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AC, Em busca dos tímidos ouriços
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Passeavas, lentamente, no caminho que levava aos castanheiros, como que a querer absorver a despedida das folhas que enfeitavam o chão.
Quando chegaste, um ou outro ouriço ainda se apegava à árvore, qual ave com receio do primeiro voo, mas a maioria fazia companhia às folhas, enriquecendo, com novas formas, o tapete que se ia formando.
Deste folga aos passos, enquanto te concentravas, sem a mordaça do tempo, no mosaico outonal. E, quase sem te dares conta, começaste a tecer considerações acerca dos espinhos, qual antecâmara antes de se aceder ao fruto, acabando por embalar na vereda que te sussurrava que, sem esforço, não há recompensa. Por momentos, se tivesses a viola por perto, ousarias dedilhar, de improviso, uma qualquer melodia. Mas não tinhas. Sem alardes, sentiste a canção em ti, sorriste, e começaste a apanhar as castanhas. Por perto, aproveitando um raio de sol, a passarada tecia loas à vida. Talvez a verdadeira canção.
À noite, numa roda de amigos, com as castanhas como fonte de partilha, embaladas em acordes de jeropiga, a canção possível acabou por surgir. Naquele momento, tão nosso, com um piscar de olho à vida, éramos nós a passarada.
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Até com castanhas e jeropiga a poesia voa e saltita, qual bola colorida.
ResponderEliminarTambém senti alguma poesia no sabor das minhas, cozidas, comidas e empurradas pela quente jeripiga, quentinhas e boas... :-)
Um abraço, AC!
Meu pai amava as castanhas que, no Brasil, são ditas "portuguesas". Boas recordações de castanhas à mesa e conversas que jamais voltarão.
ResponderEliminarUm abraço, tenha um ótimo restante de semana.
Ainda, quiçá sempre, será a simplicidade a mola para o retorno às origens, aos sorrisos fáceis, às mãos que se dão na entreajuda, à oferta com os olhos em festa de um copo de água, de uma castanha assada.
ResponderEliminarGosto tanto de o ler :)
Boa noite, sô AC
A melodia ficou no ar, enquanto segui seus passos e seus pensamentos. Que belo texto! Abraço.
ResponderEliminarA verdadeira canção e que conta. S. Martinho lembrou-se de deixar no calendário a feste da castanha. E que bem a aproveitaste!
ResponderEliminarBeijo, AC. :)
Mesmo em Macau a tradição ainda é o que era.
ResponderEliminarAquele abraço, bfds
Aproveitar as pequenas coisas da vida é o caminho acessível a todos, mas nem todos o sabem fazer. Magnífico!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Haja castanhas
ResponderEliminarque os pássaros ajudam
Abraço
Oi, A.C. as castanhas portuguesas, a jeropiga, a roda de amigos, a conversa franca, amizade compartilhada, os risos, os possíveis cantos, as saudades... a felicidade é possível!
ResponderEliminarUm abraço
Apreciável texto de prosa poética, que bem se enquadra na época que passa.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
Ah que lindo, que belo texto poético, meu amigo.
ResponderEliminarBeijo
As coisas simples da vida. As castanhas e a jeropiga. A música que só aguardava um piscar de olho para se soltar. Tão belo, o texto.
ResponderEliminarCuide-se bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Às vezes conseguimos voar, e é tão bom!
ResponderEliminar~CC~
Olá, tudo bem? Sou a Andréia Inoue e escrevo principalmente sobre exposições e peças teatrais. Novos amigos são bem vindos, quero conhecer o seu conteúdo e te convidar para seguir o meu Blogger.
ResponderEliminarhttps://andreia-inoue.blogspot.com
Poeta ,
ResponderEliminarMaravilhosa melodia junto aos amigos .
Um bem querer que salta aos olhos .
Beijos
Passeavas, lentamente, no caminho que levava aos castanheiros... este começo, fez-me sentir em casa. Moro mesmo em frente a um lugar que se designa por Castanheiros... :-)) Que também dá nome a uma Fonte... ou não fosse esta, a terra das fontes...
ResponderEliminarApenas não temos acesso às castanhas... por ser um espaço público, murado e fechado... onde os castanheiros se misturam com palmeiras e plátanos... de uma altura... impensável!...
E falando em castanhas... estão umas quantas ao lume, no momento, para mais daqui a bocado!... :-))
Adorei este post, com um sabor muito especial! A passarada... por aqui, também se arranja... de dia rolas, pardais e melros... à noite corujas, como som ambiente!...
Um grande abraço!
Ana