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Margarida Cepêda, As nossas teias
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Há um tempo de frenesim na vida, no nosso crescimento, como se as coisas nos escapassem por entre os dedos, fugindo à vontade de mudar o mundo a nosso jeito. Mas, plenos de energia, continuamos.
Entretanto, noutras latitudes, as pessoas apenas lutam para sobreviver.
Há um tempo duma suposta estabilidade na vida, em que, a pretexto de salvaguardarmos os nossos, começamos a ser condescendentes. Mas os bens materiais são o perfeito antídoto para anestesiar a consciência.
Entretanto, noutras latitudes, as pessoas, com alguma ajuda, apenas lutam para sobreviver.
Há um tempo em que, por mais que nos custe, começamos a envelhecer. Mas socorremo-nos de todos os artifícios para adiar o inevitável.
Entretanto, noutras latitudes, as pessoas continuam a lutar, com alguma ajuda, para sobreviver.
Há um tempo em que, por fim, nada mais há para adiar. E só nessa altura, sem nada para subornar a ceifeira, temos a plena consciência da nossa condição.
Entretanto, noutras latitudes, há muito que os contemporâneos de nascimento foram tragados pelo inevitável. Mas, felizmente, com maior ou menor ajuda, os que restam continuam a lutar para sobreviver.
Haverá um tempo em que, para lá do tempo que foi, apenas restará a lição. Só então, por mais que doa, se evitará a contra-mão.
Entretanto...
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as pessoas continuam a lutar, com alguma ajuda, para sobreviver.
ResponderEliminarBoa tarde de sábado, AC!
Assim estamos os que ainda vivem ou sobrevivem.
Com alguma ajuda que sempre temos.
Assim é a vida.
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos
É de verdade uma teia e suas armadilhas .
ResponderEliminarSerá destino as 'outras latitudes' ou tragadas pelo berço à condição de sobrevivente ?... não sabemos! e continuamos a dormir felizes com a nossa condição.. 'Entretanto'...
_ gosto desse advérbio ou seria uma conjunção ? enfim, excelente texto , reflexão para um domingo de inverno onde me espera uma cama limpinha ,aconchegante ... e outros sem agasalhos nas frias calçadas .
E aí AC ,dorme com esse barulho ... é como diz , 'por mais que se doa' ... três pontinhos e nenhuma solução. Até teria, se o mundo vasto mundo ... não fosse tão sedutor !
Beijinhos Ac e bom domingo
Boa homenagem (inadvertida?)
ResponderEliminarà partida de Pedro Gonçalves...
(era a alma do grupo)
Bom dia: - Há tempo para tudo. Basta saber viver esse tempo
ResponderEliminar.
Cumprimentos e um domingo feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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O mundo sempre, mas sempre girou nessa lógica:
ResponderEliminar"Entretanto, noutras latitudes, as pessoas continuam a lutar, com alguma ajuda, para sobreviver." onde estive mergulhada e que me fez ser mais solidaria e muito pouco critica.
Por cá rebenta a bomba e é uma solidariedade porque são mesmo solidários, mas outros até nisso e sem necessidade aproveitam-se e de que maneira.
Há gente que nasce, cresce, vive e morre debaixo da poeira e muitos rodeados de grandes fortunas no mais e mais e sobretudo cometendo genocídios!
Gostei da homenagem para quem mais sofre no mundo!
Beijos e um bom domingo
O mundo que tem essa mania de não esperar por nós.
ResponderEliminarAbraço, boa semana
Nesta teia que é a vida, em que todos os dias tentamos que a vida corra a nosso favor, há pessoas em diversas latitudes que sofrem, que esperam e desesperam e tentam sobreviver a toda a hostilidade que as rodeia. E morrem sem saber o motivo... Excelente texto.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Lutas muito diferentes...e ainda assim, profundamente humanas.
ResponderEliminarSeus "entretantos" são abrangentes e reflexivos. Há muito mais que dois lados e você explorou o nosso frente aos demais. A busca pela sobrevivência impera em todos os lugares e, em alguns deles, o fim se aproxima de forma mais rápida, apesar dos olhares de indignação. Um ótimo texto! Abraço.
ResponderEliminarUm belo texto que encerra uma profunda reflexão sobre o sentido da vida - pessoal e colectiva. Admirável!
ResponderEliminarSaudades daqui. Estou a passar pela turbulência de a "ceifeira" me ter levado, há três meses, a minha mãe.
Abraço
Cada tempo, seu tempo...Profunda leitura nos proporciona. Adorei!
ResponderEliminarAcaba de entrar céu teu por lá! Obrigadão! abraços, chica
As teias do tempo e da vida que se reflectem em nós... e só por mero acaso do destino... não estamos na lista dos que lutam mais desesperadamente para sobreviver. Acredito que nascer em determinados países... será logo uma sentença disso mesmo... uma luta para sobreviver... a cada dia!
ResponderEliminarGostei imenso do texto, que estabeleceu um contraste perfeito, entre quem vai tendo opções de vida... e quem tem as suas bastante mais limitadas... por via das tais... impiedosas latitudes!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana
Olá AC.
ResponderEliminarUm texto profundo, que tão bem retrata o curso da vida.
Algumas vezes dei comigo a pensar, como seria a minha vida se tivesse nascido em certas latitudes.
Para muitos, a vida é uma luta constante
Brisas doces **
Voltei só para dizer que adorei a música, não conhecia.
ResponderEliminarFica muito bem com Entretanto.
brisas doces *