terça-feira, 8 de setembro de 2020

ELAS

.
Margarida Cepêda, A forma é o invólucro da pulsação
.
.
Começaram por, sendo muito, ser pouco mais que nada.
Resistiram como rocha para lá de tântrica, indestrutível na resiliência, intuindo sempre a melhor saída para contornar a força máscula.
Foram, a pouco e pouco, ganhando espaço, principalmente em meios onde se cultivava a lucidez, a inteligência e o bom senso, para o qual investiram de forma discreta. Continuavam a ser olhadas como acessórios, mas começavam a fazer sentir a sua voz. E, aproveitando uma aberta aqui, outra ali, começaram a votar, a frequentar universidades, a escalar cargos de responsabilidade, provocando ondas de choque que abalaram ideias feitas.
Hoje, libertas de amarras, elas chegam-se à frente no assumir dos novos desafios globais e, apesar das resistências, começam a rir-se das competências dos seus comparsas do género oposto, eternos meninos mascarados de guerreiros, à boleia duma condescendência de séculos.
Eles, em momentos de desafio, costumam encher o peito, como se a honra se medisse em testosterona, mas já há muito, de forma subtil, que perderam o confronto. Desta forma, jamais jantarão o coração delas.
.
É urgente outra via, eu sei. Eles que cresçam e... talvez se almocem e se jantem mutuamente. O mundo agradece.
.
.

12 comentários:

  1. É urgente mesmo que cresçam, que se almocem e se jantem, sem que percam, uns e outros, a essência da diferença na igualdade.

    Boa tarde, sô AC

    ResponderEliminar
  2. A igualdade já deveria ter sido há muito reconhecida. E as diferenças também. Mas não acontecerá nos tempos mais próximos. Pessoalmente, não me queixo.

    Já foi o tempo em eu conseguia ficar na posição halasana, embora incompleta. Hoje prefiro a posição àrvore. :))

    ResponderEliminar
  3. ... é que "quem não avança, recua"!

    Beijos.

    ResponderEliminar
  4. Espera-se apenas justiça e a igualdade, para o que se quer ser, para o que não se quer, e para o direito à participação equitativa nas decisões. Para bem da humanidade, é claro.
    Um abraço, tenha um ótimo restante de semana!

    ResponderEliminar
  5. A maior parte dos colegas de trabalho, incluindo a chefia, são mulheres.
    E é bestial!
    Aquele abraço

    ResponderEliminar
  6. E muitas vezes tudo acontece à revelia dos pais que deveriam ser educadores a 100% mas muitos delegam numa figura crucial e milenar: os professores. Até nestes há o Muito bom, bom, mau e péssimo.

    Igualdade em tudo é uma mera miragem e antes não fosse...mas mesmo assim já evoluímos qualquer coisa.

    Beijos

    ResponderEliminar
  7. Gostei para lá de muito deste seu olhar sobre a "emancipação" da Mulher. Gostei em particular da imagem poética final, agrada-me a ideia do festim 😏.
    Fica um beijinho.

    ResponderEliminar
  8. Já se evoluiu bastante, mas queremos mais. Quando olhamos para a situação das mulheres em alguns países, achamos que bons ventos nos trouxeram aqui. É mesmo uma questão cultural.
    O meu aplauso, AC.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  9. Maravilhosa reflexão AC sobre a força das mulheres. Ainda falta muito, mas estamos neste caminho e o homem tem o papel de apoiar, motivar, ser agente dessa mudança de consciência também em conjunto. Um beijo.

    ResponderEliminar
  10. Que beleza! Difíceis conquistas e um horizonte ainda longínquo para se alcançar, se pensarmos nas muitas que ainda não conseguiram espaço para caminhar.

    ResponderEliminar
  11. Bem me parecia que no outro dia, não tinha comentado tudo... é no que dá andar às pressas, por entre os intervalos da disponibilidade...
    Adorei o texto!... Elas... já conquistaram muita coisa... mas muito continua ainda por conquistar... pois ainda há que derrubar muitos preconceitos, descriminação, desigualdades... e humilhação em determinados ambientes... em que escolhas, se tornam necessárias... por vezes entre o amor próprio, e a sobrevivência...
    Beijinho!
    Ana

    ResponderEliminar