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AC, Alperces (damascos)
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Manhã cedo. Após pequeno almoço substancial, obrigatório para quem respira e cultiva estes ares, há que fazer uma ronda obrigatória na horta, poema sempre presente, antes que o sol afaste qualquer ser vivo. Já se consomem alfaces, os alperces estão no ponto, as cerejas já se despedem, as cebolas estão bem, muito obrigado, as couves lombardas crescem que é um regalo, os tomateiros estão plenos de flor...
Por perto, na perspectiva do hortelão, e de forma muito discreta, uma lesma namora as alfaces, em busca de manjar, mas não é o fim do mundo. Muito pelo contrário. Numa horta sem químicos - tal como as fotografias no blogue, sem corantes nem aditivos - em que qualquer ser a sente como sua, há sempre lugar para todos. Em equilíbrio, note-se, que as lesmas, caracóis e outros que tais, têm muito que comer nas ervas circundantes.
O tempo vai passando e, em crescendo, o calor começa a dardejar, qual sinal para o recolhimento. Até para as formigas. Lá mais para a tarde, quando a o astro começar a ceder, a passarada voltará a fazer-se notar. E, bem mais acima, fora do alcance do olhar das potenciais presas, as aves de rapina voltarão a povoar os céus, no seu planar constante, apenas ultrapassadas, em altitude, pelo rasto efémero da passagem dos aviões. As cegonhas, bem mais circunscritas, limitar-se-ão a um voo directo, bem menos sofisticado: ninho-alimento-ninho. É quanto lhes basta.
Entretanto, e para que conste, o rouxinol continua por aí, animando, e de que maneira, as noites quentes dum pré-anúncio estival. Nem a pandemia, pasme-se, consegue anular estes concertos, qual sonho duma noite de verão, em versão muito arredada de Shakespeare, para ouvinte privilegiado.
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Muito bem. Nada como ter uma horta cheia de tudo o que nos é útil diariamente! :)
ResponderEliminar-
Já me cruzei num tempo orvalhado
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Um excelente(feriado) dia de Portugal
Beijos
Bela foto. Cuidar da nossa hortinha, imagino eu, ser divino. Adoro o cantar do rouxinol.
ResponderEliminar.
Tenha um dia (feriado em Portugal) muito feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Que delícia de texto...Adorei e achei o máximo a lesma namorando a alface...Só tu mesmo! perfeito e elas devem mesmo ficar só na espera,rs...Muito bom! abração, chica
ResponderEliminarHaha, já ia perguntar pelo rouxinol. Há alguns dias, olhando desde a varanda, observava o lago e, à distância, o "centro do poder político" em Brasília. Foi aí que uma ideia me ocorreu: se eu não soubesse que a pandemia anda rugindo lá fora, nada, mas nada mesmo, me feria pensar nela, apenas considerando os passarinhos que continuam a cantar, a nova ninhada de corujas, o céu tão azul como sempre, as garças e o martim-pescador à procura de peixes. Eles não sabem nada sobre COVID. Sorte deles, estão felizes, como devem andar os mais seres vivos mundo afora, como os que estão aí, ao seu redor.
ResponderEliminarPode-se ouvir daqui a música deste concerto. Nada ficou de fora. Acordes perfeitos na horta... É um privilégio ler-te!
ResponderEliminarUm abraço, caro AC
Rotinas sadias, cheias de cor, poesia e substância.
ResponderEliminarO rouxinol fez aí morada, para seu e nosso deleite :)
Um beijinho
Um lugar aprazível que dispõe de belezas que só a natureza pode oferecer. Estive por aí e a tudo observei. Obrigada!
ResponderEliminarUm abraço
E o ninho que os passarinhos estão a construir na minha varanda está cada vez maior.
ResponderEliminarUm abraço, bfds
Nem vou dizer nada, fico por aqui a ouvir o rouxinol. Shiiiiiiiiiiiiiu
ResponderEliminarBoa tarde, sô AC
Senti-me em tua casa como se tivesses a falar/passear comigo...e soube-me tão bem porque adoro hortas/pássaros e natureza circundante. Para inferno já basta onde moro...quantos despejados de Lisboa vieram parar aqui já para não falar em apartamentos alugados a uma família e juntam-se mais duas ou três porque admiro e muito a solidariedade.
ResponderEliminarFoi um enorme prazer vir aqui e desejo-ta um bom fim de semana extensível aos teus e sobretudo ao Miguel pois claro:)))
Essa encantadora horta tinha de ter um rouxinol. Eu tinha um melro no quintal, mas deixou-me. Nem imaginas as saudades que sinto à hora do café. Era, realmente, um privilégio.
ResponderEliminarGosto de saber como vai a tua horta, suco a suco. Até me apetece fazer um assalto aos alperces. :)
Beijinhos, AC.
Tua horta sem rouxinol
ResponderEliminarComo diz Teresa Almeida
Se parece a uma Eneida
De Virgílio que em prol
Da saúde, pões num rol
O que precisas plantar
Para colher. No pomar
Tens teu fruto.
E senhora absoluto
Colhes teus peixes do mar.
Bon appetit! Abraço fraterno. Laerte.
Posso imaginar como é viver assim, a fazer do campo o lugar de um maravilhamento diário. A horta, os frutos, os legumes, os bichos, tudo natural e simples, como simples são todas as coisas que valem a pena. Ouve-se também por aqui o rouxinol. Que gosto ler o que escreve.
ResponderEliminarCuide-se bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Maravilhosa, esta incursão, pelos ares, aí das suas poéticas serras, AC!
ResponderEliminarSaio sempre daqui a respirar melhor... com estes ares saudáveis, do campo, que emanam das suas palavras, AC... e que tanta paz de espírito nos transmitem!...
Beijinho! Feliz fim de semana!
Ana
Rotinas são os caminhos feitos em harmonia
ResponderEliminarsem contrariar o tempo e o espaço, nossos
mas que não o são.
Quem tem mais direito de fruir do tempo e do espaço,
eu ou os bichos? Cada um no seu lugar, somos todos iguais.
Não é preciso andarem a alucinar gente com Marte.
Abraço, caro AC.