a outros tempos...hoje, as pessoas revestem-se em blocos de cimento e até se esquecem dos mistérios da lua, do sol, do vento, do mar ... e as janelas não dão para a rua!
ResponderEliminarBeijo encantado com a tua prosa poética e sempre renovada!
PN