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Margarida Cepêda, Amizade
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Eram tempos em que a dúvida pairava, em demasia, propícios à sementeira de neblinas, com os instintos básicos, naturalmente, a irromper como cogumelos em terreno propício. Os deuses pareciam estar zangados em versão superlativa.
Ela, como era habitual nos últimos tempos, acordou sobressaltada. Naquele dia, porém, sem saber bem porquê, sentiu-se impelida a visitar o jardim, outrora colorido sob o olhar atento dos jardineiros, que eram todos, mas agora a viver na penumbra. Desceu as velhas escadas de granito, afastou algumas ervas que, entretanto, foram crescendo com carta de alforria, contornou o tanque e seguiu o caminho das árvores centenárias, que continuavam, indiferentes a tudo, com um porte digno.
A falta de luz continuava a incomodá-la, apesar de alguma tranquilidade que, contrariando o cenário, emanava das grandes árvores. Aproximou-se mais. Os grandes ramos envolviam toda a área circundante, qual eterno abrigo para qualquer tempestade. Mas a luz, que ali só costumava deixar reflexos, bordados pelo intervalo das folhas, continuava ausente, como se algo estivesse doente, em completo declínio, a carecer dos maiores cuidados. E foi então que...
Um inesperado canto irrompeu pelo jardim. Abismada, tentou descortinar a procedência daquela espécie de luz, em versão emotiva, que a deixara tão empolgada. Espreitou por entre os ramos, atenta ao mais ínfimo pormenor, mas nada descortinava. Chegou-se mais à frente, andou para o lado, recuou, percorreu todos os pontos cardeais em busca da melodia. E só quando, já cansada, se sentou no banco que ladeava a enorme tília, sentiu a melodia que de si emanava. Tinha percebido, finalmente, que o canto vinha do mais fundo de si, tal a vontade de agarrar a vida.
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Contornar o fel para descobrir o mel é uma arte que não está ao alcance de todos, mas há que tentar, tentar sempre.
ResponderEliminarO quadro é lindíssimo.
Bom entardecer.
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Texto que exala poesia. Musica do fundo de nós é um verso lindo. Gostei muito de ler. A foto/imagem é sublime.
ResponderEliminar.
Votos de um feliz fim de semana
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Estes tempos de neblinas
ResponderEliminarSão tempos sem tempo ter
Para poder conhecer
Nem mesmo as nossas rotinas.
Até aves pequeninas
Pousadas nos altos ramos
São mulheres que as olhamos
De baixo e enxergamos elas
Em aves-seres, paralelas
Ao tempo em que nos estamos.
Abraço fraterno. Laerte.
Gostei bastante de ler! Obrigada pela partilha :) 🌹💙
ResponderEliminar-
As cartas escritas com nostalgia ...
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Um excelente fim de semana - Beijos
Todo este seu texto é uma melodia, AC.
ResponderEliminarSaibamos retirar dele, todo o mel que nos oferece.
Um grande abraço !
Só uma palavra define este post: belo. Do princípio o fim.
ResponderEliminarUma inspiração, esse seu texto, AC.
ResponderEliminar:)
Canto de sereia nas árvores.
ResponderEliminarAbraço, boa semana
A minha primeira leitura da manhã. Magnífica, devo dizer.
ResponderEliminarA luz veio de dentro para poder apreciar o dom da vida. Por vezes a natureza abre maravilhosas melodias e ajuda a ouvi-las.
Um beijo.
E quantos e quantas andam tão perdidos que não ouvem o seu canto interior e nem se quer se esforçam e até se esquecem dos amigos.
ResponderEliminarGostei muito mas desculpa amigo não gostei do quadro.
Beijocas e um bom dia
Quero sentar-me nesse banco que ladeia a enorme tília para ouvir alguma melodia do coração tão silencioso às vezes. Que gosto ler o que escreve.
ResponderEliminarCuide-se bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Reinstalado o firefox, parece que resultou e tenho de novo identidade :)
ResponderEliminar,
Dizem, que não há mal que sempre dure, e que um dia o breu se transforma em luz, ou em canto.
Bom dia, sô AC
Pintor consagrado de palavras e sentires. É, sempre, um gosto admirar-lhe as telas escritas.
AC
ResponderEliminarTão bonito isso que escreveu.
A imagem está em completa sintonia com o texto.
Gostei bastante.
Tenha uma semana abençoada com muita tranquilidade e saúde.
O resto vem por acréscimo.
Beijo
:)
Bonita imagem e interessante texto.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
O fardo mais leve mais claro o caminho.
ResponderEliminarUm abraço, caro AC
Gostei do texto. A natureza descontrai-nos e a emoção que provoca favorece a imersão de criativas manifestações.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
o mais belo dos cantos é o que vem do coração e ilumina o recôndito de nossa alma. Lindo texto poético!
ResponderEliminarUm abraço
Que belo canto de ave, que belo conto de árvore.
ResponderEliminarDe facto... é o nosso estado de espírito, que no limite, define os nossos dias...
ResponderEliminarVerdadeiramente inspiradora, esta poética melodia... que nos convida a estarmos bem mais atentos... a nós mesmos... para não nos passarem despercebidos tantos dias!...
Adorei cada palavra, AC! Beijinhos
Ana
Na verdade só se ouviu o que havia em si.
ResponderEliminarA tonalidade mais intimista
em cada um de nós
sem acidentes
natural
Poesia encantada
sob a tília
Abraço.