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AC, Fachada do antigo Hospital do Espírito Santo, em Borba
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Por entre uma história de corrupios e arrepios, desavenças e avenças, com muita insegurança de permeio, assim se cultivou um povo sobrevivente, de parcas e tímidas posses, mas que soube encontrar, na sua resiliência, a forma de escapar a um trágico destino. Muitos emigraram, povoando os dormitórios da capital, outros ficaram, cultivando um lamento muito próprio, em tom dolente, mas sempre com um sorriso muito próprio à espreita de assomar na primeira oportunidade. E, quando se conseguem libertar da canga, bebem, cantam, confraternizam, ironizam...
Em Borba, para lá das pedreiras e do vinho, a sua maior riqueza, há todo um manancial de culturas entre-cruzadas de conquistadores e conquistados, de sobreviventes e assimilados. E, por entre as fachadas de mármore, material só acessível a quem estava de bem com Deus e o Diabo, o casario humilde, sem pretensões, acabava por agradar a todos: a uns, porque dispunham de mão-de-obra barata e sempre disponível; a outros porque, apesar de tudo, acabavam por usfruir dum tecto para abrigar os seus. Tudo isto à sombra dum castelo, obrigatório em terras tão inseguras, e do qual já pouco resta.
Entre diferenças - sempre presentes, tal era o abismo - o engenho acabou por moldar a arte. A escassez da maioria, herança acumulada de séculos, deu azo a criatividades várias, com o campo, fora da supervisão dos poderosos, a contribuir com coentros, orégãos, poejos, hortelã, alecrim, louro e outros que tais, dando forma, consistência e sabor, a um considerável número de pratos tradicionais que muito orgulham os residentes, apesar de pouco, ou nada, se passar da cepa torta: ontem para comer, sobrevivendo, hoje para vender, continuando a sentir, no âmago, ainda e sempre, o sentido do verbo sobreviver.
O Alentejo, por mais voltas e contra-voltas que dê, nunca deixa de me encantar. As suas gentes, moldadas na herança de mil e um povos que calcorrearam o território, com um toque q.b. das planícies solarengas, com um olhar sempre projectado, inconscientemente, no horizonte, são uma espécie única. Para melhor.
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AC, eu, pastora da ansiedade e da saudade das planícies em flor... por entre as lágrimas que me escorrem pelas faces, não posso deixar de dizer-te:
ResponderEliminarMuito Obrigada!
Adoro ouvir António Zambujo neste vídeo.
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Conheço muito bem Borba e fizeste uma narrativa dos alentejanos que subscrevo inteiramente. Adorei o vídeo.
ResponderEliminarBeijos e um bom domingo
Ainda tenho tanto Alentejo por descobrir. :)
ResponderEliminarMuito bom. Adorei a publicação :)
ResponderEliminar.
Emoções esvoaçando no areal...
Beijos. Boa noite!
Também sou fã do Alentejo.
ResponderEliminarNos seus muitos contrastes.
Abraço, boa semana
Também gosto muito do Alentejo que conheço em parte. Gostei do que escreveu sobre Borba, com uma escrita que não deixou de me encantar, como sempre...
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
AC
ResponderEliminareu também adoro o Alentejo, e também gosto bastante do Zambujo.
gostei da crónica.
boa semana com saúde e paz.
beijo
:)
Adorei respirar estes ares da planície alentejana, sempre resiliente, produtiva e esperançosa... em palavras, imagem e escolha musical!
ResponderEliminarBeijinhos
Ana