.
.
.
Fotografia de AC
..
Bates-me à porta, sem pedir licença, como se tudo estivesse acordado desde os primórdios.
Vens bordar o apogeu das coisas, recordar que a beleza, para lá da interioridade, é definitivamente efémera. Concedes umas pausas, dizes tu, como que a alertar que a eternidade poderá existir num só olhar, desde que focado na essência das coisas. Esqueces, no entanto, que muita gente já nem sequer olha, apenas tenta sobreviver.
Teimas em bater-me à porta sem pedir licença, serás sempre bem-vindo. Mas, tempo, sabes, às vezes apetece-me escorraçar-te como se do pior vilão se tratasse. Bem sei que a culpa da cegueira que por aí grassa não é tua. Nós, humanos, eternamente rendidos à tentação do poder, é que temos a tendência, para não encarar as coisas de frente, a entregar as rédeas ao destino. Talvez seja defeito de fabrico, talvez seja medo da clareza e da lucidez, talvez seja apenas um ciclo, confesso que não sei. Sinto é que a ignorância e o medo tendem a caminhar, cada vez mais, de mãos dadas, abrindo caminho ao evento de monstros redentores.
Desculpa o desabafo, bem sei que a culpa não morreu solteira. Agora, já mais calmo, e se me permites, preciso respirar: vou tentar prosseguir o exercício de interiorizar a beleza, de forma natural, que emana das pequenas coisas.
..
Tu, AC, e todos os que vêem para além do que se perfila na frente do nariz, acabam por se render e deixar seduzir pela beleza das pequenas coisas. As palpáveis, as têm nome, as que nos fascinam, por virem sempre, mais cedo ou mais tarde, e que, afinal, são essas que nos dão cor à vida.
ResponderEliminarEspera um pouco mais, em breve, bater-te-á à porta, algo que vai bater leve, levemente, como quem chama por ti...:)
Um beijinho grande, AC. :)
Descansa, hoje não te irei visitar
ResponderEliminarAcedo ao teu pedido...
Dá-me depois conta do teu exercício
conta-me do teu respirar
Muito além de todos os muros mora a essência. AC bem sabe sorver dessa beleza infinita! Se existem intrusos estão sempre lá por algum motivo, as vezes é bom investigar porque raios nos incomodam tanto. A teia da vida nos dá sinais claros através daquilo que nos apresenta. É preciso ficar atento. Sempre bom te ler. Beijos
ResponderEliminarHá quem olhe e há quem vá para além do olhar e consiga observar.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Os altos e baixos da vida que nos fazem parar e ou seguir em frente e não consigo dizer mais nada, excepto que gostei imenso porque bateu no fundo..
ResponderEliminarUm enorme abraço
Passei pelo teu cantinho se abre em jeito confessional. Na verdade, o fragaredo por vezes aperta e outras é rampa de lançamento. E quando voas é natural que roces as asas.
ResponderEliminarPor mim, gosto muito do teu voo.
Beijinho, AC.
Também lhe bato à porta para "tentar prosseguir o exercício de interiorizar a beleza, de forma natural, que emana das pequenas coisas."
ResponderEliminarMagnífico!
Uma boa semana.
Um beijo.
Medo e ignorância na mesma equação costuma dar m***** ou, em alguns casos, episódios horrorosos de intolerância, racismo, discriminação, etc, etc. Apreciar as belezas simples da vida parece-me melhor caminho.
ResponderEliminarAbraço
Ruthia
No Outono há folhas que se levantam do chão
ResponderEliminarAbraço
Hoje em dia, a humanidade vive a correr. Quase não tem tempo para respirar, quanto mais para observar toda a beleza que a rodeia.
ResponderEliminarE pensar, AC, rouba tempo e cansa o cérebro de quem se quer com o máximo de tempo para se exibir nas redes sociais. Pode-se ignorar tudo, menos o número de seguidores, que todos os humanos deliram em se sentirem "importantes" mesmo que seja só através do número de seguidores. Hoje acordei um bocado cínica, desculpe.
Abraço
Prosa poética que dispensa subterfúgios, adornos. Sem contornos floridos, "tudo" ficou dito. Parabéns, AC.
ResponderEliminarO tempo, sem dono, bate-nos à porta a hora incerta, e a gente na eterna ilusão cuidando iludi-lo, como aprendizes de feiticeiro.
Dou conta que apesar de andar, fazer malabarismos, permaneço no mesmo lugar.
Melhor será pousar as argolas e as bolas e aprender a pensar com o olhar.
Abraço de saúde.
É a simplicidade das pequenas coisas... que mais nos aproxima da verdadeira dimensão do tempo... a eternidade... e que nos permite, parar para respirar...
ResponderEliminarMais um texto, absolutamente excepcional, AC! Parabéns!
Beijinho
Ana
Adorei a foto e o poema.
ResponderEliminarTive saudades e regressei.
Não podia deixar de lhe vir desejar um Feliz Ano Novo.
Beijinhos